light and shadows 46

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Azriel

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Azriel

Eu sabia que Gwyn estava deslumbrante — impossível não notar a maneira como o vestido azul claro moldava suas curvas, a forma como a fenda revelava parte de sua perna em um convite sutil e provocante. Cada movimento seu exalava confiança e, ao mesmo tempo, despertava algo primal em mim. Como se ela soubesse exatamente o que estava fazendo, como se tivesse consciência do efeito que causava em mim... e talvez, em qualquer outro homem que ousasse olhá-la por mais de um segundo.

E eu não queria que mais ninguém a olhasse assim.

Quando chegamos à sala onde Tarquin já nos aguardava, seus olhos pousaram em Gwyn, e pude ver um brilho de admiração em seu olhar. Ele sorriu para ela, um sorriso cheio de charme, como se quisesse deixar claro o quanto a achava... apreciável.

Minha mandíbula se contraiu involuntariamente. Uma parte de mim, a parte mais obscura e possessiva, queria puni-lo por isso. Queria que ele entendesse que, embora ela estivesse linda e acessível em seu reino, ela não era uma visão à qual ele tinha direito. Queria fazê-lo entender que cada centímetro exposto daquele vestido, cada curva revelada, era um privilégio meu — e só meu — de apreciar.

Mas claro, nada disso podia ser dito ou feito abertamente. Então, me limitei a permanecer ao lado dela, em silêncio, mas com cada célula do meu corpo gritando possessão e uma tensão quase sufocante. Sabia que Gwyn percebia, que ela notava a maneira como eu a protegia, mesmo sem tocar, como se qualquer movimento dela para longe de mim fosse inaceitável.

E ao ver o sorriso encantado de Tarquin dirigido a ela, tudo o que eu queria era interromper aquela admiração e lembrá-lo de que, apesar de tudo, eu era quem estava ao seu lado.

Mesmo que eu não entendesse ao certo o que Gwyn significava para mim — ou talvez ela não significasse nada, se eu quisesse me convencer disso — não conseguia evitar o desconforto que se formava em meu peito. A ideia de que Tarquin pudesse enxergar nela o que eu via, o que me prendia como um laço invisível, me fazia querer reivindicar algo que eu não tinha direito de possuir.

Afastei-me dela e fui até a cadeira oposta. Gwyn me lançou um olhar frustrado, talvez por perceber a distância que eu deliberadamente colocava entre nós. Mas ela não hesitou; caminhou até a mesa e se sentou, cumprimentando Tarquin com a mesma suavidade que irradiava dela como uma brisa calma.

O sorriso que Tarquin lhe ofereceu em resposta foi... generoso. Demasiado generoso.

— Gostou de seus aposentos? — ele perguntou, a voz suave, mas cheia de intenções ocultas.

— São incríveis, e as vistas são ainda mais lindas. Nunca tinha visto água tão vibrante... Verde, cobalto, e um azul tão profundo quanto o da meia-noite — ela respondeu, a admiração transbordando em sua voz.

— Esta é minha vista preferida — disse Tarquin, enquanto se acomodava ao lado dela ao redor da mesa de madrepérola. Os criados começaram a nos servir, empilhando pratos com frutas frescas, saladas de folhas e mariscos no vapor. Gwyn se iluminava a cada nova descoberta naqueles sabores e texturas, encantada.

Corte de luz e sombras - GwynrielOnde histórias criam vida. Descubra agora