Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e Freya

36- O Peso do Silêncio

Capítulo 36: O Peso do Silêncio

Freya estava em seus aposentos, olhando pela janela para os jardins abaixo. O vento balançava suavemente as folhas das árvores, e o mundo lá fora parecia tão tranquilo, tão distante da tempestade que se agitava dentro dela. O castelo, que sempre fora seu lar, agora parecia uma prisão, com suas paredes pesadas e olhares vigilantes.

Ela respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que a consumia. A cada dia que se aproximava do casamento de Aveline com Aldric, o peso do seu plano parecia mais insuportável. Ela sabia o que precisava ser feito, mas isso não tornava as coisas mais fáceis.

“Eu vou buscá-la”, repetia Freya para si mesma. Depois do casamento, elas fugiriam juntas. Era a única solução que via para o futuro que ambas desejavam, mas o plano estava cheio de riscos. Não era apenas a segurança delas que estava em jogo, mas também suas reputações, suas vidas. Se falhasse, tudo poderia desmoronar.

"Você está louca?" ela pensou, rindo suavemente de si mesma. A ideia de fugir com Aveline parecia absurda, mas o amor que sentia era incontrolável. Era isso que a fazia continuar, que alimentava sua coragem.

Ela ouviu uma batida na porta. Sua criada entrou, trazendo um cálice de vinho.

— Como está, minha senhora? — perguntou a criada, com a voz sempre gentil.

— Bem o suficiente. — Freya respondeu, sua voz suave, mas distante. — Deixe o vinho sobre a mesa. Preciso de um momento sozinha.

A criada assentiu e saiu silenciosamente, deixando Freya sozinha novamente com seus pensamentos.

Ela se virou para a mesa, pegando o cálice e girando-o lentamente em suas mãos, observando o líquido vermelho balançar no interior. Vermelho como o sangue que poderia ser derramado se seu plano falhasse. Vermelho como a paixão que a consumia por Aveline.

Mas algo a incomodava. Ela sabia que Elora andava mais atenta do que de costume, e isso não era bom. Freya não confiava em Elora, nunca confiara. Havia algo nos olhos daquela mulher, sempre observando, sempre calculando. Era como se ela soubesse mais do que dizia. Freya precisava ser cuidadosa.

Freya tomou um gole do vinho, tentando afastar esses pensamentos. Não podia se deixar levar pela paranoia agora. O que importava era que, depois do casamento, ela e Aveline estariam livres. Ir para um novo reino seria arriscado, mas Freya já havia começado a preparar tudo. Seus contatos fora dos muros de Draven estavam prontos para ajudá-las a desaparecer sem deixar rastros.

Ela fechou os olhos, imaginando como seria quando finalmente estivessem longe. Aveline seria sua, completamente. Sem mais segredos, sem mais mentiras. Elas poderiam viver juntas, longe das obrigações da corte, longe de Aldric e de tudo que as prendia aqui. Esse pensamento a reconfortava, como um calor suave em meio à frieza de sua realidade.

Mas, mesmo com esse sonho, algo dentro dela ainda vacilava. O olhar triste de Aveline nos últimos dias não lhe escapara. Freya sabia que Aveline estava lutando contra si mesma. Ela amava Aldric de uma maneira que Freya nunca entenderia, e isso era uma ameaça ao seu plano. Aveline sempre fora uma pessoa de dever, e o peso de sua escolha poderia esmagá-la.

Freya abriu os olhos, sentindo o peso da responsabilidade cair sobre seus ombros. Ela teria que agir logo, antes que o casamento acontecesse e as coisas ficassem irreversíveis. Mas, mais do que isso, ela teria que convencer Aveline a acreditar nesse futuro juntas. Aveline precisava confiar nela, mesmo que o plano fosse arriscado.

De repente, Freya sentiu uma leve pontada de insegurança. E se Aveline não a seguisse? E se ela escolhesse o caminho mais seguro, o caminho com Aldric?

"Não", Freya balançou a cabeça, espantando os pensamentos. "Ela me ama. Sei que me ama."

Decidida, ela se levantou e caminhou até a janela novamente, olhando para os jardins onde, semanas atrás, ela e Aveline haviam compartilhado momentos que mudariam tudo. Freya sabia que estava jogando um jogo perigoso, mas o amor que sentia por Aveline era mais forte do que qualquer risco.

Naquele momento, ela fez uma promessa a si mesma. Não importava o que acontecesse, ela não deixaria Aveline para trás. Mesmo que isso significasse destruir tudo ao seu redor.

Enquanto o sol começava a desaparecer no horizonte, Freya murmurou para si mesma:

— Estou chegando, Aveline. Eu prometo.