Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e Freya

45- O Despertador de Freya

Capítulo 45: O Despertar de Freya

Freya estava no topo da torre mais alta de Draven, observando o reino que agora chamava de seu. O vento frio da noite soprava em seus cabelos escuros, enquanto a lua cheia iluminava a vastidão da terra que se estendia além das muralhas do castelo. Desde que havia se tornado a rainha de Draven, Freya sentia o peso de uma responsabilidade que nunca havia desejado, mas que aceitara por Aveline.

Ela pensava nela a cada momento, lembrando-se de como a havia tirado de um casamento forçado, de uma vida que jamais seria verdadeira. Mas agora, com o reino de Evertide se aproximando cada vez mais de um conflito inevitável, Freya sentia o futuro delas escorrer por entre seus dedos.

"Elora sabe", pensou Freya, apertando os punhos. Ela sempre soube que a irmã de Aldric seria a mais difícil de lidar. Inteligente, fria e calculista, Elora não hesitaria em sacrificar qualquer coisa para proteger o irmão e o reino. Freya sabia que Elora estava à espreita, planejando algo. E, o mais perigoso de tudo, sabia que Aveline estava no centro disso.

"Mas Aveline confia em mim", pensou Freya, tentando encontrar algum consolo nisso. Ela olhou para o anel que Aveline usava, um símbolo da promessa de que fugiriam juntas, que estariam unidas apesar de tudo. Ainda assim, o medo de perder Aveline a corroía.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de passos suaves subindo a escada em espiral. Freya virou-se e encontrou Aveline, com os olhos cansados, mas ainda assim radiantes ao vê-la. Ela se aproximou e, sem dizer uma palavra, enlaçou a cintura de Freya, encostando a cabeça em seu ombro.

— Não consegue dormir? — Aveline perguntou, com a voz suave e preocupada.

Freya suspirou, envolvendo os braços ao redor de Aveline.

— Não. Há muito para pensar. — Ela admitiu, seus olhos vagando novamente pelo horizonte. — Evertide não vai esperar. Elora e Aldric... estão se preparando. E eu temo que estejamos ficando sem tempo.

Aveline se afastou o suficiente para olhar nos olhos de Freya.

— Vamos fugir antes que tudo aconteça. — Aveline disse, quase implorando. — Podemos deixar tudo isso para trás. Não precisamos deste reino, nem das guerras que estão por vir. Apenas... vamos fugir, Freya. Juntas.

A ideia era tentadora. Freya havia pensado nisso várias vezes. Fugir para algum lugar distante, onde ninguém as conhecesse. Começar uma nova vida, livre de alianças e traições. Mas ela sabia que não era tão simples.

— E o que acontecerá com Draven? — Freya respondeu, sua voz suave, mas firme. — Se eu partir, este reino será deixado vulnerável. Eu fiz um juramento quando tomei a coroa, e embora nunca tenha desejado ser rainha, agora tenho um povo a proteger.

Aveline abaixou o olhar, compreendendo a gravidade das palavras de Freya.

— Eu só quero que estejamos seguras... que estejamos juntas.

Freya segurou o queixo de Aveline, levantando seu rosto para que ela a olhasse nos olhos.

— E estaremos. — Ela prometeu, com uma firmeza que surpreendeu até a si mesma. — Mas preciso que confie em mim. Ainda há uma chance de sairmos disso sem que sejamos caçadas pelo resto de nossas vidas. Mas para isso, precisamos ser espertas. Precisamos enfrentar o que está por vir.

Aveline parecia relutante, mas assentiu.

— Eu confio em você, Freya. Sempre.

As palavras de Aveline aqueceram o coração de Freya, mas ao mesmo tempo, intensificaram sua determinação. Não havia mais tempo para dúvidas. Elora estava à espreita, e Freya sabia que a próxima jogada da irmã de Aldric seria decisiva.

— Eu tenho um plano. — Freya disse, sua mente correndo pelos detalhes. — Amanhã, vamos receber uma mensagem de Elora. Ela vai propor uma negociação, algo para nos enganar e nos deixar vulneráveis. E é aí que nós viramos o jogo.

Aveline ergueu uma sobrancelha, intrigada.

— E o que faremos?

Freya sorriu, embora o sorriso fosse frio.

— Vamos aceitar. Mas no momento certo, Elora verá que subestimou o quanto estamos dispostas a lutar.

Aveline a observou por um momento, e então, sem dizer uma palavra, inclinou-se para beijá-la. Foi um beijo longo, profundo, repleto de incerteza e promessa. Quando finalmente se afastaram, ambas sabiam que o futuro que as aguardava seria difícil, mas estavam prontas.

Freya olhou mais uma vez para o horizonte, o vento gelado soprando em seu rosto. Ela sentiu a presença de Aveline ao seu lado, e por um breve momento, encontrou uma paz momentânea.

Mas aquela paz seria curta.