Capítulo 25 - Confuso

50 3 1
                                    

Jolie

Ao longo dos dias, eu evitei conversar com meu pai. Tudo o que Steven havia me contado sobre ele me deixava com uma vontade enorme de confrontá-lo. O que ele virou agora? Um daqueles pais ricos que pagam para a filha não ficar com o amor da vida dela? Agora as coisas funcionam do jeito dele? Eu não estava entendendo nada, então preferi ficar em silêncio e seguir em frente. O que importa de verdade sou eu e o Dean.

Passamos os dias nos divertindo em lugares incríveis que eu e o Dean ainda não conhecíamos. Até fizemos uma mini viagem para San Diego. Voltamos na sexta-feira à tarde e decidimos jantar em uma pizzaria perto de casa. Eu amo aquele lugar porque sempre me faz lembrar do Sky, o cachorro que eu tive na adolescência. Toda vez que olho para aquele lugar, a imagem dele com o dono da pizzaria vem à minha mente, devorando um pedaço de pizza quando o encontrei depois que ele fugiu de casa.

Comi tanto naquela noite que não conseguia dormir. Resolvi ir até a cozinha pegar água e tomar um remédio para o estômago, que estava me incomodando muito. Quando subi, ouvi vozes vindo do quarto da Susan. Parecia uma conversa entre ela e meu pai. A curiosidade me venceu, e fui me aproximando para ouvir melhor.

A frase "quem procura, acha" nunca fez tanto sentido.

Robert: - Sinceramente, eu me pergunto todos os dias como isso é possível... Seria destino? Ainda não consigo acreditar...

Susan: - Também fiquei surpresa. Imagine como me senti quando ela apareceu na minha casa.

Susan estava falando de mim?

Susan: - Mas, por outro lado, fiquei feliz em ver o Eddy. Ele cresceu tanto... agora é um homem bonito e inteligente.

Robert: - Eddy é realmente um orgulho para todos nós.

Susan: - Vocês o criaram muito bem, mas, depois de vê-lo, senti tanto por não ter ficado com ele...

Minha cabeça começou a rodar. O que estava acontecendo? Eu precisava de respostas, mas tudo parecia um quebra-cabeça que minha mente tentava encaixar desesperadamente.

Minha respiração ficou desregulada, e comecei a ter uma crise de ansiedade. Fui imediatamente ao banheiro do meu quarto, e Dean veio atrás de mim. Sentei no chão, atordoada, enquanto ele tentava me acalmar, mas eu mal conseguia ouvi-lo. Aos poucos, fui voltando ao normal, e ele estava visivelmente preocupado.

Dean: - O que foi, Jolie? Me diz o que aconteceu! - ele passava as mãos no meu rosto, tentando me tranquilizar.

Jolie: - Eu... descobri uma coisa... - falei, respirando fundo, ainda tentando processar tudo.

Dean: - O quê? - perguntou ele, preocupado.

Jolie: - A Susan e o meu pai... têm um caso.

Dean: - De onde você tirou isso, Jolie? - perguntou com uma expressão incrédula.

Jolie: - Agora tudo faz sentido, Dean! - falei me levantando, com os olhos marejados.

Dean: - Me explica, porque está confuso pra mim.

Se estava confuso para ele, imagine para mim.

Jolie: - Vamos nos sentar. Eu te explico tudo.

Saímos do banheiro e nos sentamos na cama. Eu chorava sem controle, me perguntando por que aquilo estava acontecendo, justo comigo. Por que eu?

Jolie: - Meu amor... - respirei fundo, sentindo a tensão crescer. - No início do nosso namoro, a Susan estava muito estranha no primeiro dia em que a conheci. Lembra que fui ao banheiro? Naquela hora, escutei ela surtando com alguém no telefone. Esse alguém, tenho quase certeza, era o meu pai. Desde o momento em que ele te viu, percebi que ele não gostou de você. Todos esses anos se passaram e eu nunca vi vocês dois se aproximarem. Depois de uma semana que fui à sua casa, a Susan me encontrou quando eu estava saindo do mercado. Ela falou comigo de um jeito frio, dizendo que eu deveria te deixar. Eu lembro exatamente das palavras dela: 'Você precisa entender que nem sempre ficamos com a pessoa que amamos'. Por um instante, achei que ela estava falando do seu pai, mas ela balançou a cabeça, mudou de assunto e me deixou no campus. Tudo bem, depois a gente se acertou, mas e agora? Me explica... Meu pai está tenso com a chegada dela, culpando o trabalho, e essa distância crescente com a minha mãe. A Susan e o meu pai mal se olham, mas depois pego os dois conversando como se estivessem escondendo algo. E o pior de tudo, ouço eles impressionados que a gente se encontrou, como se isso fosse uma coincidência em meio ao caos da vida deles.

Um Coração Quase PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora