JOÃO PAULO À BH.

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João Paulo, figura estranha na vida dos colegas do ministério da educação do estado da guanabara, não se sabe ao certo o seu objetivo ético e de cordiais questões do ambiente de trabalho, sua eficiência não é lá essas coisas, suas reclamações extrapolam a paciência do chefe do gabinete, mas ele é funcionário público, que sorte têm JP.

  Nas suas amarguras registradas ao vento que chateia as folhas de amendoeira na sua parada de ônibus, tem ali com a história de suas falas altas de pensamento a reclamação (grande novidade do João).

-Que tédio de vida, todo dia nessa fatigada rotina de acordar, tomar café e pegar ônibus de botafogo até o centro da cidade e aturar a cara do Sérgio, Alexandre e aqueles outros. Porque não tem novidades na minha vida?

  Coitado do nosso magro amargurado, não imaginava que o tão admirável Sergio alertava ele de forma tão carinhosa, dentro das linhas profissionais que o órgão público tem a oferecer

-Pelo amor de Deus, 99 ligações do ALBUQUERQUE? Não sabia que o louco tinha tanto tempo na chefia do gabinete. Chegarei tarde, quero a surpresa ao tom do desespero do cara pálida

  Dito e certo, na sua chegada ao gabinete de despacho do Sérgio, vem a surpresa de uma carta de negócios do Governo de Minas Gerais, Escrita do gabinete do antigo Ministro Gustavo Cardoso

  “V. Exª. O Sr. Sergio Albuquerque.

Convoco a negócios o antigo funcionário João Paulo, para fazer uma estadia de uma semana em Belo Horizonte, ele irá...] Ele se hospedara no Hotel Lindolfo, estarei esperando ele no Aeroporto

DE: Gustavo Cardoso.

PARA: Sergio Albuquerque.”

  Grande surpresa chegou ao João Paulo, funcionário antigo de benção ouvida perto da amendoeira, que com o gênio da petição, ouviu as preces de JP. A novidade se fez ausente, João não conhecia Minas, nem pisara em BH. “E agora, José”, digo João. Chega em casa, encontra poesias na cama, uma carta de despedida de sua esposa, lamentas a vida igual a ele, em versos quase parnasianos de quem não leu as métricas, lamenta não terem o amor, e bota em jogo o ódio que aguentava de sua amargura. Do filho que nunca tiveram, chora ele no ato raro sem ausência do que se faz todo o amor saudades. O amor que não existiu, mexeu com João Paulo.

  Seu cachorro sumiu, Seu café esfriou, sua camisa engarrafou-se, sua gravata rasgou, tudo acabou, morrerá no seu canto quieto, desapareceu as bondades que não enxergava o coração. E agora, João? Morre hoje sua vida, e logo terá que viajar amanhã. Que dó ver os olhos de João.

  O relógio tocou, a quadrilha que dançou nas depressões da mente, logo fugiu.

-Seis da manhã, não é quarta, é sábado, não tem trabalho, não tem ligações, não tem Minas em BH.

  Eita João, agradecerá o que foi evitado na agonia de perder tudo e um pouco mais?

-“Nah”, Quero que tudo vá ao inferno, quero pão de queijo, que fome mineira!

Fragmentos de Memória e MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora