SÉRGIO

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Nascido no Rio de Janeiro, a capital do sol filtrada pelo pão de açúcar, doce igual o berço de Sérgio, onde aos 45 das horas exatas da noite confirmando 9 horas, nascia em berço burguês o heroi Sérgio. Que maravilha foi a notícia de sua chegada, era tempos idos, sua familia era dona de terras no Espírito Santos, e ali, com nem 30 minutos de vida, o Sérgio ia partir do Rio. Tinha confortos a beça, tudo o que se pode imaginar, falo serio, sem pestanejar. Brinquedos caros, os melhores garçons, os melhores amigos da cidade, tudo o que lhe era direito do berço de ouro, explorado pelo pai dele nos tempos do império. Não imaginavam que ao longo dos anos, crises entre familiares e aqueles que viviam junto de Sérgio, iriam conceder a honra para o aflito, o fadigado penar das discussões, o de levar as puras almas. A mãe de Sérgio fazia-lhe o que era de agrado do piazinho, ele corria pelo campo da fazenda, ele montava a cavalo, fazia e fazia tudo o que os seus colegas queriam fazer para ter um pingo de sentimento do que era ser o Sérgio. Sérgio era feliz, e ele sabia disso, que sua vida era doce como mel.
Não entendemos as vezes como que pode uma pessoa que teve do bom e do melhor, ter a fragilidade do medo, a angústia que persegue aqueles mais bondosos, atiramos pedras em sua direção, damos a ele o motivo de levantar as mãos aos céus e agradecer pela riqueza. Bem, Sérgio não imaginava que aos 13 anos de idade, sua mãe, sua protetora dos males do mundo, iria partir tão repentinamente, por uma bruta tuberculose. As brigas, se alastraram pelos corredores do casarão, o pai se sentia culpado, ele carregou as dores para sí, e se atirou dum penhasco de dor ao ver que ela partiu. Os familiares, nada ajudaram, culparam o marido. E o Sérgio? Ele estava chorando, por ter a consciência da morte, ele não tinha culpa de nada, foi Deus que quis assim, coitado de Sérgio.
Seu pai virou alcoólatra, e aos 15 anos, Sérgio que estava olhando para o horizonte abençoado do Espírito Santo, ouviu no coração, os rugidos que saia de demoníacas gritarias de seu pai. Sérgio, assustado, olhou pela porta, e na fechadura, viu uma garrafa de vidro sendo arremesada contra ele.
Seu pai depositou nesses anos, a raiva da perda, nos ombros de Sérgio, porque em porquês, a culpa era de Sérgio? Como Noé sobre Canaã, ele amaldiçoou o pobre Sergio, que não tinha feito nada, e ainda considerava amável, o acolhimento do pai.
Sergio Albuquerque, virou apenas um Silva, sem heranças, sem familia, sem rumo. Sua esperança era a terra onde nasceu, o Rio de Janeiro, onde morava a tia. Então Sérgio, sem grana, sem documentos e lenços, partiu como andarilho na cidade maravilhosa. Era tempos difíceis, o Brasil que tinha o Rj como capital, sofria a dura inovação do baixinho Vargas. Os centros não eram os mesmos, as condições não eram boas para um pobre desdenhado, e agora, José? O que fazer no Rio? Nem mesmo sabia o endereço da tia.
Sortudo foi ele, onde na rua, a procura de casas, venho um moço bem vestido, chamado Lucas Albuquerque.
— meu jovem! Olha seu estado, o que fazes no centro a essas horas?
— só lhe peço um gentil da sua fineza, um prato por favor.
Sergio foi levado a casa desse rapaz, que até então era desconhecido. Que sorte a dele, pois chegando lá, era sua tia, a madrinha da casa, onde reconhecera Sérgio. De lá pra cá, muitas coisas mudaram, com os estudos de seu ensino médio, fez mais estudos, e hoje ele é chefe do gabinete do ministério da educação da Guanabara, a vida foi uma luta para Sérgio, hoje tem filha, esposa ativa na faculdade, um apartamento em Copacabana, Sérgio está pra vida muito mais que...
Uma carta, do interior do Espírito Santo, na carta que era endereçada para Sérgio, onde convidava ele ao enterro do seu pai. O pai dele morreu de cirrose, ou de ruindade, mas isso não cabia as costas do Novo Sérgio.
Em respeito, Sérgio jogou as rosas do jardim, em cima do túmulo do pai dele.
Sérgio olhou o da sua mãe, chorou e depois sorriu, seu mundo acabou aos 13, mas fez a renovação, e com certeza, ela está orgulhosa do Sérgio, esse homem, inspiração a muitos e que tem a frente, lenço e documento.

Fragmentos de Memória e MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora