Capítulo 46

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Adeline decidiu sair de casa, sentindo que precisava de um pouco de ar fresco. A noite estava fria, e a brisa suave acariciava seu rosto enquanto ela caminhava até a varanda do apartamento de Ayllia. Para sua surpresa, encontrou Raphael encostado na parede, fumando um cigarro, a fumaça se dissipando no ar noturno. Ele parecia alheio ao mundo ao seu redor, mas ao notar a presença dela, um sorriso discreto surgiu em seu rosto.

— Você quer? — ele perguntou, oferecendo o cigarro a ela.

Adeline hesitou por um momento, contemplando a ideia de experimentar algo tão simples, mas que parecia tão longe de sua nova realidade. No entanto, algo em Raphael a atraía, uma curiosidade misturada com um desejo de saber mais sobre si mesma. Ela aceitou, pegando o cigarro e dando uma tragada, sentindo o sabor amargo se misturar à sua boca.

— Você nunca foi assim — Raphael começou, observando-a com intensidade. — Antes, você era diferente. Mais... leve. Todos estão esperando que você volte a ser quem era.

Ela olhou para ele, seus olhos escuros buscando os dele. — Eu sei quem você realmente é, Raphael. E sei o que você quer.

A expressão dele mudou imediatamente, seus olhos se estreitando com uma mistura de surpresa e irritação. Ele se afastou da parede e se aproximou dela, pegando-a pelo colarinho com força, sua voz baixa e ameaçadora. — E quem você acha que eu sou?

Adeline não recuou. Em vez disso, aproximou-se dele, soltando a fumaça lentamente de seus lábios, um desafio silencioso em seu olhar. — Eu vou aceitar a proposta, Raphael.

A tensão no ar aumentou, e, por um breve momento, os dois se encararam, cada um desafiando o outro. Raphael, surpreso com a resposta dela, a soltou, os dedos ainda trêmulos enquanto ela se afastava lentamente. O olhar dele era de incredulidade, mas também havia uma centelha de respeito.

Adeline deu um passo atrás e olhou para ele com um leve sorriso, antes de voltar-se e entrar no apartamento, a porta se fechando suavemente atrás dela. A conversa com Raphael a deixou em um estado de reflexão, mas também uma sensação de empoderamento.

Dentro, o ambiente era acolhedor, mas a atmosfera estava carregada com a preocupação que todos sentiam por ela. Ela se misturou ao grupo, fingindo estar presente, mas sua mente ainda girava em torno da proposta que Raphael havia insinuado. Havia algo nele que a atraía, algo que a fazia questionar tudo o que pensava sobre si mesma e sobre quem queria se tornar.

Enquanto os outros conversavam e riam, Adeline se sentou em um canto, sua mente dividida entre a nova vida que estava se formando e a antiga que ela mal podia lembrar. O que Raphael queria dela? E por que ela se sentia tão atraída por esse lado sombrio?

A resposta parecia longe, mas, à medida que a noite avançava, ela sabia que suas decisões começariam a moldar a nova Adeline que estava surgindo, e essa jornada apenas começava.

No sábado de manhã, o sol brilhava intensamente, iluminando o apartamento de Ayllia, mas a atmosfera estava longe de ser alegre. Ayllia, Amber, Naomi, Jade, Fernando, Otto e Mathew se reuniram na sala, as expressões em seus rostos refletindo uma preocupação crescente. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo som da respiração ansiosa de cada um.

— Você viu a Adeline? — Ayllia perguntou pela milésima vez, os olhos vagando pela sala, esperando ver a amiga aparecer com seu jeito descontraído.

— Não, e isso é estranho — Amber respondeu, seu tom tenso. — Ela nunca desapareceria assim sem avisar.

Naomi, com o rosto pálido, olhou para a porta como se esperasse que Adeline entrasse a qualquer momento. — E se aconteceu algo? E se ela não está bem?

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