Capítulo 57

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Naquela mesma noite, depois de se certificar de que todos estavam dormindo, Adeline saiu silenciosamente do quarto de hóspedes da casa de Ayllia. Ela foi até a cozinha, onde sabia que teria privacidade para ligar para Raphael.

— Eles estão começando a desconfiar de mim — sussurrou, mal contendo a frustração.

— Relaxa, Adeline — Raphael respondeu do outro lado, a voz dele carregada de diversão. — Você está fazendo um bom trabalho. Eles nunca vão adivinhar que você é a "amiga nova" ajudando o stalker.

— Não é isso que me preocupa — ela murmurou, andando de um lado para o outro. — Ayllia está observando cada movimento meu. Ela já deve estar com a pulga atrás da orelha.

Raphael riu levemente. — Isso é ótimo. Mantém a tensão viva. O jogo só fica mais interessante quando as coisas estão prestes a desmoronar, não acha?

Adeline parou e respirou fundo. Ele estava se divertindo, enquanto ela sentia o peso da culpa e do perigo crescendo a cada dia. — Isso não é um jogo para mim, Raphael. Eu não vou deixar que tudo desabe sobre mim. Se eles descobrirem...

— E o que você vai fazer? — Raphael a interrompeu com uma voz calma, quase melódica. — Você já está muito envolvida. Mesmo que quisesse, não conseguiria sair disso sem levantar ainda mais suspeitas.

Adeline sabia que ele estava certo, mas odiava admitir. Cada dia se tornava mais sufocante. Quanto mais ela fingia ser parte do grupo que caçava o stalker, mais sentia o medo de ser descoberta crescendo.

— Você tem que relaxar — Raphael continuou. — Se eles começarem a te pressionar demais, inventa alguma coisa. Faz o Andy aparecer de novo, coloca Otto numa situação mais intensa. Isso vai tirar o foco de você.

Adeline fechou os olhos, sentindo a cabeça latejar. Era arriscado, mas a única opção que tinha. Raphael sempre parecia ter uma resposta para tudo, mesmo que a solução fosse colocar alguém em risco.

— Certo — ela disse, finalmente. — Vou fazer isso.

— Sabia que você ia concordar. Você gosta desse jogo mais do que admite — Raphael comentou, antes de encerrar a ligação.

Adeline desligou o telefone e permaneceu em silêncio na cozinha, olhando para a janela que dava para o quintal escuro. A tensão dentro dela parecia insuportável, mas, ao mesmo tempo, havia uma parte que ainda resistia. Uma parte que se alimentava daquele caos.

Voltou para o quarto com o coração pesado, mas com um plano na cabeça.

***

Nos dias que se seguiram, Adeline começou a plantar pequenas pistas para intensificar a paranoia de Otto. Todo o grupo estava focado nele agora, e Raphael ajudava enviando mensagens anônimas que implicavam que Otto estava sendo seguido.

Numa tarde chuvosa, enquanto todos estavam reunidos na sala de Ayllia, discutindo as mensagens mais recentes, Adeline manteve sua postura de preocupação.

— Não sei como a gente vai proteger todo mundo — disse Fernando, claramente frustrado. — O Andy está um passo à frente da gente o tempo todo.

— Talvez a gente esteja olhando para o lugar errado — sugeriu Ayllia, lançando um olhar rápido para Adeline, que disfarçou o incômodo.

— E se o Andy estiver brincando com as nossas cabeças? — Adeline falou, mantendo a voz calma. — Já vimos isso antes. Ele mexe com a nossa percepção da situação.

Otto, agora visivelmente abalado, esfregou as mãos no rosto, como se estivesse tentando apagar o nervosismo. — Eu só não entendo por que ele me escolheria como alvo.

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