Capítulo 24

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Adeline caminhava em direção à boate, a determinação em seu olhar contrastando com a ansiedade do ambiente ao seu redor. O som pulsante da música se misturava com o murmúrio das vozes, mas sua mente estava focada em uma única missão: descobrir quem havia postado o vídeo que a expôs.

Ao entrar, seu olhar rapidamente se fixou em Lila, que estava no palco, dançando e chamando a atenção de todos. Adeline não hesitou. Com passos firmes, ela subiu até o palco, pegando Lila pelo pescoço com uma firmeza que deixou todos ao redor em silêncio.

— Onde está o celular de Lucas? — Adeline perguntou, a voz baixa e ameaçadora.

Lila, visivelmente assustada, gaguejou. — Eu não sei do que você está falando!

Adeline apertou um pouco mais, e Lila finalmente respondeu, ofegante. — Ele... ele tem o celular! Na sala dos fundos!

Sem pensar duas vezes, Adeline a soltou e se dirigiu à sala. Ao entrar, encontrou Lucas, que a olhou com surpresa. Em um impulso, Adeline pegou o celular dele e, sem hesitar, disparou um tiro.

— Da próxima vez que você fizer isso, o tiro será em você — ela disse, a adrenalina pulsando em suas veias.

Uma risada abafada chamou sua atenção, e ela percebeu que alguém estava gravando tudo de trás da porta. Instintivamente, Adeline abriu a porta com força, fazendo a pessoa cair no chão.

— Você também! — ela gritou, mirando o celular da pessoa e disparando mais um tiro, destruindo o dispositivo.

Mas, antes que pudesse relaxar, Adeline sentiu uma presença familiar: o dono da boate se aproximava, preocupado.

— Adeline! O que está acontecendo? — ele perguntou, tentando entender a situação.

Ela respirou fundo, percebendo que havia ultrapassado um limite. — Desculpe pela confusão. Está tudo bem agora, o problema foi resolvido.

O dono da boate assentiu, embora ainda parecesse apreensivo. Enquanto isso, no fundo, o stalker observava a cena, sua câmera ainda gravando, capturando cada detalhe do que estava acontecendo. A tensão no ar era palpável, e a sensação de que algo maior estava em jogo pairava como uma sombra.

Adeline saiu da sala, a adrenalina ainda correndo em suas veias, sem saber que estava sendo filmada de novo, sua luta agora documentada nas mãos de alguém que a observava de longe. Ela tinha resolvido uma parte do problema, mas a batalha estava longe de acabar.

nalmente, a porta se abriu, e Adeline entrou, com os cabelos ainda molhados e uma expressão neutra. Ao vê-la, o grupo se iluminou, mas a incerteza permanecia. Como poderiam se aproximar dela agora?

Adeline se sentou, e os olhares se voltaram para ela.

— Oi, gente. Desculpem o atraso — ela disse, mas sua voz parecia distante.

— Onde você esteve? — perguntou Jade, tentando captar a atenção dela.

— Tive que resolver algumas coisas... — Adeline respondeu evasivamente, sua mente ainda na boate.

Os amigos trocaram olhares preocupados, e Ayllia, sem conter a frustração, indagou.

— Estava tudo bem? Você não precisa nos esconder nada, sabe?

Adeline sorriu, mas era uma expressão sem calor. — Eu estou bem. Estou sempre bem.

Mas, por dentro, a confusão a consumia. Ela queria que fosse verdade. Em um momento de sinceridade forçada, ela pensou que talvez mentir fosse a melhor opção agora. A proteção que construíra ao redor de si mesma parecia mais segura do que abrir o jogo.

Raphael observou a cena com um sorriso sutil, sabendo que havia deixado sementes de dúvida no grupo. Adeline estava sendo verdadeira? Para ela, era uma batalha interna que ainda não havia terminado. E a verdade, assim como o passado, poderia ser mais complicada do que qualquer um poderia imaginar.

Raphael se levantou, uma expressão de satisfação no rosto.

— Bem, eu vou indo. Aproveitem o resto do lanche — ele disse, piscando para o grupo antes de se afastar.

Os amigos trocaram olhares, o clima pesado ainda pairando no ar.

— Vamos aproveitar que estamos aqui — disse Jade, tentando quebrar a tensão. — Que tal irmos embora juntas?

Naomi assentiu, aliviada por ter alguém ao seu lado.

— Boa ideia. Precisamos de um tempo para conversar, sem essa confusão.

Amber também concordou, levantando-se. — Sim, vamos!

Fernando e Otto, que estavam mais envolvidos em suas conversas sobre jogos, se despediu.

— A gente vai para casa jogar um pouco. Nos vemos depois! — Fernando falou, acenando.

Ayllia olhou para Matthew, que estava ao seu lado, e teve uma ideia.

— Ei, por que não vamos fazer compras? Adeline, você também pode vir. Pode ser divertido!

Adeline hesitou, mas viu a animação nos olhos de Ayllia e decidiu não recusar.

— Por que não? — disse ela, tentando parecer entusiasmada. — Vamos!

Os quatro se dirigiram para a saída da lanchonete, a conversa animada contrastando com a tensão que ainda persistia entre eles. Ayllia estava decidida a se certificar de que Adeline soubesse que estavam ali por ela, independente de qualquer coisa.

— Então, o que vocês querem comprar? — perguntou Matthew, tentando manter o clima leve.

— Vamos procurar algumas roupas novas e quem sabe algo divertido para o fim de semana! — Ayllia sugeriu, animada.

Enquanto caminhavam, Adeline pensava sobre como aquela era uma boa oportunidade para se afastar do peso que a boate e os vídeos a faziam carregar. O sol brilhava lá fora, e, por um momento, ela se deixou levar pela esperança de que talvez tudo pudesse ficar bem.

A jornada até o shopping parecia promissora, e as risadas começaram a voltar, mesmo que lentamente. Ao lado de seus amigos, Adeline sentia que, apesar das incertezas, havia um lugar onde poderia se refugiar e talvez, só talvez, ser verdadeira.

Enquanto estavam no carro, Adeline virou-se para Ayllia, um sorriso travesso nos lábios.

— Ei, você quer dirigir? — perguntou, já imaginando a cena.

Ayllia, animada, não hesitou. — Claro! Adoro dirigir!

Assim que trocaram de lugar, Adeline e Matthew se acomodaram nos bancos de trás. Ayllia ligou o carro e começou a dirigir, mantendo uma velocidade tranquila, quase parando a cada esquina.

Adeline inclinou-se para mais perto de Matthew, sussurrando. — Matthew, se você receber alguma mensagem sobre mim, alguma coisa do tipo, apague e não diga nada para a Ayllia, ok?

Matthew olhou para ela, a expressão preocupada. — Tudo bem, eu concordo. Mas por que você está tão preocupada?

— Apenas uma precaução — respondeu Adeline, forçando um sorriso. — É melhor que ela não se preocupe mais do que já está.

Enquanto Ayllia dirigia lentamente, Adeline não pôde deixar de notar como o tempo parecia se arrastar. As ruas passavam devagar, e ela se perguntava se seria assim que se sentiria por um bom tempo.

Finalmente, quando Ayllia estacionou, Matthew saiu do carro e virou-se para ela, rindo. — Uau, Ayllia, até uma tartaruga seria mais rápida que você!

Ayllia cruzou os braços, com uma expressão de desafio. — Ei, eu estava apenas aproveitando a paisagem! Não posso ser apressada em um dia tão bonito!

Adeline não conseguiu conter a risada. — Matthew está acostumado com a velocidade de uma Adeline atrás do volante. Isso é verdade!

Os três se divertiram com a troca de farpas, esquecendo momentaneamente as preocupações. Enquanto se dirigiam para o shopping, Adeline sentia que, apesar de tudo, havia um pouco de normalidade em meio ao caos.

Sick  stallkerOnde histórias criam vida. Descubra agora