Capítulo Trinta

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Os dias foram se passando sem muitas novidades.

O relação de Yoongi e Yunah se tornava cada vez mais próxima e a intimidade trocada não era apenas sexual.

O moreno podia passar horas ouvindo a médica contar suas histórias mais engraçadas, falar sobre a família ou adolescência.
Enquanto isso, a médica adotou como passatempo favorito ver Yoongi conversar, falar de como era antes do hospital e rir das suas piadas, sem estar o analisando clinicamente.

Era quase como se tivessem trocado de corpos.
Agora, Yoongi era mais o tipo ouvinte, enquanto Yunah era a piadista sarcástica.

Passaram a se completar ainda mais e até quem era de fora podia perceber isso.
Taehyung notou a alteração nas atitudes, mas preferiu não tirar conclusões; a vida já estava lotada o suficiente com as investigações.
Entretanto, começou a ficar difícil fingir uma falta de conexão. Como mentir que não conversavam apenas com o olhar?

A situação começou a ficar mais complicada ainda de ser escondida, quando o policial começou a frequentar ainda mais a casa de Yunah.

Era importante Taehyung estar por perto e conversar com Yoongi, para cercar toda e qualquer possibilidade de encontrar chances de inocentá-lo.
As pistas, porém, sempre eram muito antigas. Nada do que já não tivessem conhecimento.

Ainda aguardavam a finalização da análise da câmera no orquidário da família Min, àquela altura. Mas já sabiam que não havia imagens que pudessem mudar significativamente o caso, logo na perícia inicial.

Exames para um novo laudo do paciente estavam sendo realizados em paralelo, por profissionais de fora, que nada tinham a ver com o caso. Mesmo sabendo que esse processo ainda levaria um tempo, seria melhor iniciarem o quanto antes.

O policial também já havia investigado a antiga médica de Yoongi e atual diretora do hospital, Eun-ji, e já havia exposto toda a situação sobre onde o paciente estava e porquê.

A diretora achou arriscado e se opôs a princípio de compactuar com tudo aquilo. Mas logo concordou em manter a mentira inventada: Yoongi estaria no hospital, isolado por mau comportamento e crises, sem direito a visitas. Somente ela e a doutora atual, que teriam acesso a ele a fim de alimentá-lo e lhe entregar os remédios.

Ainda era segredo a ausência do paciente, por não terem certeza sobre quem podiam confiar. Ninguém além deles poderiam saber disso. Até mesmo os médicos de lá, que não o tratavam diretamente, passaram a saber dessa versão da história.

De qualquer forma, apenas para reforçarem a necessidade de descrição, Eun-ji resolveu ir até o hospital, mesmo com o pé engessado e sem a instrução do policial, para uma reunião de urgência com todos os funcionários.
Queria reforçar o direito ao sigilo médico-paciente, e mostrar que era crime vazar qualquer informação de pacientes de lá. Assim, imaginou que ajudaria a manter a confidencialidade das informações.

Yunah se sentiu aliviada com a atitude de sua diretora. Admira a forma como ela sempre defendeu Yoongi como pôde.

Entretanto, o alívio não durou um dia.

No final daquela tarde, a recepcionista a chamou até sua mesa, pois havia um homem na linha à sua espera.
Ao atender, Yunah sentiu seu corpo congelar.

– Boa tarde, Srta. Hwang. Sou Jae-Myung, advogado de Min Yoongi. – Desde que Taehyung passou a expor suas desconfianças em relação aos advogados de Yoongi, esse tema passou a ser um tanto delicado. Apesar de desconfiarem da participação dos advogados no crime, não tinham sequer uma prova contra os dois. Além disso, a ausência deles por tanto tempo, não os preparou para caso aparecessem. – Soube que meu cliente está em isolamento. Gostaria de entender o motivo de estarem destratando um paciente.

Yunah precisou pensar rápido.
Mal analisou o que havia sido dito e apenas seguiu com a melhor resposta que lhe surgiu em mente.

– Boa tarde, Sr. Jae-Myung. Como advogado, o senhor deve saber que não compartilhamos informações sobre os pacientes, exceto para os seus responsáveis ou familiares. – Yunah tentou ao máximo controlar a voz, mas em seguida, ouviu o homem rir do outro lado da linha.

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