Sirena

29'- I'm pretty when I cry

🎵 I'll wait for you, babe
that's all I do, babe

boa leitura!

◾️Dulce◾️

Meu maior medo agora é ser responsável por alguma injustiça sem volta. Nem em um milhão de anos eu poderia imaginar que Ruby sentia alguma coisa por mim além de puro ódio. Mas isso até explica de certa forma o foco constante que ela direcionava para mim. E quem poderia culpá-la? Talvez ela odeie não poder me ter.

Segurando a minha mão com firmeza, Christopher me puxa entre as pessoas do salão, ignorando cumprimentos e empurrando bruscamente qualquer um que tente se aproximar de mim. Com essa postura, só posso deduzir que ele está com raiva e que isso não vai ficar reprimido de jeito nenhum. Fico em alerta, observando seus ombros enquanto ele se move em direção à saída. E assim que saímos do salão de festas e entramos em um dos extensos corredores da Velvet, silencioso o bastante para eu ouvir claramente os meus saltos altos batendo contra o piso.

— Sirena! — alguém grita atrás de mim, o que me faz parar bruscamente.

Christopher tenta me puxar de novo, mas eu resisto à sua força quando noto que é o Hector vindo na nossa direção com pressa e uma expressão atônita.

— Dulce, vamos agora! — Christopher afirma de um jeito impaciente.

— Calma. — peço.

— Eu não estou calmo. É melhor você continuar a andar. — seu tom de ameaça fica muito claro.

— Sirena! — Hector diz mais uma vez quando para perto de mim. — Onde pensa que está indo? Ainda não fizemos o leilão!

— Não vai ter leilão. — Christopher fala parando com o peito junto às minhas costas como se estivesse prestes a me pegar no colo e sair comigo dali.

— Você sempre ganha de qualquer forma, o que custa esperar mais um pouco? — Hector solta um suspiro. — Ela tem um contrato e ele acaba hoje, não pode simplesmente...

O movimento seguinte é rápido. Christopher se afasta, agarra o pescoço do Hector com uma mão e bate suas costas na parede. Minha reação de choque me faz ficar paralisada no lugar, os olhos arregalados e os lábios entreabertos enquanto observo o meu amigo empalidecer enquanto olha para o Christopher como se estivesse diante de algum predador.

— Senhor Uckermann... Por favor... — sua voz sai engasgada por causa do aperto no pescoço.

— Eu vou deixar uma coisa bem clara e eu espero que no futuro você se lembre disso. — Christopher parece muito sombrio agora, o olhar gelado, mas concentrado ao mesmo tempo, porque apesar de estar com raiva ele sabe o que fazer. — Eu nunca gostei de você e nunca vou gostar. Sinto o cheiro de rato no ambiente toda vez que você chega, porque é isso o que você é, um rato procurando por migalhas e qualquer coisa que possa saciar a sua ambição.

Ele aperta o pescoço de Hector um pouco mais, que por sua vez enche os olhos de lágrimas e desvia a atenção para mim com uma expressão de quem está implorando.

— Christopher... — começo me obrigando a chegar perto. — Não faça isso...

— Se afasta, Dulce.