Capítulo 33

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 "Com os cumprimentos da Sra. lauren," o proprietário murmurou, apontando para um carro estacionado ali perto. Ele parecia tão desconfortável quanto eu. Era meu carro, tecnicamente, se ele fosse uns dez anos mais novo e preto brilhante com detalhes em prata. "Mesma marca e modelo, apenas um pouco melhorado," 

disse o proprietário. "A Sra. jauregui insistiu. Disse que era um presente de noivado." Fechei os olhos por um momento. Isso não estava acontecendo. Isso não podia estar acontecendo. "Ela deu seu carro como parte do pagamento," o proprietário continuou, claramente tentando quebrar o silêncio constrangedor. 

"Abateu uns mil dólares do preço." "Obrigada," falei, mais alto do que queria. O proprietário afastou-se e eu apertei o botão automático para destravar o carro na chave. Isso era novo. Tudo bem, para ser justa, o carro todo era novo. Sentei-me no banco de couro e coloquei a chave na ignição. Era uma ação tão familiar e tão estranha ao mesmo tempo. 

Cheirava a carro novo. Abaixei os vidros após sair do estacionamento. Então não era o mais extravagante dos presentes. Para ela, não era quase dinheiro nenhum. Mas era mais do que eu algum dia poderia pagar. Comprei meu último carro pelos classificados com uma pilha de dinheiro amassado. Nunca havia tentado conseguir um financiamento em uma concessionária, mas tinha a sensação de que seria uma experiência desanimadora. De alguma forma ela sabia que me comprar um carro esporte de cem mil dólares iria mexer com a minha cabeça, talvez afugentar-me para sempre. Escolheu um gesto mais sutil. 

Ela estava dizendo, você ainda pode ter sua vida antiga, só que... melhorada. Ela pensava que era isso o que me preocupava? Enquanto eu estacionava na vaga de sempre do meu condomínio, estava bem ciente de estar sendo observada. Se algum dos meus vizinhos intrometidos dissesse algo sobre meu carro novo, tenho certeza que eu teria um colapso nervoso ali mesmo no saguão. O que eu deveria dizer? "Ah, sim, é um presente da minha noiva." Tranquila e calma, como se todo mundo ganhasse carros novinhos de presente de noivado? Quando estava segura dentro do apartamento, desabada sobre uma cadeira, comecei a sentir um pouco de culpa. Havia ganhado um presente realmente muito legal – talvez "generoso" não fosse a palavra certa considerando a fonte – mas não era justo com a 

lauren eu reagir assim. Ela não tinha feito nada errado. Era minha própria culpa se eu estava deixando-me levar. Respirei fundo e peguei o telefone. Tocou uma vez antes que ela atendesse. "Oi, camila ." Ela parecia cansada. "Obrigada pelo carro." 

Ai, meu Deus. Isso soou tão ridículo. "Não precisa me agradecer," ela respondeu, parecendo estar sorrindo um pouco. "Mas não há de que. Quando eu liguei pra saber do seu carro, eles me passaram uma lista tão grande de problemas que seria mais fácil e barato comprar um novo. Eu não queria te incomodar, então eu mesmo resolvi."

 "Tudo bem," falei. "Mas você poderia... não fazer mais surpresas? Foi um pouco estranho." "Desculpa," ela falou. "Você não gosta de surpresas?" "Bem, geralmente eu não me importo." Mexi na aliança. "Mas elas costumam são algo do tipo 'ei, trouxe esse café do outro lado da rua pra você, porque eu já estava lá mesmo.' Não tipo 'ei, aqui está um carro novo.'" Ela suspirou. "camila, eu não queria te deixar desconfortável. Sinto muito mesmo. Eu só queriafazer algo bacana. Sei que não é uma transição fácil pra você." 

 "Tudo bem. É... é um carro bonito." "Que bom que você gostou." Ouvi um ruído, como se ela estivesse trocando o telefone de orelha. "Eu queria falar com você sobre uma coisa, se tiver um minuto." "Claro." "No próximo fim de semana, alguns familiares meus vão estar na cidade. Eu falei pra eles de você. Eu ia te contar antes, mas não achei que a minha irmã e o marido iam conseguir uma folga no trabalho tão cedo."

 "Ah," falei. Não tinha certeza de como me sentia com isso. "Eles vão querer te conhecer, claro," ela disse. "Mas a gente não precisa exagerar. Vou falar pra eles que você está muito ocupada com as suas coisas e com os preparativos pro casamento."

 "Está certo," respondi. E de uma forma estranha, estava mesmo. A ideia de conhecer a família dela não era tão horripilante para mim como deveria ser. Acho que eu havia aumentado muito o nível de estresse que era capaz de processar, mas eu me sentia muito calma. "Eu vou adorar conhecer os dois." Houve um momento de silêncio. 

"Que bom," ela disse, soando um pouco desconfiada. "Bom, eu vou tentar limitar essa visita a um almoço e talvez uma ou duas saídas pra fazer compras. 

Eu não sei exatamente quanto tempo eles vão ficar." "Não se preocupa," falei. "De verdade. Estou falando sério. Não é nada demais." 

 "Bom, está certo." 

Ela suspirou. "A gente se vê amanhã na hora do almoço, então."

 "Tá bom. Tchau."

 "Te amo," ela

 falou. Ela realmente pensava que alguém poderia estar monitorando seu telefone? Acho que não. "Também te amo," respondi, e desliguei rapidamente. Bem, as coisas estavam desenvolvendo-se de forma interessante.

 Conhecer a família de alguém era a melhor maneira de saber o que as próprias pessoas nem sempre contavam. Na verdade, eu estava ansiosa para conversar com a irmã dela. Talvez eu pudesse mesmo aprender algo sobre a mulher com quem iria casar.

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