Onde você recebe um convite para participar de um projeto com Billie.
S/N sempre admirou Billie Eilish de longe. Desde os primeiros sucessos da cantora, algo nela capturava sua atenção, como se houvesse uma conexão invisível entre as duas. Quando recebeu o convite para trabalhar em um projeto colaborativo com Billie, uma mistura de empolgação e nervosismo tomou conta. Não era só pelo profissionalismo da jovem artista, mas porque S/N sabia que, no fundo, sentia algo mais por Billie do que apenas admiração.
O estúdio era espaçoso, com um ar intimidador. S/N chegou cedo, tentando controlar a ansiedade que crescia em seu peito. Quando Billie entrou, com seu estilo inconfundível — cabelos descoloridos, roupas largas e uma energia descontraída —, S/N quase perdeu o fôlego. Billie parecia menor pessoalmente, mas sua presença era gigantesca.
— E aí? — Billie disse, com um sorriso tímido, mas acolhedor. — Pronta pra arrasar?
S/N sorriu de volta, tentando parecer mais tranquila do que realmente estava. — Claro. Mal posso esperar pra ver o que vamos criar.
A química entre elas, desde o começo, foi inegável. Nos primeiros dias de trabalho, as conversas fluíam naturalmente. O humor ácido de Billie combinava perfeitamente com o jeito mais reservado de S/N, e rapidamente elas se tornaram mais do que apenas colegas de estúdio. Passaram a compartilhar piadas internas, almoços rápidos e madrugadas discutindo sobre música e vida.
Em uma dessas madrugadas, sentadas no sofá do estúdio com latas de refrigerante nas mãos, Billie olhou profundamente para S/N e soltou, de repente:
— Você já se sentiu... completamente perdida, mas ao mesmo tempo como se estivesse exatamente onde deveria estar?
S/N piscou, surpresa pela profundidade da pergunta. — Acho que sim. Muitas vezes, na verdade. E você?
Billie deu um suspiro, desviando o olhar por um segundo. — Sim, o tempo todo. Mas... — Ela hesitou, mordendo o lábio inferior antes de continuar. — Desde que você apareceu, parece que as coisas começaram a fazer sentido de novo.
O coração de S/N acelerou com aquelas palavras. Não era apenas uma admiração profissional. Havia algo mais. Algo profundo e intenso que vinha se formando entre as duas, mas que ambas tinham medo de reconhecer. Ainda assim, nenhum comentário foi feito naquele momento. O silêncio que se seguiu era carregado de tensão, mas nenhuma delas ousou quebrá-lo.
Com o tempo, porém, as coisas começaram a ficar mais complicadas. Billie era uma pessoa complexa, cheia de nuances emocionais que, por vezes, a levavam a se fechar em si mesma. S/N, por outro lado, era mais direta, buscando clareza em tudo o que fazia e sentia. Isso gerava atritos.
— Você está sempre tão distante, Billie! — S/N explodiu em um dos raros momentos em que conseguiu expressar sua frustração. — Um minuto, parece que você quer estar comigo, e no outro, você se fecha completamente.
Billie olhou para S/N com olhos tristes, mas desafiadores. — Eu não sou boa em lidar com sentimentos, S/N. Não fui criada pra isso. Eu... eu sinto, mas às vezes não sei como lidar. É por isso que evito.
— Evitar não vai nos levar a lugar nenhum — S/N rebateu, sentindo o nó na garganta apertar. — Eu preciso saber que você quer isso, de verdade.
Houve uma pausa longa e silenciosa. O peso do que S/N havia dito pairava entre elas, e Billie sabia que algo tinha que mudar. Ela não queria perder S/N, mas o medo de se abrir completamente a paralisava.
Dias depois da briga, Billie finalmente decidiu que não podia mais fugir dos próprios sentimentos. Era tarde da noite quando ela enviou uma mensagem para S/N, pedindo que viesse até sua casa.
Quando S/N chegou, encontrou Billie sentada no chão da sala, com uma expressão vulnerável que raramente deixava transparecer. Sem dizer uma palavra, S/N sentou ao lado dela, esperando que Billie falasse.
— Eu nunca fui boa com relacionamentos — Billie começou, a voz baixa. — Mas com você, é diferente. Você me assusta, no bom sentido. Me faz sentir coisas que eu nunca senti antes. E isso me apavora, S/N. Eu tenho medo de estragar tudo.
S/N ficou em silêncio por alguns segundos, digerindo aquelas palavras. — Eu também tenho medo, Billie. Mas fugir disso só vai nos machucar mais.
Billie olhou para S/N, seus olhos azuis brilhando em meio à escuridão da sala. — Eu não quero fugir de você. Eu só... — Ela hesitou, mas então soltou a verdade que estava presa há tanto tempo. — Eu te amo, S/N. E isso me deixa aterrorizada.
O coração de S/N disparou. Todas as brigas, as inseguranças, as dúvidas... tudo fez sentido naquele momento. Com um sorriso suave, ela respondeu: — Eu também te amo, Billie. E não quero que você tenha medo disso. Vamos descobrir juntas, um passo de cada vez.
Sem mais palavras, elas se abraçaram, a proximidade de seus corpos dissipando qualquer tensão que ainda restava. O beijo que veio depois foi lento e cheio de sentimento, uma mistura de alívio e paixão reprimida. Era como se, finalmente, elas tivessem encontrado o caminho uma para a outra, sem medos ou inseguranças.
Depois daquela noite, o relacionamento de Billie e S/N mudou. Claro, ainda havia momentos de incerteza, mas agora havia uma base sólida. Billie, embora ainda lutasse com seus próprios demônios, estava comprometida em fazer as coisas funcionarem. E S/N, com sua paciência e amor, ajudava Billie a entender que nem tudo precisava ser perfeito. O que importava era o sentimento que compartilhavam.
Nas redes sociais, Billie começou a postar fotos sutis de momentos que passavam juntas, sem dar muitas explicações, mas com legendas que deixavam claro o carinho entre elas. E para o mundo, aquilo era o suficiente.