13- O Veneno do Ciúme

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Capítulo 13: O Veneno do Ciúme

Aveline caminhava pelos corredores do castelo, tentando clarear a mente depois da conversa intensa com Freya na noite anterior. O peso da escolha ainda pairava sobre ela, como um manto invisível que tornava cada respiração mais difícil. Sua razão e seu coração travavam uma batalha silenciosa, e ela não sabia como sair vitoriosa dessa guerra interna.

Enquanto andava sem rumo, seus passos a levaram involuntariamente para os jardins novamente. Era ali que ela sempre encontrava um pouco de paz, cercada pelas flores e pelo ar fresco. No entanto, ao se aproximar, ouviu vozes. A princípio, hesitou em avançar, mas uma delas era inconfundível: Freya.

Curiosa e inquieta, Aveline diminuiu o ritmo de seus passos e se escondeu atrás de uma coluna de pedra coberta de trepadeiras, observando o que estava acontecendo. Freya não estava sozinha. Ao lado dela estava Elora, uma jovem da corte, filha de um nobre aliado do reino. Elora sempre foi bonita e graciosa, mas até aquele momento, Aveline não havia prestado muita atenção nela.

— Você tem um espírito tão livre, Freya. É isso que eu mais admiro em você — disse Elora, sua voz leve como a brisa da manhã. Ela tocou levemente o braço de Freya, em um gesto que parecia casual, mas que, aos olhos de Aveline, continha algo mais.

Freya riu, aquele riso encantador que Aveline conhecia bem, o som que sempre fazia seu coração acelerar.

— Livre? Talvez — respondeu Freya, sorrindo. — Mas, às vezes, sinto que não posso voar tão longe quanto gostaria.

— Talvez você só precise da companhia certa para ajudá-la a escapar — disse Elora, seu tom insinuante.

Aveline sentiu uma pontada no peito. Ela tentou afastar a ideia de que Freya estava sendo seduzida por Elora, mas as palavras desta última soavam perigosamente próximas de uma tentação. Será que Freya sentia o mesmo por Elora? Será que ela queria algo mais do que a amizade entre elas?

A respiração de Aveline ficou mais rápida, e seus olhos fixaram-se nas duas. Elora se aproximou um pouco mais de Freya, inclinando-se de forma que seus rostos quase se tocavam. Aveline sentiu uma onda de ciúmes, algo que nunca havia sentido tão intensamente antes. O que Freya estava fazendo? Estava permitindo que outra pessoa se aproximasse assim?

— Não sei se é tão simples — Freya disse, desviando o olhar por um momento, mas sem afastar-se do toque de Elora. — As coisas... são mais complicadas do que parecem.

— Só são complicadas porque você deixa que sejam — respondeu Elora, com um sorriso confiante. — Talvez você precise parar de pensar tanto e apenas... sentir.

Aveline apertou os punhos, lutando para manter o controle. Uma parte dela queria sair de seu esconderijo e confrontar Freya e Elora, mas outra parte estava paralisada, tomada pela insegurança e pela dúvida. Ela sabia que sua ligação com Freya era intensa, mas e se Freya se cansasse das complicações, das responsabilidades, e encontrasse em Elora a liberdade que tanto ansiava?

Freya, com um sorriso ligeiramente cansado, colocou uma mão no ombro de Elora.

— Elora, você é encantadora, mas há coisas que você não entende.

Aquelas palavras trouxeram um pequeno alívio para o coração de Aveline, mas o ciúme ainda ardia dentro dela. Como Freya podia permitir que alguém chegasse tão perto, mesmo sabendo o que havia entre elas?

Elora, no entanto, não parecia disposta a desistir tão facilmente. — Talvez eu possa entender, se você me deixar. — A voz dela era suave, mas carregada de uma intensidade que Aveline não pôde ignorar.

O silêncio que se seguiu parecia eterno. Aveline mal conseguia respirar, cada segundo que passava parecia aumentar a tensão. O que Freya diria? O que ela faria?

Finalmente, Freya recuou um pouco, soltando o ombro de Elora com um sorriso gentil, mas firme. — Algumas coisas não podem ser mudadas, Elora. Não importa o quanto você tente.

Elora franziu o cenho por um breve momento, mas logo forçou um sorriso, tentando disfarçar a decepção. — Como quiser, Freya. Mas saiba que a oferta está de pé.

Com isso, ela se afastou, deixando Freya sozinha no jardim. Aveline, ainda escondida, sentiu uma onda de alívio, mas também de vergonha. Como pôde duvidar de Freya? No entanto, o fato de Elora ter ousado se aproximar daquela maneira a incomodava profundamente.

Assim que Elora desapareceu de vista, Aveline decidiu que não podia ficar ali escondida por mais tempo. Ela saiu de trás da coluna e se aproximou de Freya, que, ao vê-la, ergueu as sobrancelhas em surpresa.

— Aveline? — Freya perguntou, seu tom misto de surpresa e cautela. — O que você está fazendo aqui?

Aveline tentou manter a compostura, mas sua voz saiu mais fria do que pretendia. — Eu estava passeando e... acabei ouvindo parte da sua conversa.

Freya franziu o cenho, percebendo o tom de Aveline. — Você estava ouvindo?

— Não foi intencional — respondeu Aveline, embora a verdade fosse mais complicada. — Mas eu ouvi o suficiente.

Freya cruzou os braços, olhando para Aveline com uma expressão difícil de ler. — E o que exatamente você ouviu?

— O suficiente para saber que Elora parece... muito interessada em você — Aveline respondeu, tentando manter a voz estável, mas falhando em esconder a ponta de ciúmes.

Freya suspirou, aproximando-se de Aveline. — Aveline, Elora pode estar interessada, mas eu não estou. Você sabe onde está o meu coração.

— Será que sei? — Aveline murmurou, olhando para o chão, sentindo-se vulnerável.

Freya ergueu o queixo de Aveline delicadamente, obrigando-a a olhar nos seus olhos. — Você sabe. Não importa quem se aproxime, não há ninguém mais para mim. Eu escolhi você, mesmo que isso me custe tudo.

Aquelas palavras fizeram o coração de Aveline disparar. Ela queria acreditar, mas o medo de perder Freya para alguém como Elora ainda a consumia.

— E quanto ao que está acontecendo entre nós? — perguntou Aveline, sua voz vacilante. — Quanto tempo isso pode durar sem destruir tudo ao nosso redor?

Freya a olhou profundamente nos olhos, seu olhar cheio de uma intensidade que Aveline conhecia bem. — Eu não sei quanto tempo temos, Aveline, mas cada momento que tenho com você vale o risco.

Aveline fechou os olhos, permitindo-se relaxar, ainda que brevemente, no conforto das palavras de Freya. Mas ela sabia, no fundo, que o perigo não estava apenas do lado de fora. Ele estava crescendo entre elas, e cedo ou tarde, tudo teria que ser confrontado.

O que ela ainda não sabia era se seu amor seria suficiente para enfrentar o peso das escolhas que estavam por vir.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora