Jolie
Todos estavam reunidos e, ao verem minha pressa quando cheguei na cozinha, me lançaram olhares de surpresa. Soltei um sorriso cínico.
Jolie: - Bom dia, minha bela família - ironizei, caminhando até a mesa.
Dean: - Jolie, por favor, não faça nada de que vá se arrepender depois - disse, tentando me acalmar.
Jolie: - Pode deixar, meu amor. Mas o que eu não vou mais tolerar são essas mentiras - respondi séria.
Eddy: - O que está acontecendo? - perguntou com o semblante confuso.
Jolie: - Acho que o nosso pai pode explicar, Eddy... e a Susan também - falei, lançando um olhar direto para os dois.
Eles me encararam tensos. Meu pai engoliu seco, enquanto Susan largava o garfo no prato, espantada.
Robert: - Explicar o quê, Jolie?
Jolie: - Não se faça de desentendido, pai - ri, nervosa.
Dean: - Jolie, pega leve, por favor - disse, tentando me acalmar com a mão no meu ombro, mas eu me esquivei.
Jolie: - Eu ouvi a conversa de vocês dois ontem. Acho que ambos devem uma explicação a todos que estão aqui.
Lilian: - Do que você está falando, filha? - minha mãe perguntou, confusa.
Jolie: - Anda, pai! Estou esperando você contar... ou vai esconder até quando que você e a Susan são amantes? E que você nunca aceitou meu relacionamento com o Dean por medo de descobrirem? Você ainda teve a ousadia de se encontrar com o Steven, pedindo para ele voltar para Connecticut e tentar me separar do Dean. Mas, vamos combinar, vocês são péssimos em esconder as coisas. E eu, mais tola ainda, não percebi os sinais debaixo do meu nariz.
Minha mãe parecia chocada, sem reação. Dean passou a mão no rosto, claramente furioso, mas eu não me importei. Eu só queria saber a verdade.
Jolie: - Ah, e também descobri que o Eddy não foi adotado. Ele é filho do meu pai com a Susan.
Nesse momento, meu pai bateu na mesa e se levantou, vindo na minha direção.
Robert: - Você está maluca, Jolie? O que deu em você para dizer essas coisas? - falou nervoso.
Jolie: - Eu só quero saber a verdade! - gritei.
Robert: - Como você ousa fazer uma acusação dessas? - respondeu, me encarando, sério.
Jolie: - Não se faça de santo, porque você é o mais sujo de todos! - retruquei, encarando-o de volta.
Dean me puxou pelo braço e me levou para a sala. Eu estava fervendo de raiva, sem medir minhas palavras.
Dean: - Jolie, chega! - falou sério, soltando meu braço. - Desse jeito, não vamos chegar a lugar nenhum. Precisamos conversar civilizadamente.
Jolie: - Sério?! Está do lado deles? - perguntei, indignada.
Dean: - Jolie, eu não disse isso. Por favor, se acalma. Eu não sei mais o que fazer - respondeu, desesperado.
Jolie: - Muito menos eu... - falei, com os olhos cheios de lágrimas. - Eu vou sair, e não venha atrás de mim - disse, virando as costas e batendo a porta com força.
Eu literalmente joguei fogo no circo e saí. Que se dane. Eles que se resolvam, já que não querem ser honestos comigo.
Andei pela calçada, olhei meu celular e vi uma mensagem da Jane. Tudo o que eu queria era um abraço dela, para que me dissesse que tudo ficaria bem.
Dean ficou imóvel, nem tentou tirar satisfação. Talvez ele já soubesse de tudo, já que não pareceu surpreso com nada.
Liguei para Jane, que atendeu rapidamente.
📞 Jolie: - Amiga... - falei com a voz trêmula, sem conter as lágrimas enquanto andava sem rumo.
📞 Jane: - Lie, o que aconteceu? - perguntou, confusa.
📞 Jolie: - Eu descobri tudo, Jane. Eu sei de tudo...
📞 Jane: - Sabe o quê?
📞 Jolie: - Meu pai e a Susan são amantes. E o Eddy é filho deles.
📞 Jane: - Não é possível!
Ela parecia espantada do outro lado da linha.
📞 Jolie: - Até você não vai acreditar em mim?
📞 Jane: - Eu acredito, amiga. Mas você precisa se acalmar.
📞 Jolie: - Já estou cansada de ouvir isso! Como eu vou me acalmar nessa situação?
Minhas lágrimas embaçavam minha visão, e, ao atravessar a rua, vi, de forma desfocada, uma pessoa ser atropelada bem na minha frente. Gritei.
Jane gritava no telefone, achando que algo tinha acontecido comigo, mas desliguei e corri para ajudar. Era uma senhora de cerca de 70 anos. O motorista nem sequer parou, continuou em alta velocidade.
Senti o pulso da senhora, e, felizmente, ela estava bem, apenas alguns arranhões. Mas como havia batido a cabeça, era melhor levá-la ao hospital.
Liguei para a ambulância e pedi ajuda a algumas pessoas para levá-la até a calçada. Fiquei ao lado dela, esperando. Peguei seus documentos para descobrir seu nome: Sra. Eliza.
Jolie: - Senhora Eliza? A senhora me escuta? - perguntei.
Sra. Eliza: - Sim, querida... - respondeu, com a voz fraca.
Jolie: - Vai ficar tudo bem, ok? A ambulância já está vindo. Fique comigo.
Ela assentiu levemente, claramente com dor.
O dia de hoje não podia estar pior. Revelações, acidentes... Meu psicológico está destruído. Parece que todas as sessões de terapia dos últimos três anos foram jogadas no lixo. Eu não aprendi nada. Talvez a nova Jolie nunca tenha existido.
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Um Coração Quase Perfeito
RomanceJolie Casey, aos 20 anos, deixou Los Angeles para trilhar sua jornada acadêmica em Medicina na prestigiada Universidade de Yale, em Connecticut. Com a vida meticulosamente planejada e a "turminha" de amigos ao lado, tudo parecia perfeito. No entanto...