32- O Fardo da Coroa

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Capítulo 32: O Fardo da Coroa

Freya estava no alto da torre de seu castelo, olhando para o horizonte, onde o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e vermelho. O vento forte que soprava ali em cima parecia ecoar o turbilhão de pensamentos que agitavam sua mente. Desde que recebera seu próprio reino, Draven, o peso da responsabilidade parecia maior do que jamais imaginara.

Mas não era o reino que pesava tanto em seu coração, e sim Aveline. Cada passo mais perto do casamento com Aldric era como uma faca sendo cravada lentamente em seu peito. Aveline estava cada vez mais distante, mais conformada com a ideia do casamento, e Freya sentia que a estava perdendo. Sua mente voltava ao plano que traçara: depois do casamento, ela buscaria Aveline, e fugiriam juntas. Elas poderiam ter uma vida longe de tudo isso, longe das responsabilidades que as separavam.

No entanto, uma sombra pairava sobre seus planos. Elora. Freya percebia as investidas cada vez mais frequentes de Elora em seu reino, sempre tentando se aproximar, sempre buscando informações. A insistência de Elora em querer entrar em Draven, seu território, começava a parecer suspeita, e Freya sabia que não podia confiar nela. Algo estava sendo tramado, mas Elora ainda não deixara suas intenções claras.

Freya suspirou profundamente. Ela não podia permitir que Elora ou qualquer outra pessoa interferisse. Este plano era a única coisa que a mantinha focada, a única coisa que ainda lhe dava esperança de um futuro com Aveline.

— Majestade? — a voz de um de seus conselheiros a trouxe de volta à realidade.

Ela se virou, compondo a postura fria e calculista que aprendera a adotar.

— O que é?

— Uma mensagem de Elora, senhora. Ela solicita novamente uma audiência.

Freya apertou os lábios, sua expressão endurecendo. A intromissão de Elora estava ficando cada vez mais irritante.

— Diga a ela que estou indisponível. Deixe claro que Draven não está aberto a visitas por enquanto.

O conselheiro assentiu rapidamente e saiu, deixando Freya sozinha novamente. A tensão em seus ombros parecia aumentar. Ela sabia que Elora não desistiria facilmente. Aquela mulher era astuta demais para aceitar um "não" sem tentar descobrir o que estava sendo escondido.

Enquanto seus pensamentos voltavam a Aveline, Freya se permitiu um raro momento de fraqueza. Encostou-se à parede de pedra da torre e fechou os olhos. Como seria se o plano realmente desse certo? Elas duas, livres, longe das obrigações que as mantinham presas a vidas que não desejavam. O sorriso de Aveline brilhando em sua mente, seus olhos verdes iluminados pela alegria de finalmente estarem juntas.

Mas a realidade, como sempre, era muito mais cruel. O casamento estava se aproximando rapidamente, e cada dia que passava parecia mais uma sentença para Freya. Ela sabia que, por mais que seu plano fosse bem executado, sempre haveria riscos. Se Aldric ou qualquer outro descobrisse antes da hora, tudo poderia desmoronar.

Seus pensamentos foram interrompidos por outro ruído à porta.

— Majestade, uma carta de Aveline — disse o conselheiro, entregando o pergaminho selado.

Freya pegou a carta com pressa, dispensando o homem com um gesto rápido da mão. Ao desenrolar o pergaminho, o coração dela bateu mais rápido. Era uma carta simples, poucas palavras, mas a dor e a confusão de Aveline eram evidentes. Ela estava sofrendo tanto quanto Freya, perdida entre o dever e o amor.

“Eu não sei quanto tempo mais consigo manter isso. O casamento está tão perto, e eu sinto que estou traindo a mim mesma a cada dia. Mas sei que meu dever é o que deve prevalecer. Freya, eu não sei o que fazer. Tudo o que queria era fugir... mas estou presa.”

Freya sentiu um aperto no peito ao ler as palavras de Aveline. Aquilo apenas reforçava sua determinação. Ela não poderia deixar que Aveline se perdesse nessa vida. Mesmo que não pudesse revelar o plano por completo, ainda havia esperança.

Com os olhos fixos no horizonte, Freya tomou sua decisão. A fuga aconteceria, custasse o que custasse. Elas mereciam algo além de um destino traçado por outros. As peças já estavam no lugar, e ela só precisaria mover-se com precisão. Mas agora, sabia que o tempo estava se esgotando.

“Espere por mim, Aveline”, pensou Freya. “Eu não vou te perder.”

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora