4- O Jogo de Freya

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Capítulo 4: O Jogo de Freya

Freya caminhava pelos jardins do castelo, sentindo o frescor da noite acariciar sua pele enquanto suas botas afundavam suavemente na grama úmida. O ar estava carregado de perfume de flores noturnas, e ela sorria sozinha, lembrando do beijo que havia compartilhado com Aveline na noite anterior. Era um jogo perigoso, sim, mas Freya sempre gostou de viver nas margens do risco.

Desde o momento em que conheceu Aveline, algo nela chamou sua atenção. A rainha era linda, claro, com sua postura altiva e olhos que pareciam carregar o peso de mil batalhas silenciosas. Mas não era só isso. Aveline era uma mulher aprisionada pelas expectativas e responsabilidades, e Freya enxergava nela algo que poucos viam: um espírito reprimido, ansiando por liberdade. E talvez, apenas talvez, Freya fosse a chave para abrir essa prisão.

Freya nunca se importou muito com as convenções. Ser a irmã mais nova de Aldric, o príncipe perfeito, sempre lhe deu uma certa liberdade, uma invisibilidade confortável. Ela nunca precisou lidar com o peso das expectativas reais, e por isso, aprendeu a saborear a vida em suas nuances mais sutis, a viver para o prazer do momento, sem se prender ao que os outros esperavam dela. Mas algo em Aveline a fez querer mais. Não era apenas atração física; era o desafio. Era o desejo de ver até onde poderia levar a rainha além das correntes invisíveis que a mantinham tão séria, tão rígida.

Quando Freya mandou o bilhete pedindo que Aveline a encontrasse à meia-noite, sabia que estava jogando com fogo. A rainha era uma mulher controlada, acostumada a fazer o que era certo. Mas Freya tinha visto aquela faísca nos olhos de Aveline, e sabia que, por trás de toda a disciplina, havia um desejo latente, esperando para ser liberado.

Ela havia sentido isso no beijo. A maneira como Aveline a puxou, como seus lábios a procuraram com tanta necessidade… aquilo foi mais do que um simples momento de fraqueza. Foi um rompimento. Aveline estava quebrando suas próprias regras, e Freya estava mais do que disposta a ajudá-la a destruir todas elas.

— Eu sabia que você não resistiria — murmurou para si mesma, com um sorriso travesso.

Ainda assim, por trás de toda a confiança e ousadia, Freya sabia que o jogo que estava jogando era perigoso. Não por si mesma – ela sempre encontrava uma maneira de escapar das consequências –, mas por Aveline. A rainha tinha muito a perder. Um casamento arranjado com seu irmão, a paz entre dois reinos, uma coroa que pesava sobre sua cabeça todos os dias. Freya sabia que Aveline poderia se arrepender a qualquer momento, recuar e tentar esquecer o que havia acontecido. Mas também sabia que algo já havia mudado.

Enquanto caminhava até a fonte no centro do jardim, o mesmo local onde tinham se encontrado na noite anterior, Freya sentiu uma pontada de ansiedade. O que Aveline faria agora? Iria procurá-la de novo? Ou tentaria evitar tudo aquilo, se esconder no conforto do dever? Freya sabia que a rainha estava dividida, mas tinha confiança de que, com o tempo, Aveline não resistiria ao que sentia. E Freya, por sua vez, estava disposta a esperar.

— Você vai voltar — murmurou Freya, para ninguém em particular, enquanto se sentava na borda da fonte, brincando com os dedos na água fria

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora