light and shadows 45

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Gwyn

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Gwyn

O calor seco e sufocante envolvia meu corpo, apesar da brisa fresca que vinha do mar, e meus olhos semicerrados tentavam se ajustar ao sol incandescente que refletia nas águas turquesas ao nosso redor. O toque da mão de Azriel me ancorava, e assim que me desvencilhei, forcei meu corpo a se reorganizar, lutando contra a sensação esmagadora daquele lugar novo e deslumbrante. Pisquei algumas vezes, tentando absorver tudo ao meu redor, sem me permitir mais nenhuma reação visível. Não ali, não naquele momento.

Estávamos de pé sobre uma plataforma de pouso no topo de uma montanha, empoleirada como um ninho de águia no coração de uma baía em meia-lua. A cidade de Adriata se estendia ao redor e abaixo de nós, abraçada pelo mar reluzente. Cada prédio parecia esculpido em pedra ou cintilava com um brilho nacarado que podia muito bem ser coral ou pérola. O vento trazia o cheiro salgado do oceano, e gaivotas pairavam sobre as torres e pináculos que compunham o horizonte. Nenhuma nuvem manchava o céu azul claro acima de nós.

Eu observei as pontes que se conectavam entre a ilha-montanha e a terra firme, uma delas erguendo-se graciosamente para permitir a passagem de um navio de muitos mastros. Havia tantos navios que eu nem consegui contá-los todos: mercantes, barcos de pesca e outros que pareciam transportar pessoas entre a cidade e o continente. Era uma vista grandiosa, mas não pude deixar de sentir que estava presa. A varanda onde estávamos não oferecia rotas de fuga. Não havia para onde correr, a não ser atravessar as portas de vidro marinho que se abriam para o palácio, ou... bom, pular. Olhei brevemente para o abismo abaixo, os telhados vermelhos das casas 30 metros abaixo de nós parecendo convidativos em comparação.

— Bem-vindos a Adriata — disse uma voz firme e ao mesmo tempo calorosa.

Tarquin. Ele estava no centro do grupo que nos aguardava, a figura alta e imponente do Grão-Senhor da Corte Estival. O sol parecia brincar com os cabelos claros dele, fazendo-os brilhar quase tanto quanto o mar ao nosso redor. Havia um sorriso em seus lábios, mas seus olhos eram cautelosos. Nós compartilhávamos uma história delicada, repleta de alianças forçadas, desconfiança e, claro, o roubo do Livro dos Sopros. Eu sabia que, por mais que ele estivesse ali para nos receber, havia uma tensão sutil que permeava o ar entre ele e Azriel.

Olhei brevemente para Azriel ao meu lado. Mesmo em meio à grandiosidade de Adriata e à beleza crua do lugar, a presença dele me ancorava mais do que qualquer outra coisa. Ele estava alerta, como sempre, mas algo em seu olhar parecia mais... suave. Talvez fosse o calor do lugar, ou o fato de que estávamos longe da Casa do Vento e de Velaris, onde o peso de nossas responsabilidades sempre parecia maior. Ou talvez fosse simplesmente a nossa proximidade recente, o que fazia cada gesto, cada olhar, carregar um peso diferente.

Mas, no fundo, eu sabia que aquele momento era só o começo. O início de algo maior, algo que estava prestes a se desenrolar entre nós e aquela cidade brilhante.

Corte de luz e sombras - GwynrielOnde histórias criam vida. Descubra agora