10- O Confronto de Aldric

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Capítulo 10: O Confronto de Aldric

O salão de reuniões estava silencioso, exceto pelo som das botas de Aldric ecoando pelo chão de mármore enquanto ele andava de um lado para o outro. O casamento estava à beira de acontecer, e, em todos os sentidos, ele deveria estar concentrado nos preparativos, nas alianças políticas que aquele momento traria e no futuro do reino. Contudo, algo mais o preocupava, algo que ele nunca imaginou ter que enfrentar: a proximidade crescente entre sua noiva, Aveline, e sua irmã, Freya.

Era algo que ele havia notado há algumas semanas, pequenos olhares trocados, toques sutis que pareciam carregar uma intimidade que ia além do esperado. No começo, ele descartou suas suspeitas como fruto de sua ansiedade antes do casamento. Mas com o passar do tempo, o comportamento das duas ficou impossível de ignorar.

Decidido a esclarecer a situação, Aldric finalmente respirou fundo e ordenou que Aveline fosse chamada. Ela chegou pouco tempo depois, a postura sempre impecável e o olhar altivo que ele admirava tanto, mas agora havia algo diferente, um distanciamento que Aldric não conseguia entender.

— Aldric, você me chamou? — Aveline perguntou com sua habitual calma, mas ele percebeu que havia uma leve tensão em sua voz.

Aldric assentiu, parando de andar e fixando seus olhos nos dela. Ele não queria acreditar nas suspeitas que o incomodavam, mas precisava da verdade.

— Sim, Aveline. Precisamos conversar. — Ele fez sinal para que ela se sentasse, e Aveline obedeceu, embora sua postura denunciasse um desconforto.

Por um momento, Aldric hesitou, tentando encontrar as palavras certas. Ele não queria ser injusto ou parecer desconfiado sem motivo, mas sabia que algo estava errado.

— Eu não sou um homem de rodeios — começou ele, sua voz grave preenchendo o salão. — Percebi uma mudança em você ultimamente. Uma... proximidade inesperada entre você e Freya.

Aveline ergueu as sobrancelhas, surpresa pela direção da conversa, mas manteve a compostura. — Freya é sua irmã, Aldric. E nós somos amigos. Não vejo motivo para suspeitas.

Ele balançou a cabeça, claramente insatisfeito com aquela resposta. — Eu conheço minha irmã, Aveline. E conheço você. Sei que há mais do que uma simples amizade entre vocês.

Um silêncio pesado pairou entre os dois, e Aldric podia ver que suas palavras atingiram Aveline, mesmo que ela tentasse não demonstrar.

— O que exatamente você está insinuando? — Aveline perguntou, sua voz soando mais fria do que o normal.

Aldric respirou fundo, o peso de suas suspeitas aumentando. Ele odiava estar naquela posição. — Eu estou dizendo que não acho saudável essa... conexão tão intensa entre você e Freya. Algo está fora do lugar, e preciso entender o que é.

Aveline desviou o olhar por um momento, como se buscasse forças para responder, e quando finalmente voltou a encará-lo, havia um brilho de raiva e dor em seus olhos.

— Não acho que seja sua responsabilidade definir o que é saudável ou não entre mim e Freya — retrucou ela, a voz firme. — Você deveria confiar em mim, Aldric. Estamos prestes a nos casar, e eu esperava que nossa relação fosse baseada em confiança.

Aquelas palavras o atingiram em cheio. Aveline estava certa; ele deveria confiar nela. Mas a natureza daquela proximidade... era difícil ignorar.

— Não se trata apenas de confiança, Aveline. — A voz de Aldric soou mais baixa agora, quase hesitante. — Eu sinto que há algo mais entre vocês duas, algo que me preocupa. Freya... ela sempre foi uma alma livre, mas você... Eu pensei que fosse diferente.

— Diferente? — Aveline repetiu, com um tom de incredulidade. — O que exatamente você quer dizer com isso, Aldric?

A raiva subiu dentro dele, não porque ele quisesse acusá-la, mas porque ela estava desviando a questão. — Estou dizendo que parece que você está cada vez mais distante de mim, enquanto se aproxima dela. Como você espera que eu aceite isso sem questionar?

Aveline suspirou, passando a mão pelo cabelo como se buscasse paciência. — Freya e eu temos uma conexão, sim. Mas é você quem vou me casar, Aldric. Você é o rei, e eu serei sua rainha. Não pense que eu ignoraria minhas responsabilidades ou o compromisso que temos.

Houve um momento de silêncio entre os dois, um impasse, onde Aldric sentiu a frustração crescer. Não era apenas sobre responsabilidades ou títulos. Ele queria mais do que isso. Queria amor, honestidade, e algo na maneira como Aveline falava fazia parecer que ela estava se segurando, evitando uma verdade maior.

— Se é verdade que eu sou quem você escolhe — disse Aldric, olhando diretamente nos olhos dela — então me diga a verdade agora. Não há nada entre você e Freya?

Aveline manteve o olhar fixo no dele, mas, pela primeira vez, Aldric viu um lampejo de dúvida atravessar sua expressão. Ela hesitou. E aquele pequeno momento de hesitação confirmou os piores medos dele.

— Aveline — ele disse, sua voz carregada de dor. — Não há mais volta depois disso. Se você realmente está... envolvida com minha irmã, eu preciso saber agora.

Ela fechou os olhos por um momento, como se precisasse de força para continuar, e quando os abriu novamente, havia uma tristeza profunda ali, algo que Aldric nunca havia visto nela.

— Aldric, eu... — Aveline começou, mas a voz falhou, e ela desviou o olhar, incapaz de continuar.

O silêncio que seguiu foi pesado, opressor. Aldric sentiu o mundo desabar sobre ele. A verdade estava ali, mesmo que ela não tivesse dito diretamente. Ele não precisava de mais palavras.

— Então é verdade — murmurou ele, a voz quase inaudível. — Você está apaixonada por Freya.

Aveline não respondeu. O silêncio dela foi resposta suficiente.

Aldric ficou parado ali por um momento, tentando processar tudo, sentindo a raiva e a traição crescerem dentro dele. Não era apenas sobre o casamento ou sobre o reino; era sobre a confiança que ele tinha em Aveline, a esperança que ele tinha de que ela seria sua parceira em tudo.

— Eu... preciso de um tempo para pensar — disse ele finalmente, sua voz sem emoção. — Mas saiba que isso não ficará impune, Aveline. Você traiu não só a mim, mas a confiança de todo o reino.

Com essas palavras, Aldric saiu da sala, deixando Aveline sozinha. Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, ele sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ele tinha decisões a tomar — não como irmão, nem como noivo, mas como rei.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora