Onde Tokio fica com ciúmes da forma que você trata Alison, a refém.
O som metálico dos tiros ecoava pelos corredores do Banco da Espanha. Tudo ao redor estava imerso em caos. Tóquio mantinha a arma firmemente nas mãos, o coração batendo acelerado, mas sua mente estava afiada, concentrada na missão. Era a segunda fase do plano, e tudo parecia estar desmoronando. O que deveria ser uma operação precisa estava se tornando um labirinto de erros e emoções. E, no meio disso, estava S/N.
Desde o início, S/N havia se mostrado uma peça indispensável no plano. O equilíbrio dela contrastava com o temperamento explosivo de Tóquio, e, de alguma forma, isso a atraía. Era estranho pensar que, no meio de um assalto ao banco mais seguro do país, ela sentisse algo tão forte por alguém. Talvez fosse a adrenalina, talvez fosse o perigo. Mas, de qualquer forma, havia algo em S/N que a fazia querer mais, mesmo que soubesse que aquilo era arriscado demais.
Tudo começou dias atrás, quando estavam vigiando o banco durante uma das trocas de reféns. O clima estava tenso, e o medo se espalhava por todos os lados. Mas, naquela noite, as coisas mudaram. Enquanto as duas guardavam a entrada de uma das salas, a energia entre elas parecia diferente, mais carregada. S/N olhou para Tóquio de um jeito que a fez esquecer, por alguns segundos, onde estavam.
— Tóquio, você precisa relaxar — S/N disse, tentando manter o tom leve. — Está me deixando tensa.
— Ah, relaxar? — Tóquio respondeu com um sorriso irônico. — Porque estamos só assaltando o banco mais seguro do país, né?
S/N deu uma risada baixa, mas não se afastou. Pelo contrário, se aproximou lentamente, até que o rosto delas ficou a poucos centímetros de distância.
— Talvez você precise de uma distração — S/N murmurou, o olhar intenso fixo nos olhos de Tóquio.
Tóquio não respondeu com palavras. Em vez disso, puxou S/N pela nuca e a beijou com uma força que surpreendeu ambas. O gosto do perigo misturado com o desejo fazia o beijo ainda mais intenso, como se soubessem que aquilo era errado, mas ao mesmo tempo, irresistível. O corpo de Tóquio colado ao de S/N era uma fuga momentânea da realidade caótica ao redor. O mundo externo parecia desaparecer, reduzido ao som abafado das respirações aceleradas e dos suspiros abafados.
A partir daquele momento, as coisas mudaram entre elas. O assalto continuava, mas, sempre que havia uma oportunidade, os olhares trocados, os toques rápidos e os beijos furtivos se tornaram uma parte inevitável da rotina.
Nos dias atuais, tudo parecia estar desmoronando novamente, mas por motivos diferentes. A tensão entre Tóquio e S/N havia crescido, e agora parecia prestes a explodir.
— O que está acontecendo entre você e a Alison? — Tóquio perguntou, a voz carregada de ciúmes, enquanto cruzava os braços e encarava S/N com desconfiança.
S/N franziu o cenho, surpresa com a pergunta, mas manteve a calma.
— O que você está falando, Tóquio? — Ela perguntou, tentando entender de onde aquilo vinha. — Estou apenas ajudando a garota. Ela está apavorada.
— Ah, ajudando? — Tóquio deu um passo à frente, a raiva evidente no tom. — Porque eu não vi você ajudando nenhuma outra refém desse jeito. Só a Alison. Está sempre perto dela, sempre acalmando ela... O que está acontecendo?
S/N suspirou, passando a mão pelo cabelo, tentando manter a paciência.
— Ela é uma adolescente no meio de um assalto ao banco mais protegido da Espanha, Tóquio. Está em pânico! Eu estou tentando evitar que ela surte e acabe fazendo algo que coloque todos nós em perigo.
Tóquio não parecia convencida. Ela sempre foi movida pela emoção, e agora estava sendo consumida por um ciúme que não conseguia controlar.
— Não é só isso, S/N — Tóquio rebateu, a voz mais baixa, mas cheia de tensão. — Eu vejo como você olha para ela. Como tenta acalmá-la de um jeito... diferente. Eu te conheço.
— E eu conheço você — S/N respondeu, a voz finalmente revelando uma frustração crescente. — Você acha que eu estou fazendo isso por algum motivo além de manter o plano em ordem? Você está vendo coisas que não existem.
O silêncio entre elas ficou pesado. Tóquio queria acreditar em S/N, mas o ciúme era uma sombra que ofuscava a razão. Ela odiava a ideia de que, no meio de todo o caos, S/N pudesse estar se envolvendo com outra pessoa.
— Eu não suporto a ideia de perder você — Tóquio admitiu, a voz agora mais suave, quase vulnerável. — Não aqui, não assim.
S/N deu um passo à frente e segurou o rosto de Tóquio com as duas mãos, obrigando-a a olhar nos seus olhos.
— Você não vai me perder, Tóquio. Eu não quero Alison, não quero nenhuma outra pessoa. Eu só quero você — S/N sussurrou, aproximando o rosto ao dela.
Tóquio suspirou, o olhar finalmente suavizando. O toque de S/N, as palavras, o tom sincero... era o que ela precisava ouvir, mas não sabia como admitir.
— Você me faz perder a cabeça — Tóquio murmurou, sorrindo um pouco, apesar de si mesma.
S/N sorriu de volta, sem tirar os olhos dela.
— E eu gosto disso — ela respondeu, antes de puxá-la para um beijo.
O beijo foi urgente, como se ambas precisassem garantir que, apesar de todas as brigas, ainda pertenciam uma à outra. O calor que sentiam desde a primeira vez estava de volta, ainda mais forte, como uma corrente elétrica que as conectava. O mundo ao redor desapareceu, assim como da primeira vez, e o único som que importava era o da respiração pesada e dos corpos colados.
Quando finalmente se separaram, Tóquio ainda estava com as mãos no rosto de S/N, os olhos fixos nela.
— Me promete que não vai se afastar de mim de novo — Tóquio pediu, a voz baixa.
S/N sorriu e encostou a testa na dela.
— Prometo, Tóquio. Eu estou com você. Sempre.