23- O Peso da Saudade

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Capítulo 23: O Peso da Saudade

Aveline estava sozinha em seus aposentos, envolta por uma escuridão que parecia espelhar o que sentia por dentro. As cortinas estavam fechadas, bloqueando a luz suave do entardecer, mas mesmo se a luz entrasse, ela sabia que não faria diferença. Nada conseguiria iluminar o vazio que tomava conta de seu coração desde que Freya partira para Draven.

Os dias tinham passado como uma névoa, arrastando-se lentamente desde a despedida. A cada cerimônia e encontro da corte, Aveline sentia o peso das expectativas, a responsabilidade de ser a noiva de Aldric e, em breve, a rainha ao seu lado. As palavras de consolo que ele lhe oferecia, as promessas de um futuro glorioso juntos, eram todas vazias para ela. Seu coração não estava ali, preso ao dever. Estava com Freya, a quilômetros de distância.

Ela se jogou na cama, abraçando um travesseiro, sentindo as lágrimas que havia guardado por tanto tempo escorrerem livres pelo seu rosto. A cada batida de seu coração, ela sentia a ausência de Freya como uma ferida aberta que não cicatrizava. Aquela última despedida, com Freya tentando parecer forte, só deixara um buraco maior em sua alma.

"Será que ela pensa em mim?", Aveline se perguntava constantemente. "Será que sente o mesmo vazio que sinto agora?"

Seus pensamentos eram um caos. Em um momento, sentia raiva da situação, da impossibilidade de seu amor, da crueldade do destino que as colocara em caminhos diferentes. No outro, sentia apenas tristeza, uma tristeza profunda e esmagadora, que parecia consumir cada pedaço de sua alegria.

Ela se levantou lentamente da cama e caminhou até a janela, puxando as cortinas com uma força que a surpreendeu. A luz suave da tarde finalmente invadiu o quarto, mas em vez de conforto, só a lembrou dos momentos que passara com Freya nos jardins, em meio ao sol e ao riso. Agora, tudo parecia distante, inalcançável.

Aveline fechou os olhos, tentando apagar a imagem de Freya de sua mente, mas era impossível. Sua presença estava em todos os lugares: no vento suave que entrava pela janela, no perfume das flores que ela adorava, nas lembranças dos toques furtivos e dos olhares que trocavam em segredo.

Uma batida leve na porta interrompeu seus pensamentos. Aveline rapidamente limpou as lágrimas e assumiu a postura digna de uma rainha que se esperava dela.

— Entre — disse com uma voz trêmula.

Uma de suas damas de companhia entrou, curvando-se ligeiramente.

— Alteza, está tudo bem? Precisa de algo? — perguntou com delicadeza, percebendo o estado emocional de Aveline.

— Não... — Aveline respondeu após uma pausa. — Apenas preciso de um pouco de tempo sozinha.

A dama assentiu respeitosamente e saiu, deixando Aveline com seus pensamentos novamente. Ela sentiu o peso da responsabilidade se esgueirando de volta, aquele dever sufocante que a corte lhe impunha. Aldric esperava que ela fosse uma rainha perfeita, mas como poderia cumprir esse papel quando seu coração não estava no trono, mas nas mãos de Freya?

A dor da saudade crescia a cada dia, como uma maré que ela não conseguia conter. A ausência de Freya fazia com que tudo ao seu redor parecesse cinza e sem vida. Ela sabia que era apenas uma questão de tempo até o casamento com Aldric, mas o futuro que deveria ser brilhante e promissor lhe parecia mais uma prisão dourada.

Aveline caminhou de volta para a cama e sentou-se, segurando com força o colar que Freya lhe dera em segredo antes de partir. Fechou os olhos, permitindo-se ser invadida pelas memórias, pelos sussurros e promessas que compartilharam. Ela sabia que, por mais que tentasse, jamais poderia apagar o que sentia.

Mas também sabia que Freya não voltaria. Draven agora era o lar de Freya, e Aveline tinha que aceitar o destino que o reino lhe impunha. Contudo, uma pequena esperança persistia em seu coração. Uma esperança tola, talvez, de que Freya encontraria uma maneira de trazê-la de volta para o lugar onde verdadeiramente pertencia: ao seu lado.

Com um suspiro profundo, Aveline deitou-se, abraçando o travesseiro como se estivesse abraçando Freya. As lágrimas que ela guardava começaram a cair novamente, e naquela noite, como em tantas outras, Aveline adormeceu chorando, com o nome de Freya sussurrado em seus lábios.

"Eu te amo, Freya", pensou, enquanto a escuridão do sono a envolvia. "Por favor, volte para mim."

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora