Capítulo Trinta e Um

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Reportar ao policial tudo que havia se lembrado, foi uma das tarefas mais difíceis da sua vida depois de ter que viver sozinho, num hospital, sem seus pais.

A sensação de falar tudo novamente, sentir tudo novamente, parecia esmagar seu peito. Como havia se esquecido de tudo aquilo? Porque perdeu a consciência, quando podia ter tentado ajudar sua família ou ao menos saber quem eram os criminosos que acabaram com toda sua vida?

A cada palavra que saía de sua boca, sentia mais questionamentos lhe invadindo.
Seu toráx sofria espasmos, com o choro estrangulado por tanto tempo e, tinha certeza, que se não fosse pela mão da médica lhe afagando as costas e mostrando que estava ao seu lado, teria sucumbido ao pânico da lembrança.

Taehyung anotava tudo com o cenho franzido.
Era inaceitável tudo aquilo, se o sonho do rapaz fosse realmente uma lembrança.
Como deixaram tudo aquilo passar? O tamanho da incompetência de todos que fizeram parte daquilo era inimaginável.

Sentia raiva pelo rapaz. Mais raiva ainda por saber que, além da lembrança propícia que Yoongi havia tido, tinha o resultado do refinamento da câmera do orquidário e mais uma de suas suspeitas estava certa.

Não quis interromper o moreno enquanto falava, mas sabia que teria que falar sobre aquilo, de uma forma ou de outra.

– Eu sinto muito. Sinto muito mesmo. – O policial se pronunciou após um tempo, apenas escrevendo em seu bloco de papel. Respirou fundo e direcionou o olhar a Yoongi que, parecia de alguma forma, buscar consolo em Yunah, que tinha os olhos tão vermelhos quanto os dele. – Essas informações são importantes e, junto às novas, tenho certeza que conseguiremos mais detalhes sobre tudo.

– Novas? – Yunah perguntou, engolindo seco. Taehyung respirou fundo, soltando o ar de forma ruidosa e negando com a cabeça em derrota.

– Tivemos acesso ao áudio refinado que estava em análise. Cruzaram o conteúdo com alguns dos bancos de dados que temos e, ao que tudo indica... A voz era do Woobin. – A médica não conseguiu evitar a surpresa, associando o nome ao policial que havia participado da reconstituição com Yoongi. – O bip do rádio da polícia, com algumas chamadas, ficou claro depois do refinamento e o sotaque daquele filho da mãe dá para ser reconhecido a quilômetros de distância. Ele atendeu uma ligação rápida enquanto estava por lá e foi descuidado o suficiente para falar o nome da pessoa com quem estava falando: Jang Ki-Joon.

A médica levou as mãos à boca, sentindo a cabeça girar.
Os advogados realmente estavam envolvidos e, por quanto tempo Yoongi ficou a mercê deles? O tamanho da injustiça envolvida nisso tudo, fazia tudo parar um enredo de novela.

Yoongi, por sua vez, permanecia calado.
O olhar baixo e molhado devido as lágrimas que continuavam caindo, eram contrárias ao que acontecia em seu interior.

O estômago parecia que não suportaria o embrulho e seu coração apertava a ponto de sentir falta de ar.

– O que ele disse? – O mais velho falou tão baixo e rouco, que mal o ouviram. – O que o Ki-Joon disse?

– Infelizmente, a ligação não estava no viva-voz. – Taehyung respondeu. – Apenas foi possível entender o que o Woobin dizia e ficou claro que estava lá a mando do advogado. Chegaram a discutir porque, aparentemente, não tinham seguido seja lá o que for que teriam acordado e Woobin teve que voltar ao local para "farejar", como ele mesmo disse. – O policial deu alguns segundos de pausa nas revelações apenas para que o homem à sua frente pudesse respirar e absorver o que tinha acabado de ouvir. – Yoongi, você disse que os homens que fizeram isso tudo estava com os rostos cobertos. Mas há alguma chance de você conseguir associá-los com os advogados?

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