16- Ventos de Incerteza

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Capítulo 16: Ventos de Incerteza

Freya caminhava pelos jardins do castelo, o ar fresco da noite trazendo um alívio momentâneo ao turbilhão de pensamentos em sua mente. As últimas semanas haviam sido intensas demais. O amor que sentia por Aveline, as responsabilidades que vinham com isso e, agora, a crescente sensação de que havia algo mais acontecendo ao seu redor - algo que ela não podia controlar.

A conversa com Elora no outro dia ainda estava fresca em sua memória, e ela não conseguia afastar a ideia de que havia mais do que simples cortesia nos olhares de Elora. Freya sempre foi intuitiva, e a postura de Elora a fazia pensar em jogo de poder, algo que ela não tinha paciência ou interesse em participar. Mas, ao mesmo tempo, havia uma parte dela que não podia negar o flerte que pairava no ar entre as duas.

- Isso está ficando complicado demais - Freya murmurou para si mesma, cruzando os braços enquanto caminhava pelo caminho de pedras que serpenteava pelos jardins.

Ela sabia que Aveline estava com ciúmes. O episódio mais cedo, quando Aveline quase flagrou sua conversa com Elora, era a prova disso. Freya não culpava Aveline por se sentir insegura, afinal, seu relacionamento estava longe de ser convencional. Mas o ciúme exacerbado estava começando a pesar. Freya sentia que as amarras invisíveis de possessividade começavam a se apertar, e isso a deixava inquieta.

Enquanto caminhava, seus pensamentos voltaram a Elora. Ela havia sentido o magnetismo de Elora desde o início, mas sempre manteve uma certa distância. Algo em Elora a atraía e a repelia ao mesmo tempo. Era o brilho de perigo, de ambição que ela via nos olhos da mulher. Elora era fascinante, mas Freya sabia que, com ela, nada era simples. Havia algo mais profundo, algo que ela não conseguia entender completamente.

De repente, ela ouviu passos leves atrás de si. Quando se virou, seus olhos encontraram os de Elora, que caminhava em sua direção com um sorriso sutil nos lábios. Aquela presença que Freya tanto tentava evitar estava ali, e de alguma forma, ela sabia que a conversa que viria não seria fácil.

- Freya - disse Elora, com uma voz sedutora e controlada. - Caminhando sozinha à noite? Esse não é um hábito saudável para uma dama tão... especial.

Freya revirou os olhos levemente, mas não pôde evitar um sorriso de canto. - E você, Elora? O que faz aqui? Não costuma sair à noite.

Elora deu alguns passos à frente, até ficar próxima o suficiente para que Freya sentisse o leve perfume floral que ela usava. - Talvez eu tenha sentido sua ausência e resolvi seguir meus instintos.

Freya suspirou, tentando afastar a sensação de tensão que crescia entre elas. - Você não precisa seguir seus instintos comigo, Elora. Eu sei o que está fazendo.

Elora inclinou a cabeça, como se estivesse divertindo-se com a resistência de Freya. - E o que estou fazendo, exatamente?

- Está tentando mexer com algo que não lhe pertence - disse Freya, com a voz firme, mas sem a agressividade que costumava usar em confrontos. Ela não queria ser rude, mas também sabia que precisava traçar limites.

Elora deu uma risada baixa, aproximando-se ainda mais. - E quem disse que você pertence a alguém, Freya? - Seus olhos cintilaram sob a luz da lua. - Você é livre, ou ao menos deveria ser. Por que se prender a correntes que nem deveriam estar ali?

Aquelas palavras ecoaram na mente de Freya, mexendo em um ponto delicado que ela tentava ignorar. Era verdade que o relacionamento com Aveline era intenso e cheio de paixão, mas havia momentos em que ela sentia o peso das expectativas e da necessidade constante de provar seu amor. E Elora, com suas palavras venenosamente doces, sabia exatamente onde tocar.

Freya deu um passo para trás, criando um espaço entre as duas. - Você é boa com palavras, Elora. Mas não sou tão fácil de manipular.

Elora sorriu, como se esperasse exatamente essa resposta. - Não estou tentando manipular você, Freya. Só estou mostrando que você tem escolhas. Aveline pode ser uma rainha, mas isso não significa que você tenha que se curvar aos desejos dela. Você é muito mais do que uma amante escondida nos corredores do castelo.

As palavras de Elora atingiram Freya em cheio, trazendo à tona dúvidas que ela tentava reprimir. Era verdade que ela e Aveline viviam algo perigoso, algo que poderia desmoronar a qualquer momento. Mas Freya não queria ser usada como uma peça no jogo político de Elora, ou de quem quer que fosse. Ela queria viver suas próprias escolhas, não ser moldada pelos desejos alheios.

- Eu sei quem sou, Elora. E sei o que estou fazendo aqui. Se pensa que pode me usar para seus próprios fins, está enganada.

Elora deu de ombros, mas seu sorriso não desapareceu. - Não estou tentando usar você, Freya. Só estou tentando te mostrar que há mais opções do que aquelas que você está se permitindo ver.

Freya respirou fundo, sentindo a mistura de frustração e confusão se agitar dentro dela. Por mais que quisesse negar, Elora estava plantando sementes de dúvida. E o mais perigoso de tudo era que Freya não tinha certeza se aquelas dúvidas eram inteiramente sobre Elora... ou sobre Aveline.

Antes que pudesse responder, ela ouviu uma voz distante chamando seu nome. Era Aveline, provavelmente procurando por ela nos jardins. Freya sentiu o estômago revirar, sabendo que mais uma vez estaria presa no meio desse turbilhão de emoções e escolhas.

Elora deu um passo para trás, como se já soubesse o que estava prestes a acontecer. - Eu não vou forçar nada, Freya. Mas pense bem nas correntes que está aceitando. Nem sempre o amor é suficiente para segurá-las.

Com essas palavras, Elora se virou e desapareceu nos corredores, deixando Freya sozinha no jardim, com a mente ainda mais tumultuada do que antes.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora