S/n sempre soube que o mundo apocalíptico trazia decisões difíceis, mas nada a preparou para o momento em que se viu diante de Negan, segurando uma arma com a vida de Maggie e seus amigos em risco. O tempo parecia ter desacelerado enquanto ela encarava aquele homem, o sorriso cruel de Negan, o taco de beisebol coberto de arame farpado que ele chamava de "Lucille" descansando em seu ombro. S/n sabia o que estava em jogo: Maggie, seus amigos que provocaram Negan quando invadiram um de seus postos avançados e toda a comunidade que haviam construído.
Negan estava na frente de Maggie, que estava de joelhos e implorando por sua vida. S/n não pensou duas vezes quando puxou o gatilho. O barulho foi ensurdecedor, e por um momento, parecia que o mundo inteiro havia parado. Negan caiu, o olhar de surpresa no rosto dele se apagando à medida que a vida deixava seu corpo.
S/n olhou para Maggie, que ainda estava em choque, segurando seu bebê nos braços. Maggie, que já havia perdido tanto, agora estava a salvo. S/n tinha feito o impensável, algo que muitos tentaram, mas falharam. Ela havia protegido Maggie, e isso criaria um laço entre elas que nunca poderia ser desfeito.
Depois daquele dia, algo mudou. Maggie estava eternamente grata a S/n, não apenas por salvar sua vida, mas por fazer o que ela mesma não conseguia. A culpa e o peso do passado entre Maggie e Negan a impediam de agir, mas S/n, com sua coragem e determinação, havia feito o sacrifício que a libertou.
Os dias após a morte de Negan foram silenciosos, mas cheios de uma proximidade nova entre as duas. A gratidão de Maggie se transformou em algo mais com o passar do tempo. Havia uma conexão ali, um entendimento silencioso, forjado na dor e na luta pela sobrevivência. E com o passar das semanas, a intimidade entre elas cresceu, os olhares trocados começaram a carregar significados mais profundos.
Numa noite, sob o brilho das estrelas e com o silêncio da noite apocalíptica, Maggie e S/n se encontraram sentadas na varanda da casa onde estavam acampadas, depois de um dia exaustivo de reconstrução da comunidade.
— Nunca vou conseguir te agradecer o suficiente pelo que fez por mim... e pelo meu filho — disse Maggie, com a voz suave, mas carregada de emoção.
S/n desviou o olhar, um pouco desconfortável com os elogios, mas também tocada pelo reconhecimento.
— Fiz o que qualquer um faria, Maggie. Eu precisava te proteger. — S/n respondeu, olhando para ela com uma honestidade que Maggie nunca tinha visto antes.
Maggie sorriu de leve, mas seus olhos mostravam algo mais.
— Não. Não é o que qualquer um faria. Você arriscou tudo por nós. Eu não sei como te agradecer por isso. — Maggie estendeu a mão e tocou a de S/n, o gesto simples, mas cheio de significado.
O toque de Maggie fez S/n estremecer levemente. Elas já haviam trocado muitos momentos íntimos, mas aquele parecia diferente. Havia uma energia no ar, uma tensão que crescia a cada segundo. Maggie olhou para S/n com um brilho nos olhos, e o silêncio que se seguiu era pesado, cheio de coisas não ditas, sentimentos que ambas haviam ignorado por tempo demais.
— Maggie... — S/n começou, mas antes que pudesse continuar, Maggie se aproximou.
— Você foi a primeira pessoa em muito tempo em quem eu consegui confiar — Maggie disse, a voz suave, mas com um peso de verdade que S/n sentiu em cada palavra. — Eu não sei o que teria acontecido comigo, ou com o pessoal, se você não estivesse lá.
Elas se olharam por um longo momento, e antes que S/n pudesse processar, Maggie estava mais perto, suas mãos descansando suavemente nas de S/n. O coração de S/n disparou, e tudo pareceu congelar por um momento. Ela sentia o calor da proximidade de Maggie, o cheiro suave de terra e suor que era inconfundível nesse novo mundo. E então, sem hesitar, Maggie a beijou.
Foi um beijo cheio de gratidão e desejo reprimido. Não era apressado, mas carregava uma intensidade que S/n não esperava. Os lábios de Maggie eram suaves, mas a força emocional por trás daquele beijo era esmagadora. S/n retribuiu, sentindo toda a conexão e a eletricidade entre elas explodir. Cada toque, cada suspiro, parecia tão certo, como se tudo o que tinham vivido as levasse até aquele momento.
Quando o beijo terminou, Maggie encostou a testa na de S/n, ambas ofegantes, os corações batendo rápido.
— Eu te amo, S/n — Maggie sussurrou, as palavras saindo com uma sinceridade que fez o peito de S/n apertar.
S/n não disse nada por um momento, ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer. Mas então, ela olhou nos olhos de Maggie e percebeu que sentia o mesmo.
— Eu também te amo, Maggie — respondeu, sua voz cheia de emoção.
Elas se abraçaram sob as estrelas, a escuridão ao redor delas trazendo um conforto inesperado. O mundo era cruel, cheio de dor e perdas, mas ali, naquele momento, elas encontraram algo que fazia tudo valer a pena: uma ao lado da outra.