Jolie
Um mês se passou desde o meu desentendimento com o Dean. É difícil acreditar como alguém pode passar de uma pessoa próxima para um completo estranho. Não o vi nesses últimos dias; talvez ele estivesse em casa ou na casa de campo. Eu não tive coragem de procurá-lo depois de tudo, e os dias sem ele estavam sendo muito difíceis... A vergonha me consumia, e eu me sentia péssima pelas atitudes que tomei, mas já era tarde demais, tudo já estava feito.
No quarto, eu tentava estudar, distraída, balançando a caneta. Isso geralmente acontece quando estou preocupada. Se eu acabar de recuperação daqui a alguns meses, para mim, não vai ser surpresa.
Não consigo explicar o que estou sentindo; é uma mistura de nervosismo com tristeza. Eu tinha fumado apenas duas vezes na vida, mas, depois do que aconteceu naquele dia, comecei a fazer isso com frequência. Não deu outra: logo surgiram complicações. Meu coração já não é dos melhores, e eu só estava alimentando ainda mais os problemas. Foi a pior escolha que eu poderia ter feito para me complicar.
Aproximadamente uma semana depois, a Jane me encontrou e arrancou o cigarro da minha mão. As palavras dela ficaram gravadas na minha mente, e ela tinha toda razão: "Você quer se matar, Jolie? Está jogando sua cirurgia, seu tratamento e sua vida no lixo! Se continuar com isso, juro que nunca mais olho na sua cara."
Ultimamente, ela estava sendo mais do que uma amiga; era meu alicerce para evitar que eu tomasse decisões drásticas.
Jane: - Jolie? - disse, tentando chamar minha atenção.
Jolie: - Oi... - respondi, ainda com a mente distante.
Jane: - Amiga, as coisas vão ficar difíceis para você se continuar assim - disse, firme.
Como se já não estivessem...
Voltamos de férias hoje, e eu não estava preparada para encontrar o Dean na aula. Só de imaginar, meu coração já apertava. O Billy me pediu desculpas depois daquele dia, mas, na verdade, sinto que sou a responsável por tudo isso...
Nós dois evitávamos nos encontrar. Foi estranho, porque, por mais que eu goste do Billy, não senti nada de especial.
Jane: - Se quiser faltar hoje, posso falar com a professora. Dá pra ver que você não está bem.
Jolie: - Se você fosse eu, o que faria, Jane? - perguntei.
Jane: - Bom, eu não sei... - respondeu, evitando dar uma resposta direta.
Jolie: - Você sabe, só não quer falar - revirei os olhos.
Jane: - Primeiro, eu pediria desculpas ao Billy. Ele foi usado, Jolie, e é um cara incrível. Ele não merece passar por isso, muito menos ser parte da sua confusão - desabafou de uma vez.
Jolie: - Ok - pensei - posso fazer isso. E o segundo?
Jane: - Conversar com o Dean.
Jolie: - Agora você foi longe demais - balancei a cabeça em negação.
Jane: - Jolie, eu não aguento mais te ver assim. Sua vida agora é chorar pelos cantos, sumir de vez em quando, chegar tarde... Nem dá atenção pra mim e pra Mila. É como se você estivesse vagando por aí, e eu não quero te ver desse jeito.
Jane tinha o poder de dizer as coisas de um jeito que te atingiam como um soco.
Jane: - Jolie, conversa com o Dean. Fala que foi um erro terminar com ele por causa do passado das famílias de vocês... Porra, vocês se amam!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Coração Quase Perfeito
RomanceJolie Casey, aos 20 anos, deixou Los Angeles para trilhar sua jornada acadêmica em Medicina na prestigiada Universidade de Yale, em Connecticut. Com a vida meticulosamente planejada e a "turminha" de amigos ao lado, tudo parecia perfeito. No entanto...