Capítulo Vinte e Oito

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Yunah não pensou que um simples passeio para comprar roupas poderia ser tão difícil.

A cada peça que o rapaz experimentava, ele saía para pedir sua opinião.
E o problema não era esse.
O problema é que ela não podia falar o que realmente pensava sobre ele dentro delas.

Parecia bizarro a forma que sua mente estava processando Yoongi de boné e roupas casuais.
Era como se ele parecesse até outra pessoa.
Uma pessoa ainda mais atraente que o normal.

Não podia mais negar a atração, nem sequer conseguia fingir. E era notável à Yoongi as reações da médica.
A cada vez que saía e via o rosto da médica ficando vermelho ou as engolidas em seco que ela dava, tinha vontade de fazer mais.
Agora não sofreria sozinho desse mal, os dois estavam passando pelas mesmas provações.

Ao final das compras, escolheu algumas peças a contragosto, pois não queria ser um gasto para a mulher. Entretanto, depois de muita teimosia por parte dela, prometeu que levaria com a condição de devolver tudo algum dia, se pudesse.

Aproveitaram para passar numa pequena conveniência na volta para casa.
Era gostoso ver os olhos do rapaz passando por cada pequena coisa, como se visse pela primeira vez. E, sempre disfarçando ao máximo, fez com que o rapaz escolhesse alguns doces e salgados de sua preferência.
Yunah se sentiu satisfeita por fazer com o que ele explorasse mais o mundo, sem se sentir um peso.
Sua intenção era exatamente essa. E, enfim, percebia que estava conseguindo ajudá-lo de forma mais efetiva.

Claro que o peso do pessoal, já era bem maior. Mas a médica que havia dentro de si, ainda queria buscar a solução para que Yoongi pudesse viver verdadeiramente.
E vê-lo olhando em volta, mais solto, conversando – ainda que nem tanto – sobre como o local era antes de tudo, o que costumava comer e beber... Era, no mínimo, gratificante.

***

- Toma.- Estendeu a colher para Yoongi, que segurava um pote de sorvete, sentado no sofá. Mais tarde, naquele dia, Yunah havia sugerido que tomassem sorvete enquanto assistiam a programação qualquer de animais que passava na National Geographic.- Eu juro, se aparecer qualquer espécie de aranha nessa tela, eu levanto e não volto para cá nunca mais.

- Doutora, você teme coisas tão bobas... O que uma aranha na televisão vai te fazer de mal? - Pegou a primeira colherada, após a mulher fazer o mesmo.

- O problema não é ela, é o que minha imaginação processa e projeta depois nos meus sonhos. - Franziu o nariz, levando o creme gelado até a boca. - Depois é difícil distinguir o que é sonho e realidade e conseguir voltar a dormir.

- Mas agora eu estou aqui.- Deu de ombros. - E se tiver pesadelos, posso te acordar e trazer para a realidade.

Se ele ao menos soubesse a quantidade de vezes que também invadia os sonhos da médica, não ousaria oferecer ajuda.

- Como se você fosse ouvir.

- Eu ouço muito bem, mesmo por trás da porta, doutora. Já devia saber isso.

A voz forçadamente maliciosa do rapaz, junto ao sorriso de canto de boca, fez o coração de Yunah disparar.
Sabia exatamente do que ele estava falando, porque, como se estivesse lendo a mente dela, era exatamente o que estava pensando.

Yoongi foi inteligente o suficiente para ver as reações do corpo da mulher com sua fala: A postura ficando ereta, as bochechas ficando vermelhas, os olhos fixos no rosto dele e a boca levemente aberta.
Causar esses efeitos na mulher, era sua segunda coisa favorita no mundo. A primeira, era tê-la entregue em seus braços.

AshesOnde histórias criam vida. Descubra agora