Capítulo 42

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 Eu não fazia chapinha no cabelo desde a formatura e quase engasguei com o cheiro do laquê. Mas no final, com o cabelo todo preso e uma tiara, eu realmente parecia uma noiva. Conforme o tempo passou, começava mesmo a parecer real. 

No fim de semana antes do casamento, lauren veio ajudar-me a encaixotar as coisas, conforme havia insistido em fazer. A maioria já estava nas caixas, e eu daria tudo o que não precisaria mais para os próximos dias. Juntas, passamos boa parte da manhã carregando um caminhão do serviço de mudanças U-Haul, e sentia-me mal por não o ter deixado contratar um serviço de mudanças toda vez que ela levantava uma caixa. 

Mas ela nem mesmo insinuou uma reclamação ou frustração com o processo, mesmo quando eu mesma demonstrava isso. Pedi uma pizza para o almoço. Estava ficando muito menos constrangida com minhas escolhas de lugares para comer, o que era bom. Ela parecia gostar disso tanto quanto eu e enquanto estávamos sentadas no chão vazio da sala segurando nossos pedaços de pizza, percebi que era um bom momento para falar sobre meus problemas financeiros. Era mais complicado do que eu pensava – mas normalmente tudo era desse jeito para mim. Fiquei enrolando por horas, até que ela acabou me cutucando para falar de uma vez o que estava na minha mente. 

"Eu tenho algumas contas..." comecei, e ela levantou a mão para indicar que eu já tinha dito o suficiente. "Apenas dê tudo pra mim," ela pediu. "Eu cuido disso." "É que algumas delas não são tão... baratas," falei. "E quando eu liguei pra cancelar alguns serviços, eles ameaçaram cobrar se eu não cuidasse de tudo em de 30 dias."

 "Não precisa se preocupar," ela disse. "Vai dar tudo certo." E, de repente, eu sabia que isso era verdade. Até aquele momento eu não havia percebido o quanto eu me importava com isso – embora fosse ridículo preocupar-me, estava aflita sobre como ela poderia reagir, como ela se sentiria com o fato de que eu estava sendo tão necessitada e exigente antes mesmo de estarmos tecnicamente casadas.

 Sem mencionar quantas noites fiquei sem dormir antes de ela aparecer, pensando como raios iria conseguirpagar tudo sozinha. Podia até sentir os músculos dos meus ombros relaxando um pouco, após estarem tensos por só Deus sabe quanto tempo. 

"Obrigada," falei, talvez um pouco mais fervorosamente, a julgar pelo olhar surpresa no rosto dela. "camila. Isso era parte do nosso acordo. Eu vou cuidar das suas questões financeiras durante esse período. É o mínimo que eu posso fazer, você não precisa me agradecer." "É que... eu fiquei preocupada por tanto tempo, pensando como eu ia quitar as dívidas. E agora passou. Eu não preciso mais me preocupar."

 "É isso mesmo," ela falou, sorrindo. "Sem mais preocupações." Ainda não sei por que eu achei uma boa ideia inclinar-me e beijá-la. Acredito que deveria ter sido apenas um beijinho de amigas, ou que no fundo da minha mente eu pensava que alguém estaria espiando pela janela. Ou pode ser que eu simplesmente não consegui controlar-me. Por um momento, ela ficou parada; surpresa, eu acho, com minha iniciativa. Mas a hesitação durou apenas por uma fração de segundos antes de sentir a mão dela em minha nuca, puxando-me agressivamente, e a única reação apropriada parecia ser deixar meus lábios abrirem-se contra os dela. 

Ela aceitou imediatamente o convite, sua língua deslizando pela minha boca e explorando o território, e senti um arrepio de puro êxtase descer pela minha espinha. Em alguns instantes, entreguei-me completamente – esquecendo onde eu estava e o que fazia aqui. Meu coração palpitava. Precisava dela mais do que já havia precisado de qualquer coisa. Inclinei-me em sua direção, intensificando ainda mais o beijo. Quando paramos para recuperar o fôlego, esperava que ela dissesse algo – que contestasse, mesmo sem muita convicção – mas seus olhos estavam escuros e ferozes e decididos. 

Não havia mais nada em seu rosto além de puro desejo. Derreti-me. Ela persuadiu-me a deitar no tapete com o movimento de seu corpo, esticando-se sobre o meu, até que estivesse sobre mim. Eu podia senti algo tenso e duro feito pedra em seu jeans. Ai, meu Deus. Isso vai mesmo acontecer. Estava ficando louca de excitação e nem conseguia acreditar no que estava acontecendo. Até hoje não sei o que deu em mim para olhá-la diretamente nos olhos e dizer, com uma voz ofegante:

 "Obrigada." Seu olhar me preocupou. Ela afastou-se, com uma expressão como se estivesse com nojo. De mim? Dela? Eu não sabia. E não tinha certeza se queria saber. Sentei-me rapidamente. "Qual é o problema?" sentia-me furiosa. Estava tão perto de ter o que eu queria e ela arrancou isso de mim. Por quê? O que eu tinha feito? Ela balançou a cabeça, olhando para o chão. "Isso não é uma boa ideia," 

respondeu, categoricamente. Bem, é óbvio que ela não voltaria mais hoje. Depois que ela fechou a porta, meu chuveirinho trabalhou mais do que nunca na vida. 

Quando minha cabeça estava mais tranquila, estava determinada a não deixar isso acontecer novamente. Se ela ficaria com a consciência pesada só porque eu falei algo bobo, bem, era problema dela. 

Ela achava mesmo que eu era o tipo de pessoa que faria sexo com alguém somente por gratidão?

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