6- O Peso do Desejo

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Capítulo 6: O Peso do Desejo

Aveline mal conseguia respirar quando seus lábios tocaram os de Freya pela segunda vez. Era como se o mundo ao seu redor desaparecesse, e tudo o que restava fosse o toque suave, o calor, o gosto. Sua mente gritava que aquilo era errado, que ela estava quebrando cada regra que sempre havia seguido, mas seu corpo, seu coração, não conseguiam mais resistir.

Quando finalmente se afastaram, Aveline sentiu o silêncio pesado entre elas. Freya estava tão perto que Aveline podia ouvir sua respiração leve, seu olhar intenso fixo nela. Havia algo nos olhos de Freya que a fazia sentir vulnerável, exposta, e ao mesmo tempo, mais viva do que jamais estivera. Ela se afastou levemente, lutando para recuperar o controle de si mesma, mas não conseguiu evitar o tremor em suas mãos.

— Eu não deveria ter feito isso — murmurou Aveline, sua voz falhando.

Freya, no entanto, manteve a mesma postura calma, os olhos cheios de uma confiança inabalável. — Não deveria? Ou não queria admitir que precisava? — Sua voz era baixa, cheia de certeza, e aquilo fez o coração de Aveline acelerar ainda mais.

Aveline se levantou rapidamente da poltrona, tentando colocar distância entre elas, mas a sensação da pele de Freya ainda queimava em seus lábios. Tudo estava errado. Ela era uma rainha, estava prestes a se casar com Aldric, e ali estava, entregando-se a um desejo que não poderia existir. Como ela havia permitido que as coisas chegassem a esse ponto?

— Eu... eu sou a rainha, Freya. Não posso simplesmente... seguir meus desejos. Não é assim que funciona. — Aveline tentou manter a voz firme, mas percebeu que não estava convencendo nem a si mesma.

Freya levantou-se lentamente, sem pressa, e a olhou com uma expressão que misturava desafio e compreensão. — Você pode ser rainha, mas ainda é humana. E está claro que você passou tanto tempo carregando o peso da coroa que esqueceu quem você é de verdade. — Freya deu um passo à frente, mas Aveline levantou a mão, pedindo que parasse.

— Por favor, Freya, não torne isso mais difícil do que já é. — A voz de Aveline estava à beira de um colapso emocional. Cada palavra parecia carregar o peso de anos de expectativas, obrigações e sacrifícios.

Freya parou, mas seu olhar não vacilou. — Aveline, o que você realmente quer? — perguntou ela, sua voz tão suave quanto o vento, mas com uma intensidade que perfurou a alma da rainha.

Aveline fechou os olhos, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair. O que ela realmente queria? A resposta parecia simples, mas ao mesmo tempo, impossível. Ela queria Freya. Queria sentir aquela liberdade, aquela paixão, aquele sentimento que a fazia esquecer de tudo. Mas queria também ser uma boa rainha, cumprir seu dever, manter a paz que seu casamento com Aldric prometia. Ela queria tudo, mas sabia que não podia ter ambos.

— Eu... eu não sei — sussurrou, finalmente admitindo a verdade.

Freya suspirou, mas ao invés de pressioná-la mais, apenas assentiu lentamente, como se entendesse. Ela deu mais um passo à frente e, dessa vez, Aveline não a afastou. Freya tocou seu braço com suavidade, o calor de sua pele trazendo um estranho conforto.

— Eu não estou pedindo que escolha agora — disse Freya, sua voz gentil. — Apenas quero que saiba que você não precisa enfrentar isso sozinha. Eu estou aqui. E o que quer que aconteça, seja qual for sua decisão, eu vou respeitar. Mas não negue seus sentimentos, Aveline. Você merece mais do que ser apenas o que os outros esperam de você.

Aquelas palavras penetraram fundo. Por anos, Aveline havia se definido apenas pelo seu dever, pela responsabilidade de carregar uma coroa que nunca pediu, de proteger seu reino a qualquer custo. Ela havia enterrado seus próprios desejos, suas próprias vontades, para ser o que o reino precisava. Mas agora, Freya a fazia questionar tudo isso.

— Como você consegue? — perguntou Aveline, sua voz baixa. — Como consegue ser tão livre? Tão... despreocupada com o que os outros pensam?

Freya sorriu levemente, um brilho travesso em seus olhos. — Porque eu aprendi que a vida é curta demais para viver para os outros. Eu escolho o que me faz feliz, mesmo que isso signifique quebrar algumas regras. E, Aveline, você pode fazer o mesmo. A questão é: o que te faz feliz?

Aveline não soube o que responder. Ela sempre soube o que deveria fazer, o que era certo, mas agora, pela primeira vez em sua vida, não tinha certeza de nada. O silêncio que se seguiu foi pesado, e Freya não tentou quebrá-lo. Ela apenas esperou, paciente, deixando que Aveline encontrasse suas próprias respostas.

Finalmente, Aveline suspirou profundamente e olhou para Freya, seus olhos cheios de uma mistura de tristeza e desejo. — Eu não posso te prometer nada, Freya. Eu não sei o que o futuro nos reserva. Mas... por agora, eu só sei que... eu preciso de você.

Foi a primeira vez que Aveline admitiu aquilo em voz alta, e a confissão veio com uma sensação de alívio, como se tivesse finalmente soltado o peso que carregava.

Freya deu um passo à frente, e dessa vez, Aveline não se afastou. Quando Freya a envolveu em um abraço suave, Aveline sentiu seu corpo relaxar pela primeira vez em dias. Era como se, por um breve momento, o caos em sua mente se dissipasse, e tudo o que restasse fosse o conforto daquele abraço.

Aveline sabia que aquele caminho era perigoso, que estava se envolvendo em algo que poderia destruir tudo o que havia construído. Mas naquele momento, nos braços de Freya, decidiu que deixaria o futuro para depois.

Por agora, ela escolheria o que fazia seu coração bater mais forte.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora