ENTRE DIAS E DIAS

3 2 0
                                    

-Você é uma pessoa de sentimentos?
-Na maioria das vezes, sim, de sentimentos privados ou em geral daquilo que é de minha sensibilidade social.
-De onde você veio, a fundamento nessa base sentimental?
-Sim, pois se fosse de onde vim, não teria esse sentimento de acolher a vivência de outros, e nem a capacidade de amar e ser amado por outros.
-Como o senhor contaria essa raiz sentimental
-Contaria de uma singela maneira do meu estilo que penso, rio e choro antes de passar a limpo no papel.

Em uma escala de formação do meu caráter, daria em sincera harmonia plena da consciência, na escala de 0 a 10, um bom 8. Não vejo na minha concepção, arredondar o meu passado para 10, pois apesar de imaturo, traumas que são formadoras de cuidado na nossa natureza, tem de ser bem considerada na desenvoltura da nossa caminhada, que no acompanhamento de uma evolução, se mostra notável entre as notáveis vidas, uma diferença daqueles que vieram no mesmo ventre do bairro.
Seja ela de uma rua com pedras, uma rua de asfalto, de lama ou mambembe por negligência da falta de simpatia dos poderosos, seja tudo isso, que forma a formação de uma nova pessoa.
Meu bairro...Era novo, até que os seus primeiros moradores viram sua formação, desencadeando também na sua evolução. Suas casinhas de madeira, que formavam maioria, eram luxos da velha cidade. Era elas um abrigo da agitação, vieram delas, emigrantes, que em escassez de oportunidades, foram descartadas por aqueles que dizem que tem educação a todos, mas que poucas são aquelas que conquistam, se morrem, se matam pela pele cansada do trabalho árduo.
-Mas que papel tem toda uma origem de um tempo que você não viveu?
-Pois tudo tem a ver, uai? Esses fizeram a nossa vida, o caminho que trilhamos até perto demais desse apego sentimental ao passado
-Você é um admirador do passado?
-Não.

A mudança veio, e virá muitas outras, lamento que aqueles que na rua que brinquei, não estão presentes para ver o triunfo da vitória. Não é desprezo com minha terra, de jeito nenhum, quando falei que tenho um quadro da velha casa do meu bairro, muitos interpretaram que é descaso com a própria. Mas da onde surgiu essa falsa injúria, meu Deus, desculpe a minha indignação, mas se tenho memórias, um caráter feito pelas vivências e juntas de minhas dores e felicidades, posso dizer de coração melancólico que, eu sou uma armandinho do Armando Mendes, sou do lado da glória que a vida merece justa ao meu antigo lugar (do porque não estou lá? é outra questão), mas de modo algum, culpei minha origem localizada e medida em metros quadrados para justificar esse tal, tal não, claro pecado do juízo super entendido da vida pessoal.
Mais alguma pergunta, meu Anjo?
-Não, meu táxi que não pedi tá me esperando
-Okay, desculpa.

Fragmentos de Memória e MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora