Capítulo 20: A Escolha de Freya
Freya estava no jardim do castelo, cercada pelas flores que ela tanto amava. A brisa fresca da tarde soprava suavemente, balançando as pétalas e os galhos ao redor. Apesar da beleza ao seu redor, seu coração estava em tumulto. A conversa com Aldric ainda ecoava em sua mente, cada palavra dele revirando seus pensamentos.
Ela sabia que algo estava por vir, mas jamais imaginara que seria algo tão grande quanto o que Aldric lhe revelara: um reino. Um lugar só para ela, onde poderia governar e encontrar sua própria voz, longe das sombras de seu irmão, longe de Aveline. O que ele estava oferecendo parecia, à primeira vista, uma grande oportunidade. Mas Freya também sabia que isso tinha um custo.
Ela havia sido criada para entender os deveres da realeza, mas sua alma nunca se sentira completamente à vontade com as formalidades do poder. Ela não se via como uma rainha, e muito menos como uma governante solitária, isolada de tudo o que amava. Mas o maior conflito em seu coração não era sobre o trono; era sobre Aveline. Como poderia se afastar dela agora? Como poderia deixar para trás o que sentia, por mais proibido e perigoso que fosse?
Enquanto caminhava pelo jardim, Freya sentiu a presença de alguém se aproximando. Virou-se e, para sua surpresa, encontrou Aldric, que se movia com a mesma gravidade de sempre.
— Freya — ele a cumprimentou, a voz séria. — Precisamos conversar.
Ela assentiu e se afastou das flores, deixando que Aldric a guiasse para um banco próximo, onde poderiam falar sem serem interrompidos. O silêncio entre eles era carregado, ambos sabiam que o que estava por vir seria difícil.
— Eu falei com nossos pais — Aldric começou, indo direto ao ponto. — Eles querem dar a você o Reino de Draven. Um lugar onde você possa ser a rainha, longe da corte e de... complicações.
Freya suspirou profundamente. Sabia que essa proposta não era apenas uma oferta generosa. Era uma tentativa de afastá-la de Aveline, de resolver o problema que ela mesma havia criado ao se apaixonar pela noiva de seu irmão.
— Então é isso? — ela perguntou, a voz cheia de ironia. — Vocês querem me mandar para o norte para que eu fique longe de tudo?
Aldric olhou para ela, sua expressão endurecendo um pouco. — Não é uma punição, Freya. É uma chance. Eu sei o quanto você sofre aqui. Sei o quanto o peso das expectativas e dos sentimentos a estão esmagando. Isso não é apenas sobre Aveline. É sobre você encontrar sua própria liberdade.
— Liberdade? — Freya riu sem humor. — Você acha que me trancafiar em um reino distante, isolada de tudo e de todos, vai me dar liberdade?
— Não estou falando de isolamento, Freya — Aldric rebateu, o tom mais firme. — Estou falando de dar a você o poder que merece. Você sempre foi mais do que apenas a irmã do rei. Você é uma líder. Mas enquanto permanecer aqui, essa liderança será sufocada pelas intrigas da corte e pelos sentimentos que você não pode resolver.
Freya balançou a cabeça, as palavras dele não a convenciam. Ela entendia o raciocínio de Aldric, mas não podia ignorar o que sentia. Estar longe de Aveline parecia um castigo cruel. E, ao mesmo tempo, ela sabia que, se ficasse, o amor proibido entre elas acabaria destruindo tudo ao redor.
— E Aveline? — Freya finalmente perguntou, o nome dela saindo de seus lábios com dor evidente. — Eu simplesmente devo deixá-la?
Aldric suspirou, sabendo que essa era a questão central. — Eu não posso te dizer o que fazer sobre Aveline. Isso é algo que você precisa decidir. Mas o que posso te dizer é que, enquanto você permanecer aqui, isso não vai acabar bem. Nem para você, nem para ela. O que quer que vocês tenham... é insustentável.
Freya sentiu as lágrimas se formarem nos cantos dos olhos, mas piscou para afastá-las. Ela odiava se sentir vulnerável, especialmente na frente de Aldric. Mas o peso da verdade estava sobre seus ombros, esmagando-a.
— Eu amo ela, Aldric — confessou, a voz rouca. — Não sei como posso simplesmente ir embora.
O irmão ficou em silêncio por um momento, antes de responder com gentileza. — Eu sei. E não estou pedindo que você abandone seus sentimentos. Mas estou pedindo que pense no que isso está fazendo com você... e com ela. Às vezes, amar alguém significa saber quando é hora de se afastar.
Freya abaixou a cabeça, tentando processar o que ele estava dizendo. A ideia de ser rainha de um reino próprio, de ter poder e responsabilidade, era tentadora. Mas, ao mesmo tempo, parecia uma prisão diferente da que ela já estava vivendo. Uma prisão onde o nome de Aveline seria uma sombra constante em sua mente.
— E se eu disser não? — ela perguntou, sem olhar para ele.
Aldric suspirou profundamente. — Se você disser não, eu respeitarei sua decisão. Mas saiba que as coisas aqui continuarão a se complicar, e a corte não é gentil com escândalos. Você sabe disso.
Freya sabia que ele estava certo. Não havia maneira de esconder para sempre o que ela e Aveline sentiam uma pela outra. E se aquilo viesse à tona, não só os dois seriam destruídos politicamente, mas também emocionalmente.
Ela ficou em silêncio por um longo tempo, os pensamentos conflitantes rodando em sua mente. Finalmente, respirou fundo e olhou para o irmão.
— Eu preciso de tempo para pensar — disse, sua voz finalmente mais firme.
Aldric assentiu. — Leve o tempo que precisar. Mas saiba que essa decisão mudará tudo.
Freya apenas acenou, observando enquanto Aldric se levantava e se afastava pelo jardim, deixando-a sozinha novamente com seus pensamentos. Ela sabia que o que estava por vir seria uma escolha difícil, talvez a mais difícil de sua vida. Mas, no fundo, também sabia que não poderia adiar para sempre.
O Reino de Draven a chamava, mas o coração de Freya ainda pertencia a Aveline.
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Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e Freya
RomanceAveline, uma rainha prestes a se casar por dever, se vê inesperadamente apaixonada por Freya, a irmã mais nova de seu noivo. Dividida entre a responsabilidade com seu reino e o desejo proibido, Aveline embarca em um romance cheio de segredos, intrig...