38- A Escolha de Freya

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Capítulo 38: A Escolha de Freya

O som das portas do salão ecoou como um trovão. Freya parou na entrada, o olhar fixo em Aveline no altar. A atmosfera ao seu redor parecia desaparecer, como se o mundo estivesse em suspensão, aguardando seu próximo movimento. Ela sabia que todos os olhos estavam sobre ela, mas só conseguia pensar em uma coisa: em Aveline, naquele vestido branco, prestes a selar seu destino com Aldric.

Seu coração batia descompassado. Ela havia planejado tantos cenários, mas nada parecia preparar seu espírito para o que estava prestes a fazer. Seu corpo estava tomado pela adrenalina, os dedos tremendo levemente enquanto respirava fundo.

Lá, à frente, Aldric observava-a com os olhos apertados, confuso, talvez até furioso. Ele não sabia o que estava por vir. Ninguém sabia. Mas Freya não podia se deter agora.

— Freya? — A voz de Aldric cortou o silêncio do salão, com uma mistura de incredulidade e irritação. — O que está fazendo?

A pergunta parecia reverberar no ar. Freya continuava parada, tentando achar as palavras certas, tentando respirar. Ela nunca havia imaginado que as coisas aconteceriam dessa forma. Sabia que sua entrada causaria um alvoroço, mas o peso de tudo aquilo, de suas escolhas, parecia maior do que havia previsto.

Aveline olhava para ela, os olhos marejados, refletindo uma dor silenciosa que Freya sentia como sua própria. Aqueles olhos, tão cheios de dúvida, de amor e de medo, eram tudo o que Freya precisava para lembrar por que estava ali.

— Eu… — Freya começou, a voz falhando por um instante. — Eu não posso mais ficar calada.

O salão murmurou, as pessoas sussurravam entre si, mas Freya ignorou todos os olhares, focada apenas em Aveline. Sentiu seus pés pesados ao dar os primeiros passos à frente, aproximando-se do altar.

— Aveline… — Freya falou, e dessa vez sua voz saiu mais firme, mais segura. — Não posso deixá-la fazer isso.

Aveline piscou rapidamente, as lágrimas finalmente escorrendo por suas bochechas. Aldric, ao seu lado, olhava de uma para a outra, sem entender o que estava acontecendo, mas claramente ciente de que algo estava terrivelmente errado.

— Freya... o que você está fazendo? — Aldric perguntou novamente, sua voz carregada de incredulidade. Ele deu um passo à frente, como se estivesse tentando proteger Aveline de alguma ameaça invisível.

Mas Freya não estava ali para machucá-los. Pelo menos, não de propósito. Ela sabia que estava prestes a despedaçar o coração de Aldric, mas não havia mais volta. Tudo o que ela havia guardado dentro de si, todo o amor que sentia por Aveline, transbordava naquele momento.

— Eu... — Freya hesitou por um instante, olhando de Aveline para Aldric. Ela viu a confusão no rosto de seu irmão, um homem que sempre confiara nela, mas que agora parecia desconcertado. — Eu amo Aveline.

As palavras ecoaram no salão, provocando um silêncio ainda mais profundo. Os murmúrios cessaram, os olhares fixos em Freya e na tensão que agora dominava o espaço. Aveline cobriu a boca com as mãos, o choque em seu rosto. Aldric, por sua vez, ficou estático, como se o chão tivesse se aberto sob seus pés.

Freya continuou, sabendo que não havia mais como voltar atrás.

— Aveline e eu... — Ela engoliu em seco. — Estamos apaixonadas. E não posso continuar vivendo essa mentira.

Os olhares de todos no salão se tornaram insuportáveis, mas Freya não desviou o olhar de Aveline nem por um segundo. Ela havia esperado demais por aquele momento, por uma chance de falar a verdade. Tudo o que importava agora era o que Aveline faria.

Aveline abaixou lentamente as mãos, seu rosto misturando choque, dor e, acima de tudo, amor. Ela deu um passo para trás, como se estivesse tentando processar o que havia acabado de acontecer. O que Freya havia acabado de fazer.

— Freya... — Aveline sussurrou, sua voz embargada pela emoção. Ela olhou para Aldric, depois de volta para Freya. Era como se o peso de sua escolha estivesse finalmente caindo sobre ela. — Por que fez isso?

Freya aproximou-se mais, a voz carregada de emoção.

— Porque eu não podia mais deixar você ir, Aveline. Eu não posso deixá-la se casar com Aldric sabendo o que sentimos uma pela outra. Eu sei que isso é difícil, mas eu te amo. E não importa o que aconteça, eu vou lutar por você.

O silêncio no salão era sufocante. A tensão entre os três era palpável, como se uma corda invisível estivesse prestes a se romper. Freya sabia que havia causado uma ruptura irreversível. Aldric olhou para sua irmã, depois para Aveline, e a dor em seus olhos era clara.

— É verdade? — Aldric finalmente perguntou, sua voz baixa, quase um sussurro. — Aveline... isso é verdade?

Aveline olhou para Aldric, seus olhos cheios de lágrimas. Ela não respondeu imediatamente, mas seu silêncio disse tudo. O amor que ela sentia por Freya estava ali, claro como o dia. Aldric, vendo aquilo, recuou um passo, como se tivesse levado um golpe.

Freya esperou, seu coração na garganta, enquanto Aveline olhava para os dois. O mundo parecia estar parado, esperando sua resposta.

Finalmente, Aveline olhou nos olhos de Freya, e Freya soube. Ela sabia que, independentemente das consequências, elas estariam juntas.

— Eu te amo, Freya. — Aveline sussurrou, sua voz quebrada pela emoção.

O mundo ao redor delas parecia desaparecer, mas o caos estava apenas começando.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora