Capítulo 32

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 Na manhã seguinte, após ter saído da cama meio grogue, vi que lauren havia preparado café da manhã para mim de novo. Dessa vez, ela não precisou perguntar-me como eu queria os ovos. Comi mecanicamente e dei respostas monossilábicas quando ela me perguntou como estava me sentindo, se havia dormido bem, se tinha me divertido na noite passada. 

Percebi que ela queria fazer perguntas muito mais pessoais, mas manteve a boca fechada. Por um tempo. Quando eu estava prestes a terminar minha segunda xícara de café, ela disse: "Você atuou muito bem na noite passada."

  Seus olhos examinavam meu rosto. Ela sabia que não foi atuação – ela queria que eu admitisse. Ela queria confortar-me, como se fôssemos mesmo um casal de verdade. Ela não entendia que isso só pioraria as coisas? Não podíamos fingir estar apaixonadas quando está vamos sozinhas. Já era ruim o bastante fazer isso em público, com todos assistindo. Pelo menos aí eu podia distrair-me com a alegria duvidosa de enganar as pessoas. 

 "Obrigada," respondi categoricamente, batendo a xícara tão forte na bancada que tinha certeza que a quebraria. Não quebrou, mas lauren assustou-se um pouco. "Eu vou me vestir. Pode chamar o John pra mim? Preciso ir pra casa e cuidar de algumas coisas."

 "Absolutamente. É claro." Podia senti-la observando-me enquanto eu saía pelo corredor e desaparecia na sala. Esta provavelmente era uma péssima hora para que eu me isolasse no apartamento e não falasse com ela ou o visse – pareceria estranho. Mas eu precisava reconhecer que ela não estava pressionando-me. Talvez ela entendesse mesmo.

 Ou algo assim. Um pouco. Meu apartamento parecia frio e estranho quando cheguei lá. Estranhamente desabitado. Eu nunca havia tirado qualquer tipo de férias ou folga desde que me mudei para cá, então era uma atmosfera estranha. Até que lauren aparecesse, eu nem mesmo havia passado a noite na casa de outra pessoa. Nunca me senti confortável com isso – simplesmente mais por ter que tentar dormir em uma cama com outra pessoa do que pela intimidade disso. 

As (MULHERES E HOMEMS) que eu geralmente escolhia tinham no máximo uma cama de casal – isso se eu tivesse sorte – e ter uma noite de sono decente estando entrelaçada a um ser humano todo suado, roncando e que se mexia demais era simplesmente impossível. Eu não sabia como os casais de longa data faziam. 

Precisava do meu próprio espaço, uma cama grande, de boa amplitude sobre a qual eu ficasse livre para esparramar-me como quisesse. Eu nunca me sentia solitária quando dormia. Muito longe disso. Durante o dia era diferente, claro. Às vezes aqui ficava quieto demais, parado demais, até mesmo para mim. 

Mas esse era o preço a pagar pela independência. Ser uma mulher bancada durante um ano seria uma adaptação difícil. lauren não me ligou durante todo o fim de semana. Meu telefone tocou uma vez, mas era o mecânico, avisando-me que meu carro estava pronto e eles iriam mandar um traslado de cortesia para buscar-me quando eu estivesse pronta. Que esquisito; não sabia que eles abriam aos domingos. O local onde o motorista parou estava estranhamente deserto e quando estiquei o pescoço para olhar ao redor do estacionamento, meu carro não estava à vista. O proprietário do lugar veio ao meu encontro. "Aqui está, senhorita," ele disse, entregando-me uma chave desconhecida. Fiquei observando-a.  

"Essa não é a minha," falei, enquanto a percepção do que estava acontecendo começava a surgir na minha mente.

(continuar)

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