Capítulo 37

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Os dias continuaram a se arrastar, cada um trazendo uma mistura de desespero e esperança renovada. Ayllia começou a fazer pequenas coisas para manter o espírito de Adeline vivo. Ela trouxe flores para o quarto, sabendo que Adeline sempre adorou cores vibrantes. Naquele espaço estéril e sem vida, as flores se tornaram um símbolo de resistência e vitalidade.

À medida que os meses passavam, Ayllia se viu em uma rotina. As visitas ao hospital tornaram-se uma parte fundamental do seu dia, assim como as conversas animadas com os amigos no corredor. O mural se expandia com novas fotos e memórias, um tributo à amizade que compartilhavam. Ayllia fez questão de incluir cada um dos amigos no processo, e cada um trouxe suas próprias contribuições.

— Olha isso! — exclamou Mathew, apontando para uma foto antiga em que Adeline estava com um enorme sorriso, segurando um troféu de algum concurso. — Lembro como ela ficou tão feliz nesse dia. Eu pensei que nunca conseguiria quebrar seu recorde de pontos.

Todos riram, e o riso de Mathew era como uma luz em meio à escuridão. Ayllia se deu conta de que era nesses momentos que a esperança crescia mais forte, quando compartilhavam suas memórias mais felizes.

— Isso é o que Adeline precisa — disse Jade, pegando a mão de Ayllia. — Ela precisa saber que estamos aqui e que a amamos.

Mas havia dias em que a realidade era difícil de suportar. Às vezes, Ayllia se pegava pensando no que poderia fazer para ajudar Adeline a despertar. Era um sentimento de impotência que a consumia, uma luta constante contra a sensação de que estavam perdendo tempo. Foi em um desses dias sombrios que Ayllia decidiu buscar mais do que apoio emocional.

— Precisamos de ajuda profissional — disse Ayllia em uma reunião com o grupo. — Existe algo mais que podemos fazer, algo além de esperar.

Ayllia começou a pesquisar terapeutas e especialistas que poderiam ajudar no processo de recuperação de Adeline. Ela queria acreditar que, com o apoio certo, sua amiga poderia voltar para eles. O grupo concordou em procurar alternativas, e logo

Logo, começaram a explorar diferentes abordagens. Ayllia contatou terapeutas especializados em cuidados com pacientes em coma e leu sobre métodos que poderiam ajudar na recuperação. Eles discutiram terapias que envolviam música, arte e até mesmo estimulação tátil, acreditando que cada pequena interação poderia fazer a diferença.

— E se fizéssemos sessões de música? — sugeriu Fernando, animado. — Adeline sempre amou música. Podemos tocar as músicas que ela gostava.

Ayllia acenou com a cabeça, sentindo um impulso de esperança. — Isso pode funcionar. A música pode ser uma forma de ela se conectar conosco.

Assim, organizaram uma série de sessões musicais na sala de Adeline. O grupo se revezava em trazer instrumentos e tocar as canções que lembravam a amiga. Nas tardes ensolaradas, a sala do hospital se enchia de melodias e risadas enquanto eles relembravam os momentos felizes que compartilharam. Mesmo que a presença de Adeline fosse invisível, a música criava um espaço onde todos sentiam que ela estava ali, ouvindo.

Na primeira sessão, Ayllia pegou uma guitarra e começou a tocar uma de suas músicas favoritas, enquanto os outros se juntaram em vozes harmoniosas. Cada nota era uma declaração de amor e amizade, e Ayllia se sentiu mais conectada a Adeline do que nunca.

— Eu realmente sinto que ela pode ouvir — murmurou Raphael, observando o rosto de Ayllia enquanto ela cantava. — Esse é o espírito dela.

Os dias se transformaram em semanas, e, com cada sessão, Ayllia começou a notar mudanças sutis. Às vezes, Adeline parecia responder a certas músicas, um leve movimento dos dedos ou uma mudança na frequência respiratória. Essas pequenas vitórias se tornaram o combustível que mantinha a esperança viva.

Na segunda semana de sessões musicais, enquanto todos se preparavam para mais uma tarde de canções, um novo médico entrou na sala.

— Olá, sou o Dr. Malcom — disse ele, seu tom profissional misturado com um toque de empatia. — Estou aqui para discutir o tratamento de Adeline.

Ayllia e o grupo se reuniram em torno dele, a expectativa crescendo. O médico explicou que a terapia de estimulação poderia ser mais intensiva e que eles deveriam considerar um programa que incluísse mais atividades sensoriais.

— A música é uma ótima abordagem — continuou o Dr. Malcom —, mas também devemos incluir estímulos táteis e visuais. Isso ajudará Adeline a se conectar de volta com o mundo.

O grupo ouviu atentamente, absorvendo cada palavra. Eles concordaram em seguir as orientações do médico e expandir as sessões. Era um plano de ação que trazia esperança renovada, e Ayllia sentiu que finalmente estavam indo na direção certa.

— Podemos fazer isso juntos — disse ela, olhando nos olhos dos amigos. — Vamos trazer Adeline de volta.

As semanas seguintes foram um desafio, mas a determinação do grupo era inabalável. Ayllia se tornou a líder das sessões, organizando uma rotina que incluía música, arte e estímulos sensoriais. Cada um dos amigos teve a oportunidade de se envolver e contribuir com suas próprias ideias. A energia positiva preenchia o ambiente, e as paredes do hospital começaram a parecer um pouco menos frias.

Em uma tarde ensolarada, enquanto o grupo estava reunido em torno de Adeline, a atmosfera estava carregada de expectativa. Ayllia estava tocando uma música suave na guitarra quando, de repente, notou algo inusitado.

— Espera! — exclamou, parando de tocar. Todos se viraram para ela, olhos arregalados.

Adeline fez um movimento sutil, uma leve contração dos lábios. O coração de Ayllia disparou. — Você viu isso?

— Eu vi! — respondeu Raphael, mal conseguindo conter a empolgação. — Ela se mexeu!

O grupo ficou em silêncio, observando atentamente. A música continuou a tocar suavemente, e Ayllia começou a falar, sua voz trêmula mas cheia de emoção. — Adeline, nós estamos aqui. Você pode voltar. Estamos todos com você.

Um momento depois, o que parecia um milagre aconteceu. Adeline moveu os dedos mais uma vez, e dessa vez, com um pouco mais de força. O grupo explodiu em alegria, seus rostos iluminados pela esperança.

— Isso é incrível! — gritou Jade, abraçando Ayllia.

— Ela está lutando! — disse Mathew, sorrindo de orelha a orelha.

Ayllia mal conseguia conter as lágrimas. — Sim! Estamos fazendo isso juntos.

A partir daquele dia, a energia positiva ao redor de Adeline se intensificou. As sessões continuaram, e cada pequeno sinal de progresso era celebrado. O grupo se uniu mais do que nunca, e a luta para trazer Adeline de volta tornou-se um objetivo comum, um propósito maior que qualquer um deles poderia imaginar.

Enquanto a primavera se aproximava, trazendo dias mais longos e ensolarados, Ayllia sabia que ainda havia muito a ser feito. Mas, ao olhar para o rosto sereno de Adeline, ela sentia uma força renovada.

— Vamos te trazer de volta, Adeline. Nós vamos fazer isso — prometeu Ayllia, segurando a mão da amiga com força.

E assim, com o amor e a determinação do grupo, a esperança se tornou a luz que guiava todos eles em direção a um futuro onde Adeline estaria de volta, vibrante e cheia de vida.

Sick  stallkerOnde histórias criam vida. Descubra agora