Capítulo 38

3 0 0
                                    

O segundo mês começou com um ar de expectativa, mas também de incerteza. As semanas passaram como um borrão, cada dia misturando-se ao outro, repleto de momentos de ansiedade e esperança. O mural que o grupo havia criado para Adeline tornara-se um ponto de encontro, um espaço onde suas memórias vivas se entrelaçavam com a luta da amiga.

Ayllia, Fernando, Otto, Jade, Raphael, Mathew, Amber e Naomi agora se revezavam para visitar Adeline. Embora a dor da ausência ainda estivesse presente, o apoio mútuo estava começando a fazer diferença. O grupo decidiu que, a cada visita, levariam algo especial — um livro que Adeline adorava, flores frescas, ou até mesmo um novo desenho feito por Mathew.

— Adeline sempre dizia que flores são o sorriso da natureza — comentou Amber, enquanto arrumava um vaso na mesa ao lado da cama de Adeline. — Então, precisamos trazer muitas para ela.

Enquanto observava o grupo cuidar de Adeline, Ayllia não pôde deixar de pensar em como suas vidas mudaram desde que tudo começou. As conversas se tornaram mais profundas, as risadas, mais raras, mas também mais sinceras. As amizades que antes pareciam superficiais agora se tornaram um refúgio, um abrigo em tempos de tempestade.

Certa noite, enquanto o grupo se reunia no café do hospital, Ayllia percebeu que o clima era mais pesado do que o habitual. O silêncio era opressivo, e todos pareciam pensar no mesmo assunto.

— Eu sinto que estamos perdendo Adeline a cada dia — disse Jade, seus olhos marejados. — E se ela nunca voltar?

Ayllia sentiu um aperto no coração. Era uma pergunta que a assombrava constantemente, mas ela não queria que os outros percebessem a fragilidade de sua esperança.

— Não podemos pensar assim — respondeu Ayllia, forçando-se a ser otimista. — Precisamos acreditar que ela vai voltar, e que, quando isso acontecer, estaremos prontos para recebê-la.

Raphael, que sempre estava ao lado de Ayllia, começou a assumir um papel mais ativo no grupo. Ele se tornava o porta-voz da esperança, sempre encontrando formas de encorajar a todos. Em uma de suas conversas, ele falou sobre o poder da força coletiva.

— Adeline sempre nos dizia que a união é o que nos fortalece. Se continuarmos juntos, poderemos fazer dela uma guerreira — comentou ele, seu olhar intenso capturando a atenção de todos.

O grupo começou a se unir em torno dessa ideia, cada um contribuindo de maneira única. Algumas noites, eles organizavam vigílias, acendendo velas ao lado da cama de Adeline e compartilhando histórias que ela amava. Outras, assistiam a filmes que a faziam rir, lembrando-se de momentos alegres.

Com o tempo, Ayllia começou a perceber que a dor não era o único sentimento que a envolvia. A alegria das memórias de Adeline começou a misturar-se com a tristeza, e ela sentia uma nova determinação surgindo dentro de si. O grupo não apenas estava esperando a volta de Adeline, mas estava criando um espaço de amor e apoio que a amiga sempre valorizara.

Certa tarde, enquanto Ayllia organizava os desenhos que Mathew havia feito, ela sentiu um pequeno movimento na mão de Adeline. O coração dela disparou.

— Adeline! — sussurrou, segurando a mão da amiga com força. — Você está me ouvindo? Por favor, volte para nós.

No quinto dia do segundo mês, algo mudou. A manhã estava tranquila quando Ayllia chegou ao hospital, um sentimento de expectativa no ar. O grupo se reuniu, como de costume, mas desta vez havia um brilho diferente nos olhos de Raphael.

— Ayllia, você não vai acreditar — começou ele, a voz trêmula de emoção. — O médico disse que houve uma leve melhora no estado da Adeline. Ela pode estar ouvindo nossas vozes!

Sick  stallkerOnde histórias criam vida. Descubra agora