Capítulo 39: O Jogo de Elora
Elora estava encostada em uma das colunas laterais do grande salão, observando o desenrolar da cena que, até aquele momento, ela apenas havia suspeitado. O escândalo que se revelava diante dos olhos de todos a fazia sorrir por dentro, embora mantivesse uma expressão serena e impassível. O confronto entre Freya, Aveline e Aldric era mais explosivo do que ela poderia ter imaginado, e a tensão no ar era palpável.
Ela observou com olhos atentos enquanto Freya declarava seu amor por Aveline, o choque se espalhando como uma onda entre os convidados. Nobres sussurravam, perplexos, enquanto os criados trocavam olhares desconcertados. Mas Elora? Ela estava apenas esperando seu momento.
Desde que havia começado a perceber os olhares furtivos entre Freya e Aveline, a maneira como a rainha sempre parecia estar perto demais de sua futura cunhada, Elora soubera que algo estava errado. E agora, ali, diante de seus olhos, tudo fazia sentido. Freya e Aveline estavam apaixonadas. Aquilo não era só uma traição a Aldric, mas ao próprio reino.
"Perfeito", pensou Elora enquanto seus olhos brilhavam de malícia. O caos que ela tanto ansiava estava prestes a explodir. Mas, diferente de todos os outros, que pareciam atordoados com o que acabara de acontecer, ela sabia que esse era o momento de agir.
Enquanto a atenção de todos estava voltada para o trio no altar, Elora se afastou das sombras e começou a caminhar discretamente pelo salão, seu vestido de seda fluindo com graça a cada passo. A maioria dos nobres estava distraída demais para notar sua movimentação. Eles estavam imersos demais no drama que se desenrolava diante deles.
Seu destino? Aldric.
Ela precisava falar com ele. Precisava plantar a semente da dúvida e da traição com precisão. Não bastava que Freya e Aveline tivessem seus sentimentos expostos — Elora precisava garantir que Aldric não caísse na tentação de perdoar sua irmã. Não, aquilo precisava ser um rompimento completo.
Quando Elora finalmente chegou perto de Aldric, o rei estava parado, imóvel, como se ainda tentasse processar o que havia acabado de ouvir. Ele parecia perdido, seus olhos fixos em Freya e Aveline, mas sua mente claramente em outro lugar.
— Aldric… — Elora murmurou, colocando uma mão suave em seu braço. — Acho que precisamos conversar.
Aldric mal pareceu notá-la, seus olhos ainda cheios de incredulidade e dor. No entanto, ao ouvir a voz suave de Elora, ele finalmente piscou, voltando à realidade.
— Elora? — Ele disse, confuso. — O que está acontecendo?
Ela o puxou delicadamente para um canto do salão, longe dos olhares curiosos. Ali, sob a luz suave dos candelabros, Elora fez questão de manter sua voz baixa e calmante, mas suas palavras eram como veneno cuidadosamente destilado.
— Freya... ela está te traindo, Aldric. — Elora disse, sua voz carregada de compaixão falsa. — Eu tentei alertá-lo antes, tentei fazê-lo ver o que estava acontecendo, mas... sei que isso é difícil de ouvir.
Aldric franziu o cenho, sua mente lutando para entender o que ela estava dizendo.
— Como você sabia...? — Ele perguntou, sua voz entrecortada pela dor.
Elora suspirou, como se estivesse prestes a compartilhar um fardo que carregava há muito tempo.
— Eu vi, Aldric. Eu observei os olhares, os gestos. Freya e Aveline... elas estão juntas há muito mais tempo do que você pode imaginar. — Elora parou, dando espaço para as palavras se infiltrarem na mente do rei. — E agora, no dia em que você deveria se casar, ela decide arruinar tudo.
Aldric fechou os olhos por um momento, seus punhos cerrados. O que Freya fizera não era apenas uma traição a ele, mas ao reino, à honra de sua família. Ele sentia o peso da humilhação se abater sobre ele, e sua raiva começou a crescer.
Elora percebeu isso e deu mais um passo à frente.
— Sei que você ama sua irmã, Aldric. Mas o que ela fez hoje... isso não pode ser ignorado. Se ela for capaz de trair você dessa forma, em público, diante de todos, o que mais ela será capaz de fazer? — Sua voz ficou ainda mais baixa, quase um sussurro. — E se ela tentar tomar o reino para si? E se ela tentar fazer com que Aveline a siga?
As palavras de Elora ecoaram na mente de Aldric. Ele queria duvidar, queria acreditar que Freya nunca faria algo assim, mas a traição que acabara de testemunhar era impossível de ignorar. Elora estava certa em parte, e o veneno de suas palavras começava a se espalhar.
— Não posso... acreditar nisso... — Aldric sussurrou, mais para si mesmo do que para Elora.
— Você não precisa acreditar agora. — Elora respondeu, sorrindo gentilmente. — Apenas lembre-se do que aconteceu hoje. E quando o momento certo chegar, você saberá o que fazer.
Ela se afastou, deixando Aldric com seus pensamentos. A tempestade dentro dele estava apenas começando, e Elora sabia que logo as consequências de suas ações iriam se revelar. Ela não precisava apressar as coisas. A destruição estava em andamento, e ela estaria ali, observando tudo desmoronar.
Enquanto Elora deixava Aldric com seus próprios demônios, ela olhou uma última vez para Freya e Aveline, que ainda estavam no altar. O caos estava apenas começando, e Elora, sempre a estrategista, sabia que seu papel naquele jogo ainda não havia terminado. Ela se afastou silenciosamente, um sorriso discreto nos lábios.
O futuro seria muito mais interessante a partir de agora.
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Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e Freya
RomanceAveline, uma rainha prestes a se casar por dever, se vê inesperadamente apaixonada por Freya, a irmã mais nova de seu noivo. Dividida entre a responsabilidade com seu reino e o desejo proibido, Aveline embarca em um romance cheio de segredos, intrig...