A relação entre mim e Alex Vause era tudo, menos tranquila. Desde o primeiro dia em que coloquei os pés na prisão, ela me olhava com desdém, como se eu fosse apenas mais uma rival, uma peça indesejada no jogo de poder que ela controlava com mãos firmes. E eu? Eu não estava interessada em me submeter a ninguém, muito menos a Alex. Ela tinha uma reputação de ser manipuladora, sagaz e capaz de virar qualquer situação ao seu favor, mas eu não ia cair nas armadilhas dela.
Desde o início, a tensão entre nós era evidente. Não podíamos estar no mesmo ambiente sem que houvesse um confronto de olhares ou comentários afiados trocados com sarcasmo. Alex sempre tinha uma resposta pronta, e eu não ficava atrás. As outras presas começaram a perceber que a rivalidade entre nós ia muito além de uma simples antipatia. Parecia pessoal. Eu não sabia explicar de onde vinha essa energia, mas, de alguma forma, cada vez que nossos caminhos se cruzavam, o ar ao nosso redor ficava mais pesado, mais denso.
Foi na capela da prisão que tudo mudou.
Naquele dia, eu estava procurando um pouco de paz, algo raro em um ambiente tão caótico. A capela, com suas paredes frias e vazias, era um dos poucos lugares onde eu podia pensar sem que alguém estivesse à espreita, planejando o próximo golpe. Entrei, respirando fundo, sentindo o cheiro levemente abafado de madeira antiga misturado com a poeira que parecia se acumular em cada canto da prisão.
Mas a paz que eu buscava foi interrompida assim que vi Alex ali, sentada no banco da frente, os olhos fechados como se estivesse meditando. Ela estava tão quieta que, por um momento, pensei em dar meia-volta e sair sem que ela percebesse, mas então nossos olhares se encontraram, e algo mudou no ar. O que sempre foi animosidade entre nós parecia, naquele instante, se transformar em outra coisa. Era uma faísca, algo que vinha se acumulando por semanas, talvez meses, e agora estava à beira de explodir.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, a voz mais áspera do que eu pretendia. Não gostava de me sentir vulnerável, e o fato de Alex estar no único lugar onde eu sentia algum tipo de tranquilidade me irritava.
Ela abriu os olhos lentamente, me observando com aquele olhar frio e calculista.
— Eu também posso estar procurando um pouco de paz, sabe? — ela respondeu, com aquele típico tom de sarcasmo. — Ou será que a capela agora é território seu?
Revirei os olhos e soltei um suspiro, cruzando os braços.
— Olha, eu só quero um pouco de sossego. Se você quiser ficar, tudo bem, mas me poupe dos seus comentários sarcásticos.
Ela riu baixinho, mas não disse mais nada. Ao invés disso, me observou por um longo momento, seus olhos escuros me analisando de cima a baixo. Eu estava acostumada com aquele tipo de olhar vindo dela, mas dessa vez foi diferente. Havia algo mais ali, algo que não era apenas hostilidade. Era quase... curiosidade?
Eu caminhei até um dos bancos do fundo, tentando ignorar a presença dela, mas era impossível. Sentia seu olhar queimando em mim, como se ela estivesse tentando entender o que me motivava, o que me fazia ser a pessoa que eu era. A verdade é que, por mais que eu a odiasse, por mais que nossa relação fosse baseada em uma rivalidade latente, havia uma parte de mim que não conseguia parar de pensar nela. Algo sobre Alex me provocava, me desafiava. Talvez fosse o fato de que ela nunca recuava, sempre enfrentava cada situação de cabeça erguida, sem medo das consequências.