Capítulo 35

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Ignorei a questão do "status de relacionamento" por muito, muito tempo. Era hora de fazer a alteração. Por um lado, eu ainda não tinha contado para os meus pais. Por outro, eu iria contar? Eu estava enrolando assim há décadas. Precisava tomar logo uma decisão. Por mais que eu quisesse simplesmente mudar meu status e seguir em frente, eu sabia que precisava primeiro contar para eles. Precisei de cinco tentativas para discar o número inteiro. Quando começou a chamar, quase me apavorei e desliguei, mas em vez disso, esperei. 

 "Alô?"

 "Oi,

 pai,"

 falei.

 "Ah," 

ele exclamou, parecendo um pouco chocado. 

"camila. 

Oi. 

Como você tá?"

 "Eu...

 eu estou bem." 

Respirei fundo. "A mamãe está por aí?"

 "Está sim, quer que eu chame ela?"

 "Podem ficar os dois na linha?

 Eu quero contar uma coisa." 

 "Tá bom."

 Ele soou desconfiado,

 mas,

 apesar disso,

 fez o que eu pedi. 

Em alguns instantes, 

ouvi a voz da minha mãe. 

 "Oi, querida," 

ela disse. "Como estão as coisas?" "Tudo ótimo," falei. "Eu acabei de ficar noiva." O silêncio reinou por alguns segundos. Então, os dois começaram a falar de uma só vez. "Com quem você..." "Você não contou nada..." "Aconteceu muito rápido," respondi, rapidamente. "É com minha chefe. O nome dela é lauren." "Naquele lugar de... material de escritório?" "Não, mãe. Isso foi há anos. Agora eu trabalho num lugar de produtos eletrônicos pra consumo." Eles tiveram que digerir tudo isso por um momento. "Bom, pelo menos ela vai poder te sustentar, então," essa foi a contribuição do meu pai. "Sim," ajudou minha mãe. "Eu sempre esperei que você pudesse encontrar alguém capaz de te sustentar prra você poder seguir sua... arte." Fechei os olhos bem apertados. "Obrigada, mãe. Escuta, eu preciso ir. Tenho muita coisa pra fazer. Mas eu vou mandar o convite do casamento, se vocês quiserem vir. Não vai ser nada demais, nada muito chique, mas a lauren pode pagar a viagem de vocês." Eu sabia que não teria chance de eles virem se tivessem que pagar tudo por conta própria. "Ah..." meu pai estava claramente procurando as palavras certas.

 "Não, querida, acho que não vamos conseguir escapar do trabalho. E a sua mãe não pode viajar, você sabe, por causa do quadril." "Sei," respondi. "Eu só pensei que talvez... Bom, eu mando umas fotos." 

 "Isso seria ótimo," disse minha mãe. 

 Depois que desliguei, tive a nítida sensação de que não deveria nem ter me incomodado. A semana seguinte passou num piscar de olhos. Estava tentando amarrar o máximo de pontas soltas que podia, terminando projetos, ou pelo menos os deixando num ponto em que meu substituto não iria querer me matar. 

O departamento de RH já estava fazendo entrevistas. Eu tentei não ficar pensando na minha saída. Por mais frustrante que meu trabalho às vezes fosse, ainda seria esquisito não vir para cá todos os dias. Na sexta-feira, o telefone da minha mesa começou a tocar. O que era... estranho. Atendi. "Alô?" "Oi, camilla." Lauren limpou a garganta.

"Você poderia, ahn, vir ao meu escritório, por favor?" Eu podia jurar que ouvi alguém falando no fundo. Franzi levemente as sobrancelhas. "Algum problema?" "Não, não, nenhum problema, é que... você pode vir aqui?" "Tá bom, então." 

 Quando cheguei ao escritório dela, a porta estava fechada. Dessa vez eu tinha certeza que podia ouvir vozes lá dentro. "Pode entrar," Alice falou de sua mesa no corredor. 

"estão esperando por você." Quem? Abri a porta e entrei. Lauren estava sentada atrás da mesa, como de costume, mas havia um casal sentado nas cadeiras a sua frente. Eles estavam cercados por bagagens no chão. Mal a mulher olhou para mim, ela levantouse e correu em minha direção. "camila!"

exclamou, jogando os braços ao meu redor. Abracei-a de volta, percebendo que devia ser a irmã da lauren, mas por que raios ela não tinha pelo menos me avisado antes de me chamar para essa emboscada?Ela estava rindo.

 "Eu sou a Taylor , irmã da lauren. Este é meu marido, Ray." Ray acenou, sorrindo educadamente. Ela também parecia não estar muito animada com a emboscada. "Desculpa," disse Taylor , sem parecer tão arrependida. 

"Nosso voo chegou mais cedo e a gente ainda não podia se registrar no hotel, então decidimos fazer uma surpresa  lauren. Eu não deixei ela te avisar." "Esse prazer em surpreender as pessoas é de família, né?" sorri para lauren, que parecia realmente... constrangida? Ah, isso seria divertido. "Por quê?" 

Taylor olhava para nós duas, com um sorriso conspiratório no rosto. "Bom, outro dia... eu pensei que ia buscar meu carro na oficina mecânica, e ela me comprou um novinho em folha," expliquei. Taylor morreu de rir. "Sério? A lauren nunca foi de fazer surpresas pras pessoas quando a gente era mais nova, que bom que ela está vendo como é divertido." Lolo? Isso estava ficando cada vez melhor. 

 "A gente ainda precisa se acomodar, óbvio." Taylor olhou para as bagagens no chão. "Mas eu espero que vocês estejam livres pro jantar essa noite. Vamos levar vocês no melhor lugar da cidade." Lauren limpou a garganta. "A gente foi lá há pouco tempo," ela disse. "Acho melhor variar um pouco." Taylor acenou com um gesto de desprezo. "No segundo melhor lugar, então. Ou numa espelunca com os hambúrgueres mais gordurosos, não importa. Eu só quero conhecer a minha nova cunhada." "Pra falar a verdade, hambúrgueres gordurosos parece ótimo," falei. "Eu ia adorar comer em algum lugar onde eu posso usar jeans." "Perfeito!" Taylor aproximou-se de lauren, apertando seus ombros e dando um leve empurrão. Ela se encolheu um pouco e então sorriu. "O que você acha, lolo? 

Jerry's Grill? Aposto que é igualzinho ao que tinha lá perto de casa." Lauren riu. "Sério? Não vamos a um lugar desses em... meu Deus. Quanto tempo faz?" "Acho melhor a gente nem pensar nisso," brincou Taylor . "Só lembro que você sempre fazia pirraça quando o papai não deixava você tomar um milkshake."

 Ela olhou para mim e, por alguma razão, eu não sabia o que deveria dizer. "Muito açúcar?" falei, tentando imaginar lauren quando criança pulando sem parar porque alguém  deixou comer muito doce. 

(continuar)

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(continuar)

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