11- O Fardo da Coroa

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Capítulo 11: O Fardo da Coroa

Aldric caminhava pelos corredores de pedra fria do castelo, o som das suas botas ecoando como um lamento. O peso da coroa nunca havia parecido tão esmagador quanto naquele momento. Ele sempre soube que a vida de um rei seria cheia de responsabilidades e sacrifícios, mas nunca imaginou que seria traído por aqueles que ele mais amava.

Ao virar o corredor, viu-se diante de uma janela que dava para os jardins do palácio. Era ali, entre aquelas flores e árvores, que ele havia sonhado em construir uma vida ao lado de Aveline. A ideia de um casamento, não apenas de conveniência, mas de parceria verdadeira, de afeto. Mas agora... tudo parecia desmoronar.

A conversa com Aveline ecoava em sua mente, cada palavra não dita, cada silêncio revelador. "Ela está apaixonada por Freya." O pensamento o consumia. Ele não conseguia entender como tudo havia chegado a esse ponto. A mulher que ele escolhera para ser sua rainha, para compartilhar o trono e o futuro, agora parecia estar perdida para alguém com quem ele jamais imaginou competir: sua própria irmã.

O rei respirou fundo, tentando encontrar algum tipo de paz naquele momento de agonia. Mas a dor era profunda demais. Sua mente se enchia de dúvidas. Como ele não havia percebido antes? Como a relação entre Aveline e Freya se tornara algo mais do que uma simples amizade diante dos seus olhos?

Ele sabia que precisava confrontar Freya, mas como poderia enfrentar a própria irmã? Ela sempre fora a rebelde, a despreocupada, a alma livre que ele amava e protegia. Aldric sempre pensou que o papel de Freya era diferente do dele, livre das amarras e responsabilidades da realeza. Ele era o rei, e ela podia ser a irmã espirituosa, inconsequente em sua liberdade. Mas agora, ela estava no centro de uma tempestade que poderia destruir o reino.

Pelo menos era assim que ele enxergava a situação.

Aldric continuou andando pelos corredores, até chegar à sua sala de guerra, um lugar que costumava trazer-lhe foco em tempos de crise. Ele entrou e fechou a porta atrás de si. Mapas do reino e alianças estratégicas estavam espalhados sobre a grande mesa de madeira, e ele parou diante deles, observando tudo com olhos vazios.

Seu conselheiro mais próximo, Dorian, entrou silenciosamente na sala após perceber a presença do rei.

— Majestade? — Dorian chamou, com a habitual reverência, mas havia uma preocupação em seu tom. Ele conhecia Aldric o suficiente para saber quando algo o perturbava profundamente.

Aldric não respondeu de imediato. Seus olhos ainda estavam fixos nos mapas, mas sua mente estava a quilômetros de distância. Quando finalmente falou, sua voz estava fria e distante.

— Dorian... você já se sentiu traído por alguém em quem confiava mais do que qualquer outra pessoa?

Dorian, pego de surpresa pela pergunta, hesitou. — Sim, majestade. Mas me atrevo a dizer que o fardo da traição pesa ainda mais sobre quem carrega a coroa.

Aldric soltou um suspiro pesado, as palavras de Dorian ressoando de forma estranhamente confortante. Ele sabia que, como rei, teria que lidar com traições, mas nunca imaginou que elas viriam de dentro de sua própria casa.

— Aveline e Freya... — Aldric começou, mas sua voz falhou, a raiva misturada com a dor em seu peito. — Elas têm uma... proximidade que eu não esperava. Algo que está além do que eu posso tolerar.

Dorian ergueu as sobrancelhas, surpreso pela declaração franca do rei. Mas ele não era tolo; já havia percebido que algo estava errado entre os três.

— O que o senhor deseja fazer? — perguntou Dorian com cautela, medindo as palavras. Sabia que, em momentos assim, as decisões de um rei poderiam mudar o curso de uma nação.

Aldric fechou os olhos por um momento, tentando encontrar clareza no meio da confusão emocional que sentia. Sua primeira reação fora de raiva e traição, mas agora, com o peso da responsabilidade sobre ele, sabia que não podia tomar decisões precipitadas.

— Eu preciso proteger o reino — disse ele, a voz mais firme agora. — Preciso garantir que essa... situação não nos destrua. Mas ao mesmo tempo, Dorian... Freya é minha irmã. E Aveline, apesar de tudo, ainda será minha rainha. O que você sugere?

Dorian ponderou por um momento antes de responder, a sabedoria de seus anos de serviço ao reino evidente em sua resposta.

— Majestade, uma situação como essa exige delicadeza. Qualquer decisão impensada pode criar rupturas que serão difíceis de curar. Talvez seja melhor conversar com Freya primeiro, entender sua perspectiva antes de tomar qualquer ação. E, quanto a Aveline, ela jurou fidelidade ao senhor e ao reino. Se puder redirecionar sua lealdade e amor para onde deve estar, talvez haja uma forma de salvar essa união.

Aldric ouviu as palavras de Dorian com atenção, sabendo que seu conselheiro estava certo. Agir com raiva não resolveria nada. Mas o pensamento de Freya e Aveline juntos ainda o deixava envenenado por dentro.

— Falarei com Freya — disse Aldric finalmente, sua voz cheia de determinação. — Mas saiba, Dorian, que se isso continuar, não haverá misericórdia. O reino sempre vem em primeiro lugar.

Dorian assentiu, mas havia uma sombra de preocupação em seus olhos. Ele sabia que, mesmo sendo rei, Aldric era antes de tudo um homem, e o coração de um homem ferido podia ser tão imprevisível quanto o destino.

— Como desejar, majestade — disse Dorian, curvando-se ligeiramente antes de sair da sala, deixando Aldric novamente sozinho com seus pensamentos.

O rei permaneceu ali, parado diante dos mapas, a mente repleta de possibilidades e consequências. Ele sabia que seu próximo passo seria crucial, não apenas para seu relacionamento com Aveline e Freya, mas para o destino de todo o reino.

Ele olhou para a janela novamente, onde o sol estava começando a se pôr, tingindo o céu de um vermelho profundo. A visão o lembrou de que o tempo estava se esgotando. Mais cedo ou mais tarde, teria que decidir qual caminho seguir.

E, como sempre, o peso dessa escolha recairia apenas sobre seus ombros.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora