O vento frio soprava pelas ruas de Madrid, e Carla observava a cidade do alto de sua luxuosa varanda, um sorriso enigmático nos lábios. S/N estava ao seu lado, mas o silêncio entre elas não era desconfortável. Era como um jogo silencioso, onde cada uma aguardava o próximo movimento da outra.
— Você sempre me observa desse jeito — S/N comentou, cruzando os braços, seus olhos fixos em Carla. — Como se estivesse calculando o que fazer comigo.
Carla soltou uma leve risada, um som delicado que combinava com seu ar sofisticado.
— Não é questão de calcular, querida. É simplesmente entender a situação... e as pessoas. E você é fascinante.
— Fascinante? É isso que eu sou para você? Mais um brinquedo, como Samuel ou Polo? — S/N provocou, erguendo uma sobrancelha.
A marquesa desviou o olhar para a cidade novamente, seus olhos fixos nas luzes que piscavam lá embaixo.
— Você sabe que não é só isso, S/N. Mas, vamos ser francas, você também gosta desse jogo. Esse flerte constante entre o que queremos e o que podemos ter.
S/N se aproximou, ficando cara a cara com Carla.
— E o que você quer, Carla? De verdade.
Carla sorriu, mas desta vez havia algo mais sincero em seu olhar.
— Eu? Eu quero fugir de tudo isso. Mas fugir sozinha seria entediante.
— Então você quer que eu fuja com você? — S/N sussurrou, seus lábios perigosamente próximos dos de Carla.
Antes que pudesse responder, Carla a puxou pela cintura, seus corpos colidindo em um beijo carregado de desejo e poder. Não era apenas atração física; era a tensão acumulada por tantas trocas de olhares, tantas palavras não ditas.
Quando se separaram, S/N riu, um riso curto e surpreso.
— Você realmente é imprevisível.
Carla sorriu, tocando o rosto de S/N delicadamente.
— Talvez eu só esteja cansada de ser previsível.