Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e Freya

28- O Presságio de Aldric

Capítulo 28: O Presságio de Aldric

O castelo estava em um estado de euforia silenciosa, mas para Aldric, o casamento que se aproximava era um misto de expectativa e inquietação. Enquanto ele caminhava pelos corredores, sentia a pressão de seu destino se aproximando. A união com Aveline era mais do que um simples matrimônio; era uma aliança que fortaleceria seus reinos e garantiria estabilidade para todos os súditos. Ainda assim, algo dentro dele parecia deslocado, como uma sombra que ele não conseguia identificar.

A cada passo que dava, os preparativos para o casamento surgiam em sua visão. Os servos corriam para ajustar os detalhes do banquete, os soldados poliam suas armaduras para a cerimônia, e as damas de companhia de Aveline estavam ocupadas escolhendo tecidos finos e flores perfumadas. Tudo estava em seu lugar, perfeito, como ele havia imaginado. Mas, em sua mente, o que deveria ser uma celebração parecia mais uma marcha rumo ao desconhecido.

Naquela manhã, Aldric decidira visitar Aveline. Queria vê-la, conversar, tentar aliviar as tensões que sentia. À medida que se aproximava dos aposentos dela, sentiu um leve formigamento de ansiedade. Não era comum para ele ficar nervoso, mas Aveline tinha essa habilidade de desconcertá-lo. Talvez fosse seu olhar distante, o peso que parecia carregar consigo, algo que ele não conseguia penetrar.

Ele bateu à porta e esperou. A voz suave de Aveline respondeu, e ele entrou. Ela estava sentada perto da janela, olhando para o horizonte como se tentasse escapar de algum pensamento. Quando percebeu sua presença, ela virou-se lentamente, um sorriso delicado, mas forçado, formando-se em seus lábios.

— Aldric — disse ela, sua voz calma, mas distante.

— Aveline — ele respondeu, aproximando-se. — O grande dia está quase chegando.

Ela assentiu, mas Aldric percebeu que a animação que ele esperava não estava presente nos olhos dela. Algo estava errado, mas ele não sabia o que era. Ele se ajoelhou ao lado dela, pegando sua mão com delicadeza.

— Está tudo bem? — perguntou ele, procurando algum sinal de seus pensamentos.

Aveline sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos. Ela apertou a mão dele, como se tentasse se convencer de que aquilo era suficiente.

— Sim, está tudo bem. Apenas… muito a pensar — disse ela, voltando o olhar para fora da janela.

Aldric a observou em silêncio por um momento. Ele sabia que Aveline era uma mulher forte, decidida, mas também carregava segredos. Segredos que ele não conseguia desvendar, por mais que tentasse. Ele sabia que a união deles era uma questão de Estado, mas também acreditava que, com o tempo, poderia conquistar o coração dela. Afinal, ele a amava. Mas aquela distância emocional entre eles o incomodava.

— Aveline — ele começou, hesitante —, eu sei que essa união tem muito peso, que há muito em jogo. Mas quero que saiba que estou ao seu lado em tudo. Não quero que sinta que está sozinha nisso.

Ela o olhou, seu rosto suavizando um pouco.

— Eu sei, Aldric. Eu sei que você quer o melhor para nós. E… eu aprecio isso — respondeu ela, com uma ternura que o fez se sentir um pouco mais aliviado.

Mas ainda assim, algo não estava certo.

Depois de alguns momentos em silêncio, Aldric se levantou, tentando afastar as dúvidas.

— Eu vou cuidar dos últimos preparativos. Queria apenas ver como você está. Em breve, tudo estará pronto.

Aveline apenas assentiu, e Aldric se inclinou para beijar sua testa. No entanto, quando seus lábios tocaram sua pele, ele sentiu uma estranha frieza, como se houvesse uma barreira invisível entre eles.

Ao sair do quarto, Aldric sentiu o peso da incerteza cair sobre ele novamente. O casamento estava próximo, mas em vez de felicidade, ele sentia como se estivesse prestes a entrar em uma batalha silenciosa, uma em que ele não sabia quem era o inimigo.

Ele caminhou pelos corredores, os sons de celebração ao seu redor parecendo distantes, abafados. O reino estava preparado para a união, mas Aldric começava a se perguntar se Aveline estava. Ou pior, se ela realmente o queria ao seu lado.

Naquela noite, enquanto olhava para o céu estrelado da varanda de seus aposentos, Aldric refletiu sobre tudo. Ele amava Aveline. Sabia que, ao lado dela, eles poderiam conquistar o mundo. Mas ele começava a temer que o coração dela pertencesse a outro lugar, talvez a outra pessoa.

E, no fundo, essa possibilidade o assombrava.

— Eu farei o que for preciso para que sejamos felizes — murmurou Aldric para si mesmo. — Mesmo que tenha que enfrentar o que estiver entre nós.

O casamento estava vindo. E com ele, todas as respostas que ele tanto temia descobrir.