Capítulo 41

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Com o passar dos dias, Andy continuou a aparecer nas noites, sempre com um sorriso enigmático e uma conversa persuasiva. Ele trazia um ar de mistério e emoção que parecia atraente para Adeline, que, aos poucos, começou a se abrir para ele. Suas conversas se tornaram cada vez mais frequentes, e Adeline começou a confiar nele, esquecendo-se do apoio constante de Ayllia e do grupo.

— Você não tem que se preocupar com o que os outros pensam — Andy disse certa noite, enquanto estavam sentados no pequeno sofá do quarto de Adeline, a luz fraca de uma lâmpada iluminando seus rostos. — Você é forte, e não precisa se prender a ninguém.

Adeline olhou para ele, sua expressão fria começando a suavizar. Havia algo intrigante em Andy, uma atração que ela não conseguia ignorar.

— Eu só quero ser livre — ela respondeu, sua voz baixa. — E não quero ser a pessoa que era antes.

Andy sorriu, um sorriso que parecia esconder segredos.

— Então venha comigo, Adeline. Você pode ser quem realmente deseja ser.

Na faculdade, Adeline começou a se mostrar mais distante, ignorando Ayllia e os outros. Seu comportamento mudou drasticamente, e ela se tornava uma figura fria e manipuladora. Os professores e colegas começaram a notar, e muitos se perguntavam o que havia acontecido com a Adeline que costumavam conhecer.

No trabalho, sua nova atitude se intensificou. Ela se tornou a funcionária que todos temiam, um verdadeiro fúria. A falta de empatia e o jeito cruel de lidar com as pessoas faziam com que a equipe se sentisse no fio da navalha. Aquela não era a Adeline que eles conheciam, e a mudança era alarmante.

— O que aconteceu com você? — perguntou Raphael, um colega de trabalho que sempre teve uma certa preocupação com ela. Ele a observou com uma expressão séria, sem saber como lidar com a nova Adeline. — Você não é assim.

Adeline virou-se para ele, os olhos frios e desprovidos de emoção.

— Você não entende. Eu sou quem eu quero ser agora. E você não tem nada a ver com isso — respondeu, sua voz cortante.

Raphael deu um passo para trás, surpreso com a frieza dela. Aquelas palavras não eram apenas um insulto, mas também uma confirmação do que Andy estava fazendo com Adeline. Ela estava se afastando deles, e isso o preocupava.

— Ninguém aqui conhece a verdadeira Adeline. A Adeline que acordou do coma é a verdadeira — ele disse em uma reunião, olhando para os outros enquanto tentava reunir apoio. — Ela não precisa mais de nós, e isso é perigoso.

Os outros murmuraram entre si, refletindo sobre o que Raphael dissera. Havia uma verdade sombria em suas palavras. A Adeline que eles conheciam, cheia de vida e calor, parecia ter se perdido. A nova Adeline estava se moldando conforme Andy desejava, uma versão que se afastava de quem ela realmente era.

Durante um intervalo, Ayllia tentou abordar Adeline novamente, mas a frieza dela era intransigente.

— Adeline, por favor, volta para nós. Você não precisa fazer isso — Ayllia pediu, sua voz cheia de súplica.

Adeline olhou para ela, e por um breve momento, uma expressão de dúvida cruzou seu rosto. Mas logo foi substituída pela máscara de indiferença que Andy havia ajudado a criar.

— Eu não sou mais quem você pensa que sou, Ayllia. E não preciso de você nem de ninguém — respondeu, antes de se afastar, deixando Ayllia em choque.

Andy, que estava observando à distância, sorriu satisfeito com o progresso. Ele havia conseguido afastar Adeline de seu grupo e plantado as sementes de dúvida sobre sua própria identidade. A cada dia, a influência dele sobre ela crescia, enquanto a conexão com Ayllia e o resto do grupo diminuía.

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