Para além do preto (Ink Bendy x Reader)

Capítulo 22: Um mundo cruel

(Narração de S/n)

  18 de outubro de 1965 - Los Angeles

   Nos mudamos para o outro lado do país depois de tudo o que aconteceu. E eu devo dizer, muito aconteceu durante todos esses oito anos.

  Papai saiu da Gent, obviamente, e desistiu do seu plano de destruir o problema que Joey criou. Eu nunca esqueci o que aconteceu. Eu nunca esqueci ele.

  Eu estou trabalhando atualmente em um mercadinho da cidade, como mamãe trabalhava antes.

  Lauren cresceu e está hoje com dezesseis anos. Ela é esperta. Mamãe e papai assumiram ela como uma filha.

  Abby voltou a viver com James em Nova York e nunca mais tivemos notícias dela.

  Mas a pior notícia foi que... Mamãe se foi. Foi descoberto que ela estava com câncer pouco depois de tudo o que aconteceu. Foi triste para todos nós a perda dela. Principalmente para o papai, que agora vive seus dias enfiado na garagem de nossa nova casa pintando quadros do rosto dela.

  "Para impedir que a memória morra" - Ela diz.

  É tão triste ver que todas as cartas que eles trocavam na época que ele trabalhava feito um condenado no estúdio ainda estão todas guardadas com cuidado na gaveta da mesinha ao lado da cama dele. Ele trouxe tudo o que era dela.

  Eu sinto falta dela.

  Mas eu sei o que aconteceu. Papai se recusa a acreditar nisso, mas eu sei que foi isso. Foi a tinta. Joey fez a tinta ir para dentro do corpo dela e se transformar em um problema de saúde para ela. E novamente, Joey foi quem tirou alguém que eu amava.

  Estou do outro lado do país, às vezes, quando estou dirigindo para o trabalho, olho para a janela ao meu lado e penso nele...

  "Estamos em distancias quase impossíveis agora."

  Eu sei o que está acontecendo com ele. De alguma forma. Ele se tornou um instrumento de tortura para Joey descarregar todo o seu ódio naquela versão de tinta que ele criou do papai.

  Acha isso justo? Não, isso não é justo.

  Tudo o que eu queria era salvar Bendy, dar a ele o que ele precisava ter recebido desde o começo: Amor. Mas em vez disso, ele recebeu ódio. E mesmo assim, ele quem é o monstro. Agora, como um cachorro de Joey. Ele está com dor. Eu sei que está. Mas ninguém quer ajudá-lo, ninguém se importa com ele e só querem destruí-lo...

  O Ciclo começou. O Ciclo de Henry começou. E eu sinto que em todo final desse ciclo é mais uma dor para ele.

  Joey não se importa com mais nada além dele e sua vingança. Ele está louco.

  Mas eu fiz uma promessa, e eu vou cumprir. Eu vou te salvar disso, Bendy. Eu vou.

  Hoje foi um dia triste. Fez oito anos que mamãe se foi. O tempo não curam as lembranças que machucam, ele apenas cicatriza. Mas elas continuam ali, como um machucado que criou uma casquinha, apenas esperando a casquinha ser arrancada para poder sangrar novamente.

  Lauren voltou do colégio pela manhã. Eu estava fazendo o almoço.

  Lauren: O pai já voltou? - Ela perguntou triste.

  - Você sabe que não. Hoje é pior dia do ano para ele. Ele ainda está trancafiado dentro da garagem. - Eu disse enquanto colocava o prato com a comida dela sobre a mesa.

  Lauren: Você também está triste, não é? - Eu assenti. - É, eu também. Mesmo não tendo convivido com ela tanto quanto vocês fizeram...

  - Eu entendo... - Eu disse enquanto colocava o meu prato e me sentava no lado oposto ao dela, cutucando a comida com o garfo e encarando o prato sem vontade nenhuma de comer. - Lauren... - Eu olho para ela. - Eu sei que fizemos uma promessa de nunca falar sobre o que aconteceu há oito anos, mas... - Ela me interrompe.

  Lauren: Eu sei, você quer voltar pra lá. Não é? - Eu concordo com a cabeça. - Mas o Joey...

  - Eu não me importo! Eu só preciso voltar! Eu preciso salvar ele! - Eu disse triste.

  Lauren: Ei, relaxa. acho que podemos resolver isso. Mas... E o pai?

   - Talvez ele aceite vir conosco se tentarmos insistir...

  Lauren: Não sei se isso vai funcionar.

  - Talvez funcione.

  Lauren: Não sei, vamos esperar...

  - É... Talvez... - Eu suspiro triste.

 Continua...