Capítulo 56

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Adeline saiu de casa assim que a tensão entre os amigos diminuiu. O medo de que suas mentiras fossem descobertas a sufocava, e ela precisava de uma pausa para pensar com clareza. Caminhando até um beco isolado, onde costumava se encontrar com Raphael, ela olhou ao redor para garantir que não estava sendo seguida.

Assim que avistou a figura sombria de Raphael, encostado casualmente em uma parede, ela apressou o passo. Ele a observava com um sorriso provocador, como se já soubesse o que estava prestes a acontecer.

— Eles estão começando a desconfiar de mim — ela disse, a voz um pouco mais alta do que pretendia. — Ayllia fez um comentário hoje... Algo sobre eu estar sempre no lugar certo, na hora certa.

Raphael arqueou uma sobrancelha, visivelmente despreocupado. — Eu avisei que isso ia acontecer eventualmente. Eles não são tão burros quanto você gostaria, Adeline.

Ela revirou os olhos, impaciente. — Esse não é o ponto. Se Ayllia continuar com essas suspeitas, vai colocar tudo a perder. Precisamos desacelerar. Seus ataques estão ficando cada vez mais ousados, e isso só está deixando eles mais alertas.

Raphael deu um passo à frente, estreitando os olhos. — Desacelerar? Eu estou me divertindo. Você realmente acha que pode controlar tudo, não é? Mas parece que o controle está escapando das suas mãos.

Adeline bufou, cruzando os braços. — Isso não é sobre diversão, Raphael. É sobre o plano. Se eles começarem a me questionar, tudo o que fizemos vai desmoronar. Você quer isso? Ser descoberto e acabar sem nada?

Raphael a observou por alguns instantes, o sorriso em seu rosto diminuindo um pouco. Ele sabia que Adeline tinha razão, mas gostava da sensação de poder que aquele jogo proporcionava. Havia algo intoxicante em saber que ele estava no controle das vidas daqueles adolescentes, e ainda mais em ver Adeline presa em suas próprias teias.

— Então o que você sugere? — ele finalmente perguntou, a voz baixa e carregada de desdém. — Quer que eu pare de "brincar"?

Adeline respirou fundo, tentando manter a calma. — Não parar, só mudar a abordagem. Precisamos ser mais sutis. Ayllia não pode ser a única a suspeitar. Precisamos de outro alvo, alguém que mude o foco, que os distraia de mim.

Raphael inclinou a cabeça, como se estivesse considerando a ideia. — Você quer que eu encontre outro "amigo" para brincar? Ou talvez um de seus próprios amigos?

Ela estreitou os olhos. — Não. Precisamos fazer parecer que o stalker está mais obcecado por outra pessoa. Alguém que vai desviar a atenção de mim, como... Otto. Ele é inteligente, mas emocional. Vai se descontrolar se sentir que está sendo caçado de verdade.

Raphael sorriu, um brilho maligno em seus olhos. — Interessante. E como pretende fazer isso?

Adeline suspirou, tentando não mostrar o quanto estava nervosa. — Eu vou sugerir que Otto é o próximo alvo. Vou fingir que o stalker está deixando pistas sobre ele. E você vai garantir que essas pistas apareçam nos lugares certos. Isso vai deixá-lo mais vulnerável, e o foco vai sair de mim. Mas, por favor, Raphael... Sem exageros. Só o suficiente para mexer com ele.

Raphael a encarou por mais alguns segundos, avaliando seu plano. Ele finalmente assentiu lentamente, embora o sorriso em seu rosto denunciasse que ele estava gostando mais do que deveria. — Certo. Vamos brincar um pouco com Otto. Mas lembre-se, Adeline... quanto mais você se envolve nisso, mais difícil será sair depois.

Adeline o ignorou, virando-se para sair. Sabia que Raphael tinha razão, mas não havia mais volta. Ela estava presa em seu próprio jogo e, agora, precisava jogar até o fim, mesmo que isso significasse perder mais do que estava disposta.

Sick  stallkerOnde histórias criam vida. Descubra agora