Capítulo 50

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O grupo estava espalhado pela sala de estar da casa de Adeline, ainda se recuperando dos últimos eventos intensos. A tensão no ar começava a se dissipar conforme a conversa fluía, com Jade, Naomi e Amber comentando sobre uma viagem que tinham planejado há meses.

— Eu quase esqueci dessa viagem! — exclamou Jade, jogando o cabelo para trás e rindo. — A gente já tinha combinado de ir, e agora não tem mais como cancelar. Vou precisar viajar amanhã para o outro lado do mundo.

— Isso mesmo — concordou Naomi, olhando para o grupo. — Vamos ficar um tempo fora, mas prometo que volto o mais rápido possível.

— Amber também vai com a gente, né? — completou Naomi, virando-se para ela.

— Sim, já tá tudo organizado. Não se preocupem, vamos e voltamos antes que vocês percebam — Amber disse com um sorriso, embora a ideia de deixar a situação para trás, mesmo que temporariamente, a deixasse um pouco ansiosa.

— E aí, vocês três vão deixar a gente sozinho? — brincou Otto, forçando um sorriso, mas claramente preocupado com a ideia de ficar só com a tensão crescente no ar.

Fernando riu, mas sua expressão estava igualmente cautelosa. — Parece que vai sobrar pra gente. Mas a gente dá conta, né?

Mathew, que estava mais quieto durante a conversa, pigarreou antes de falar. — Bom, na verdade, eu também vou precisar viajar. Tenho um compromisso de trabalho na faculdade que não dá pra adiar. É chato, mas eu tenho que ir.

Ayllia, que estava encolhida em um canto do sofá, olhou de lado para Mathew, surpresa. — E quando você vai?

— Amanhã também — respondeu ele. — Vou ter que deixar vocês na mão.

O clima na sala mudou levemente, com Fernando e Otto trocando olhares. Ficaria um grupo reduzido: Fernando, Otto, Ayllia e... Adeline. Todos estavam cientes de que a atmosfera ao redor de Adeline estava diferente. Ela parecia mais distante, mais enigmática, especialmente depois dos últimos acontecimentos, mas ninguém estava disposto a comentar diretamente.

— Parece que vamos ficar só nós quatro — comentou Ayllia, tentando soar casual, mas a incerteza era clara em sua voz. Ela olhou brevemente para Adeline, que estava quieta, como se estivesse em outro mundo.

Adeline, que até então estava em silêncio, voltou sua atenção para o grupo, o olhar frio mas com um sorriso suave nos lábios.

— Não se preocupem. Acho que vamos nos divertir juntos. — Sua voz soou suave, quase reconfortante, mas havia uma certa sombra ali que os outros não conseguiram ignorar.

Fernando tentou quebrar o silêncio desconfortável que se seguiu. — Bem, então... acho que vamos ter que cuidar uns dos outros. Não deve ser tão ruim assim, certo?

Otto assentiu, mas o desconforto no ar era palpável. A ideia de ficarem sozinhos com Adeline, após tudo o que havia acontecido, deixava o grupo um pouco apreensivo. Mesmo que eles não dissessem em voz alta, todos sabiam que algo não estava certo, que havia mais coisas acontecendo do que eles poderiam entender.

Adeline, por outro lado, permanecia tranquila. Ela observava a inquietação em cada um deles, sabia que estavam desconfiados, mas isso apenas a divertia. Eles estavam completamente alheios ao verdadeiro jogo. Ela sabia exatamente o que estava acontecendo, mas mantinha sua máscara de inocência. Afinal, ela era uma mestre nisso.

— Vamos fazer disso algo interessante — disse ela baixinho, mais para si mesma do que para os outros, enquanto observava o grupo que, em breve, ficaria reduzido.

A sala ficou em silêncio por alguns segundos após o comentário de Adeline. Otto, sempre o mais curioso, foi o primeiro a quebrar o gelo, tentando trazer a conversa de volta para um tom mais leve.

— Então, que horas vocês partem amanhã? — perguntou ele, cruzando os braços enquanto olhava para Jade.

— Nosso voo é bem cedo, na verdade. Acho que saímos de casa por volta das 5 da manhã — respondeu Jade, enquanto conferia o celular, relembrando os detalhes.

— Cinco da manhã? — Fernando fez uma careta, jogando a cabeça para trás. — Vocês são corajosas. Só de pensar em acordar essa hora já me dá sono.

Naomi riu, esticando os braços. — É o preço da aventura! Temos que estar no aeroporto com bastante antecedência, então, saindo às 5h, chegamos a tempo de fazer tudo com calma.

— A gente podia ir com vocês até o aeroporto — sugeriu Ayllia, seu tom leve, mas genuíno. — Não é como se tivéssemos muito o que fazer por aqui. E seria uma forma de nos despedirmos adequadamente.

— Isso seria legal — concordou Amber, olhando para Naomi e Jade. — Mas vocês vão conseguir acordar tão cedo assim?

— Isso aí, acho que vocês não têm a nossa força de vontade matinal — provocou Naomi, rindo. — Mas se realmente quiserem ir, seria ótimo ter companhia no caminho.

— A questão não é só acordar — disse Otto, se levantando do sofá. — Podemos fazer um café da manhã rápido antes de vocês irem. O que acham?

— Bom, eu não vou dizer não para café da manhã — respondeu Amber com um sorriso, relaxando um pouco mais. — Mas não quero que vocês se sacrifiquem por nós. Podemos nos virar sozinhas.

— Nah, a gente se sacrifica por vocês — brincou Fernando. — Afinal, quem mais vai garantir que vocês não vão esquecer as malas em casa?

— Ah, com certeza, as esquecidas são elas — Naomi ironizou, dando uma cotovelada de leve em Amber e Jade, que riram.

Adeline, que estava observando a troca de piadas com um pequeno sorriso no rosto, finalmente falou:

— Acho uma boa ideia — disse ela suavemente. — Podemos todos acordar cedo e acompanhar vocês até o aeroporto. Não custa nada, e vai ser bom nos despedirmos.

O grupo concordou, com algumas brincadeiras sobre a luta para acordar tão cedo, mas no fundo, todos estavam aliviados por terem uma razão para manter a união diante da estranheza recente.

Com tudo decidido, a conversa se encaminhou para outros assuntos mais leves, mas o ar ainda carregava um certo peso invisível. Todos sabiam que, no fundo, aquela despedida temporária escondia muito mais do que pareciam admitir.

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