Jolie
Voltei para casa, e o clima era de enterro, literalmente. Todos estavam na sala, menos minha mãe. Meu pai foi o primeiro a falar, claramente irritado por eu ter chegado tão tarde.
Robert: – Onde você estava? – perguntou, visivelmente irritado.
Jolie: – E importa para você? – retruquei, sarcástica.
Robert: – Claro que importa, Jolie!
Jolie: – Como se em todos esses anos você tivesse se importado comigo, ou com meus sentimentos... – respondi.
Robert: – Precisamos conversar – disse ele, com tom autoritário.
Jolie: – Então começa – cruzei os braços – Mas antes, cadê a minha mãe?
Robert: – Está no quarto – respondeu, respirando fundo.
Jolie: – Certo – virei as costas. Dean, continuava em silêncio. Não o reconhecia.
Subi as escadas e, ao entrar no quarto dos meus pais, encontrei minha mãe chorando enquanto colocava suas roupas na mala.
Jolie: – Mãe? O que você está fazendo? – perguntei, incrédula.
Lilian: – Indo embora, filha... – disse ela, com a tristeza estampada no rosto.
Jolie: – Se alguém tem que sair desta casa, é meu pai e a Susan! Você não fez nada errado! – gritei, indignada.
Lilian: – Não faz mais sentido eu ficar aqui...
Jolie: – Como não? Esta é a sua casa!
Lilian: – Jolie, minha vida inteira foi uma mentira! Passei anos acreditando que o Eddy era meu filho adotivo e que seu pai me amava. Mas a verdade esteve diante dos meus olhos esse tempo todo! – desabafou – As preocupações com o trabalho? Na verdade, era a Susan que estava no caminho dele!
Jolie: – Você não vai a lugar nenhum, mãe!
Desci as escadas tomada por uma fúria crescente, e fui direto ao encontro do meu pai e da Susan.
Jolie: – Vocês não têm vergonha? São vocês que deveriam ir embora! – explodi. – Contaram a verdade para minha mãe, e agora estão aqui, com essas caras de culpa, sem saber o que fazer?
Robert: – Podemos conversar? Ou você vai continuar nos atacando?
Passei as mãos pelos cabelos, desesperada. Eu estava à beira de um colapso e não sabia como lidar com aquilo. Eddy passou por mim, cabisbaixo, provavelmente indo atrás da nossa mãe... quer dizer, da minha mãe.
Robert: – Eu e a Susan temos um passado um pouco turbulento — começou a contar. — Ela era de Los Angeles, éramos jovens e estudávamos na mesma faculdade. Aos poucos, nos aproximamos e começamos a namorar após nos formarmos. Trabalhamos na mesma empresa, e então a Susan recebeu várias oportunidades de trabalho em Connecticut e outros lugares. Nosso relacionamento terminou por causa do ciúme e da distância. Ela acabou conhecendo o pai do Dean, mas, sempre que voltava para cá ou eu ia até lá para escrever alguma coluna, acabávamos nos envolvendo novamente, mesmo ela estando noiva do pai do Dean. A situação complicou de vez quando descobri que ela estava grávida de mim. Foi então que inventei toda essa história do abandono do Eddy, até porque eu já morava com a Lilian, e queria que o Eddy fosse criado comigo.
Susan: - Se eu não entregasse o Eddy para o Robert, ele contaria toda a verdade ao pai do Dean. Eu menti para ele, dizendo que estava esperando um filho dele, e aproveitei uma viagem de trabalho de três meses para resolver a situação. Tive o Eddy aqui, e logo depois o Robert o pegou para criar. Desde então, só recebo notícias por mensagens e fotos. Quando voltei, disse que tinha perdido o bebê. Foi tudo muito rápido, e o pai do Dean ficou arrasado, mas nem desconfiou de nada, principalmente porque ele não queria ter filhos naquele momento.
Acabei me mudando definitivamente para Connecticut. Anos depois, quando o Eddy completou 11 anos, o Robert me enviou uma carta com uma foto, dizendo: 'Nosso filho está cada dia mais esperto'. Normalmente, as cartas iam para o meu trabalho, mas, dessa vez, o Robert descobriu meu endereço e mandou para minha casa. O pai do Dean acabou recebendo e abrindo a carta. Ele simplesmente enlouqueceu, me chamou de todos os nomes possíveis. Não o julgo, fui uma completa idiota.
Depois que contei toda a verdade, ele ficou tão abalado que acabou tendo um infarto.Robert: – A verdade é que, de vez em quando, eu e a Susan ainda nos víamos. Eu sempre fui apaixonado por ela... Tentei esquecê-la com a Lilian...
Susan: – E eu também tentei te esquecer – disse ela, cabisbaixa.
Robert: – Mas fomos longe demais com esse amor – concluiu.
Jolie: – Vocês chamam isso de amor? Vocês dois são nojentos, perturbados! – gritei.
Dean: — Jolie... — disse, me interrompendo enquanto se levantava, tentando me conter.
Jolie: – E você? Não vai dizer nada? – olhei nos olhos do Dean, esperando uma explicação.
Dean: – Jolie, eu sinto muito...
Meu mundo desmoronou.
Jolie: – Você sabia, não é? – perguntei, com lágrimas nos olhos.
Dean: — Minha mãe me contou logo depois que vocês se conheceram...
Jolie: – Como você pôde? – gritei.
Susan: – Dean não tem culpa. Culpe a mim e ao seu pai! – disse Susan, tentando intervir.
Jolie: – Cala a boca, Susan! Eu confiei em você! – falei, com as lágrimas escorrendo. – Você perdeu seu pai por causa dela, e nunca conviveu com seu irmão! E para você está tudo bem? – disse, voltando a encarar o Dean.
Dean: – Jolie, o que você quer que eu faça? – respondeu, desesperado. – Meu pai já tinha problemas no coração, e eu não posso crucificar minha mãe por um erro do passado.
Jolie: – Quer saber a verdade? – falei, olhando diretamente em seus olhos, aqueles que agora me pareciam estranhos, como se o Dean que eu amo não estivesse mais ali. – Nada disso estaria acontecendo se a gente nunca tivesse se encontrado!
Dean: – Está arrependida? – perguntou ele, firme.
Jolie: – Se eu pudesse voltar e ter minha vida de volta...
Dean: – Você não está falando sério. Está apenas com raiva e dizendo coisas sem pensar.
Jolie: – Nunca falei tão sério em toda minha vida! – virei as costas e saí.
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Um Coração Quase Perfeito
Любовные романыJolie Casey, aos 20 anos, deixou Los Angeles para trilhar sua jornada acadêmica em Medicina na prestigiada Universidade de Yale, em Connecticut. Com a vida meticulosamente planejada e a "turminha" de amigos ao lado, tudo parecia perfeito. No entanto...