RECADO PARA UM AMIGO

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  Bom mesmo era Alexandre. O grande? não, mas pode se dizer que ele é gigante no coração. Seja com qualquer pessoa, sem generalizar também, mas com a maioria ele é um anjo de pessoa. Lembro de uma vez andando pelas ruas do centro histórico de Belém, mesmo com a agonia e esperança daquela bendita chuva, que, embora não esfriasse tanto, era bom apreciar aquela poesia única, quase mística da Paris das mangueiras.
  No dia de previsível chuva (nenhuma novidade), entramos num sebo, rodeado de livros, olhar o seu modo de escolher a dedo e levar a sério o ensino antigo de não julgar um livro pela capa, faz no simples modo de ter certa admiração para o pobre cronista que só tem a oferecer versos, quase ou nem comparados ao tamanho de uma pessoa incrível como o Alexandre. Claro que ele pode ser um ser humano como nós, meros mortais, mas mesmo assim, fico feliz em ter essa grande amizade com ele.
  Com o Alexandre, aprendi parte de uma cultura oculta do Brasil, aquela que não é presente na cultura centrista do Brasil, mas com ele, a explicação fica sempre muito animada, altas risadas e termina com aquela prosa de coisas que aconteceram no nosso dia, isso torna ao vento, faz poesia os cantos simples que não damos valor, os cantos complexos da lira de Jorge Ben Jor, se fazem liras de anjos no alto posto da beleza exuberante de seu jeito de ser, quem dera que chovesse alegrias em mim que “chove chuva”, e que chove sem parar no seu jeito cordial de tratar as pessoas, ou quando fui bem recebido por vocẽ, meu fio maravilha, grande rubro negro, Bicolor do peito com o orgulho da grande árvore plantada pelos alquimistas e seus gatinhos.
  Só tinha de ser você, o guia das coisas belas em formas de palavra, discordo daqueles que falam mal dos otimistas, pois você é prova viva da canção que faz da dor, tudo o que é bom, confiança dada para sempre ser bem aproveitado, quem sonha acordado pensando em viver novamente aquelas andanças pelas ruas e bares da cidade, contar os livros empoeirados, recuperar velhas cantigas cantadas pelos nossos avós e dando como presente ao inédito, quase predestinado nos astros esse encontro, um irmão que vive longe de mim. Quem dera todos fossem assim feito vocẽ, Ale Ale Ale, Salve Alexandre, maior que todos os outros, da paz e esperança do luar.

Fragmentos de Memória e MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora