A bondade em meio ao caos- Matthew

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Matthew era um garotinho amado por todos, ele sempre teve um bom relacionamento familiar, sua mãe Martha era uma linda mulher.

Seus cabelos castanhos claros, seus olhos amendoados marrom, o rosto pouco marcado, mesmo com a idade um tanto avançada,  ela não era tão baixa mas também não era alta, poderia dizer que ela estava na média, ela era magra, mas não tão magra.

Ela sempre foi gentil com todos, principalmente com seu filho, ela sempre se empenhou para dar do bom e do melhor para ele.

Seu pai, Ruan ao contrário de Martha sempre foi uma pessoa agressiva,E quando ficava bêbado era pior.

Matthew lembrava de um dia assim

Ruan tinha saído para beber com uma amigos, Martha aproveitou para bom arrumar a casa,

Matthew tinha acabado de chegar da escola,quando encontrou sua mãe,  sentada no chão, com os braços erguidos como se pedisse clemência, e seu pai com uma cinta em mãos,

[..]

A tensão no ar era palpável. Martha tentava manter a calma, os olhos marejados enquanto encarava Ruan, que mais uma vez estava fora de si. As discussões entre eles haviam se tornado rotina, mas naquela noite, Matthew não conseguiria apenas assistir.

— Você acha que pode me desafiar, Martha? — Ruan rugiu, aproximando-se com passos pesados, as mãos cerradas em punhos de raiva. — Eu já disse para não me contrariar!

Martha deu um passo para trás, trêmula, as lágrimas começando a rolar por seu rosto. Ela sabia o que viria a seguir. Ruan ergueu a mão, pronto para desferir mais um golpe que carregava toda sua ira acumulada. Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma figura se interpôs entre eles.

— Não! — Matthew gritou, com a voz firme e determinada, estendendo os braços como um escudo à frente da mãe. — Se você quiser bater nela, vai ter que passar por mim primeiro.

O mundo parecia parar por um momento. Martha ofegou, incapaz de acreditar no que estava vendo. Seu filho, seu menino, agora estava ali, enfrentando o próprio pai para protegê-la.

Ruan o encarou, os olhos flamejando de fúria. — Sai da minha frente, moleque! — Ele rosnou.

— Não vou sair. — Matthew firmou os pés no chão, desafiador, mesmo sabendo o que aquilo significava.

Sem pensar duas vezes, Ruan o empurrou com brutalidade. Matthew cambaleou, mas se manteve de pé. Isso só enfureceu ainda mais Ruan, que num impulso violento, acertou um soco no estômago do filho. Matthew se curvou de dor, lutando para respirar, mas não caiu.

— Matthew! — Martha gritou, tentando puxá-lo para longe, mas o menino se manteve firme, determinado a ser o muro entre o pai e a mãe.

Ruan, agora completamente dominado pela raiva, agarrou Matthew pelo colarinho e o jogou contra a parede, acertando outro golpe em seu rosto. Martha implorava, desesperada.

— Para, Ruan! Ele é só um garoto! — Ela tentou se aproximar, mas Matthew levantou a mão, mesmo machucado, para que ela não interferisse.

— Eu estou bem, mãe. — A voz de Matthew estava trêmula, mas decidida. — Não vou deixar ele te machucar.

Ruan, respirando pesadamente, olhou para o filho por um instante, o punho ainda cerrado, mas a intensidade de seus golpes diminuiu. Talvez o choque de ver seu próprio filho, machucado, mas ainda de pé, o fez recuar por um momento.

Martha finalmente alcançou Matthew, envolvendo-o nos braços, as lágrimas rolando livremente agora. — Meu Deus, Matthew... — sussurrou, apertando-o com força.

Ruan, ainda ofegante, balançou a cabeça, sem dizer uma palavra, e saiu da casa batendo a porta com força. O silêncio que ficou para trás era pesado, mas Matthew sabia que, por aquela noite, ele havia conseguido proteger a mãe.

[.. ]

Ruan era um homem perigoso, dono de uma boca de fumo que controlava parte do tráfico da região. Com um passado repleto de crimes, ele já havia sido preso diversas vezes, mas sempre conseguia escapar graças a seus contatos no submundo. Agora, foragido da polícia, vivia em constante fuga, mudando de esconderijo a cada semana, enquanto mantinha sua família presa em uma teia de violência e medo.

Martha, sua esposa, tentava manter a casa em ordem e proteger seu filho, Matthew, das constantes explosões de raiva de Ruan, mas sabia que a qualquer momento a polícia poderia aparecer e levá-lo de volta, ou pior, que algum acerto de contas do tráfico acabaria envolvendo todos eles.

Matthew, por sua vez, cresceu rápido demais, forçado a lidar com o temperamento violento do pai e a responsabilidade de proteger a mãe. Apesar de tudo, ele nunca se intimidou, mas as marcas da violência e da vida cheia de perigos eram evidentes em cada cicatriz, tanto física quanto emocional.

[... ]

Ruan tinha se envolvido em mais um crime ousado Ele planejou cada detalhe, acreditando que seria o golpe perfeito para conseguir uma grande quantia de dinheiro.Mas Ruan subestimou a força e a astúcia de Adeline.

Martha estava em casa quando a polícia chegou. A batida na porta a fez estremecer. Ela sabia que algo estava errado, mas não podia prever a gravidade da notícia que estava prestes a receber. Um dos policiais, com olhar sério, informou-a sobre o desfecho trágico.

— Seu marido, Ruan... foi morto durante o sequestro de uma criança — o policial disse, sua voz firme, mas não sem um toque de compaixão.

Martha, atônita, deixou a xícara de café cair das mãos. Ela se sentiu afogada em uma mistura de alívio e choque. Por mais que o temesse e soubesse da sua crueldade, o fato de Ruan estar morto a deixou sem chão.

Ela ficou ali, em silêncio, processando a notícia. A pessoa que durante anos aterrorizou sua vida agora não existia mais, e com isso veio o peso da liberdade, mas também da incerteza.

Matthew cresceu em um ambiente de caos e violência, mas, contra todas as probabilidades, ele se recusou a ser moldado pelo medo e pela crueldade que marcaram sua infância. Após a morte de seu pai, Ruan, e os anos de sofrimento que ele e sua mãe, Martha, enfrentaram, Matthew decidiu trilhar um caminho completamente diferente.

Ainda muito jovem, ele percebeu que poderia ser alguém melhor. O ódio que muitos esperavam que ele carregasse consigo não encontrou espaço em seu coração. Pelo contrário, Matthew se tornou alguém profundamente gentil e sensível. Ele era o tipo de pessoa que sempre via o melhor nos outros, mesmo quando ninguém mais conseguia.

Na escola, Matthew era conhecido por ser aquele que ajudava todos ao seu redor. Quando seus colegas passavam por dificuldades, ele estava sempre disposto a ouvir e oferecer um ombro amigo. Seus professores frequentemente elogiavam sua empatia e dedicação, notando como ele fazia questão de cuidar dos mais frágeis, de se preocupar com os pequenos detalhes que muitos ignoravam.

Em casa, ele se dedicava a cuidar de Martha, que ainda carregava as cicatrizes emocionais do passado. Ele a tratava com uma ternura infinita, como se cada ato de gentileza fosse uma tentativa de apagar, aos poucos, as sombras que Ruan havia deixado. Ao contrário do pai, Matthew acreditava que o amor era a força mais poderosa e que, através dele, poderia curar as feridas mais profundas.

Quando se tornou adulto, Matthew escolheu uma carreira onde pudesse fazer a diferença na vida dos outros. Ele se formou em psicologia, especializado em ajudar vítimas de traumas e violência doméstica, inspirado por sua própria história. Seus pacientes se sentiam à vontade ao seu lado, e ele se tornou um porto seguro para aqueles que haviam sofrido como ele um dia sofreu.

Gentil, amoroso e profundamente empático, Matthew era o oposto de tudo que Ruan havia sido. Ele provou para si mesmo, e para o mundo, que o passado não define o futuro, e que mesmo nas piores circunstâncias, é possível encontrar o caminho da luz e da bondade.

Sick  stallkerOnde histórias criam vida. Descubra agora