Capítulo Vinte e Três

215 28 29
                                    

Não esqueça de votar

×°×


Min teria ficado imóvel, tentando entender o que exatamente "sair sem olhar para trás" significava, se não fosse pelo policial que segurou seu braço na altura do cotovelo, o forçando a acompanhá-lo.

- Para onde você está me levando? - Yoongi, murmurou, falando baixo pela tensão que sentia no momento.

- Um carro vai estar estacionado em frente a saída, vai direto para o carona dele.- Para Taehyung, que sabia como seriam os próximos passos, tudo parecia claro demais. Entretanto, via o olhar de confusão na face do rapaz que guiava e ponderou.- Mais tarde eu te explico. Só faça o que eu estou falando, rápido.

E assim, Yoongi o fez.

Após uma pequena caminhada dentro do local, assim que se aproximaram da grande porta de saída que, aparentemente, era aos fundos da delegacia por conta do pouco movimento, Taehyung se desvencilhou do homem.
Como instruído, o mais velho, ainda que muito nervoso, passou pelo batente sentindo a brisa gelada da noite soprar sobre o seu rosto.

Seus olhos percorreram a sua volta.

Não conseguia entender absolutamente nada do que estava acontecendo.
Estava liberto? Não via ninguém a sua volta o monitorando, embora soubesse que no carro cinza, estacionado rente a calçada, alguém o esperava. Provavelmente o policial que o levaria de volta ao hospital.
Teve poucos segundos pensando, antes de ver o carro ser ligado e acender os faróis e imaginou que haviam feito isso para chamar sua atenção, fazendo-o se apressar.

Engolindo seco e andando com a cabeça baixa, de forma que o capuz do casaco cobrisse sua testa e parcialmente os olhos, alcançou a porta do veículo, entrando em seguida.

Quando sentiu o calor do interior do veículo, tirou a touca para olhar o motorista e congelou ao notar o olhar da sua doutora sobre si.

E então, além da confusão, a vergonha lhe invadiu.

Não queria que ela o visse saindo de um lugar como aquele. Já o tinha visto algemado no hospital e aquilo era como se reforçasse a sua culpa. E, apesar de saber que ela tinha conhecimento sobre todo o caso desde o início, não queria que ela lembrasse disso o tempo todo, como ele fazia.
Se houvesse ao menos um por cento de chance, no fundo, queria que ela o olhasse sem toda a bagagem pesada do seu passado.

- O que você está fazendo aqui? - Quase sussurrou para a mulher ao seu lado, sentindo o próprio peito subir e descer, em aflição.

- Eu vim te buscar.

Aquela frase dizia tanto à Yunah.

Ainda que o homem ao seu lado não soubesse, o curso que a vida de ambos tomaria dali para frente, já não era mais como o previsto.
A médica jamais imaginou que passaria por metade do que havia passado até aquele momento. Jamais pensou que buscaria o paciente para levá-lo para sua própria casa, enquanto tentava, de alguma forma, encontrar resquícios de sua inocência.
Era loucura passar por isso e a ironia da situação era que, mesmo tendo essa consciência, sentia uma pequena fagulha de alegria se acender dentro de seu peito.

Yoongi, por outro lado, não reconhecia essa sensação positiva ali. Teria que se explicar para ela em algum momento, relatar o porquê foi até a delegacia e encará-la pelo menos uma vez na semana, tendo consciência de que o caso, de alguma forma, estava novamente sendo revirado, destacando sua culpa.

- Não devia ter vindo me buscar.- Franziu o cenho, falando seco. Yunah estranhou o tom rude do rapaz, já fazia tempos desde a última vez que o ouvira. - É perigosa a estrada do hospital até aqui, à noite. É perigoso dirigir sozinha.- Se o momento não fosse tão tenso, Yunah teria sorrido. Ele não estava sendo rude, estava sendo cuidadoso, do jeito peculiar dele.- Porque não mandaram um policial para me levar de volta ao hospital, já que foram eles que me tiraram de lá? - Yoongi resmungou, baixo, cruzando os braços e olhando para fora da janela.

AshesOnde histórias criam vida. Descubra agora