Capítulo Dezesseis

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Por volta das seis da tarde, Yunah estava em seu consultório quando viu, pela janela, um dos seguranças entrando apressadamente do jardim, para o hospital.
Uma sensação ruim tomou conta do seu peito, como num mau pressentimento, então decidiu verificar o que acontecia.

Andou o mais rápido que podia pelos corredores, até avistar um aglomerado de pessoas que falavam tão alto que mal dava para entender suas vozes ou o que se passava.

Viu quando mais um segurança chegou e, abrindo a roda de pessoas, levantou a paciente que brigava no chão com uma das enfermeiras.
A situação não era boa, mas sentiu alívio por não ser nenhum de seus pacientes. Além do mais, essa situação, infelizmente, era mais comum do que gostaria. Vez ou outra se tinha notícias sobre pacientes agredindo os médicos, sem ao menos terem consciência do estrago que faziam, e por isso os seguranças estavam espalhados por todo o hospital.

Com o passar dos minutos, os pacientes que olhavam a briga se dispersaram, a enfermeira agredida e a paciente foram direto para a enfermaria e Yunah ficou no local, conversando com outro médico, que também apareceu, preocupado com a confusão.

- Anos de trabalho e nunca vou me acostumar com essas crises de alguns pacientes. - A médica concordou, o olhando, compreensiva.- Tive sorte de nunca ter acontecido comigo.

- Espero que não tenhamos nunca essa "primeira vez". - Yunah sorriu, olhando em volta e notando um líquido branco espalhado no chão, próximo de onde estava, e apontou, ao questionar ao médico. - O que aconteceu ali?

- A paciente estava tomando iogurte quando a enfermeira chegou para lhe dar o remédio. Aparentemente, ela não quis tomar nenhum dos dois e arremessou no chão. - O médico coçou a cabeça, olhando em volta, em busca de algo.- Consegue pegar algumas toalhas no banheiro, por favor? Assim, consigo limpar, pelo menos, superficialmente para ninguém escorregar até a chegada da equipe de limpeza.

Prontamente, Yunah assentiu, indo em direção ao banheiro mais próximo dali.

Ele não era mais usado, devido à distância das áreas principais e sua estrutura. Nesses, ainda existiam portas no estilo baias, que deixavam pés e parte do tronco à mostra, para que os médicos pudessem acompanhar alguns pacientes que exigiam essa necessidade. Já os novos, possuíam um tipo de vidro jateado para maior privacidade dos pacientes, enquanto eram acompanhados.

Ao forçar a maçaneta para entrar, percebeu que estava trancado, como sempre, e logo buscou as chaves extras na recepção.
Assim que abriu, porém, notou o chuveiro ligado e, um tanto assustada, caminhou devagar para evitar ser vista, até que pudesse entender o que estava acontecendo.

Mas se arrependeu amargamente e congelou, quando reconheceu seu paciente.

O som alto da pressão da água batendo sobre a cabeça de Yoongi, provavelmente abafava os sons a sua volta. Seus olhos fechados, evitavam o contato com o shampoo e, por isso, não percebeu que a médica o observava.

Ela sabia que era errado, mas não conseguia desviar o olhar.

As costas do homem, tão lisa e branca, pareciam telas prontas para receber uma obra de arte. Os cabelos molhados e escorrendo sobre sua nuca enquanto ele se livrava da espuma, pareciam mais longos que nos dias normais devido a umidade.
Os braços fortes, apenas na medida certa, pareciam mais firmes com o brilho sendo refletido pela água que escorria por eles.

Suas mãos grandes, as quais já havia reparado mais de perto, passavam pelo cabelo, fazendo a água correr e escorrer pelos seus ombros, que pareciam muito mais largos sem a interferência dos panos de suas vestimentas.

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