Mabelle Bernnet, uma artista sonhadora, faz um pedido um tanto inusitado quando apaga uma vela no seu aniversário, trazendo aquele que governa a tão temida Floresta das Trevas, o Rei elfo Thranduil ao seu mundo. Agora ela tem que lidar com um elfo r...
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— Nesse nível terei que comprar uma vinícola…
A Bernnet sentiu no bolso nas últimas semanas, seu estoque de vinho havia acabado e Thranduil aparentemente era mais fácil de lidar quando continha alguma garrafa em sua adega, ela ainda ficava admirada com a quantidade que ele poderia consumir em um só dia. De fato ele era bem tolerante, em nenhum momento o viu sequer tonto ou com as bochechas avermelhadas pelo álcool. Tinha inveja disso nele, dois goles e ela estaria dormindo por oito horas seguidas, facilmente.
O barulho de garrafas no assoalho do carro não a incomodava, nos últimos quatro dias seu humor, mesmo ainda abalado, não afetava mais o seus afazeres. Sua mãe havia ligado, ela não atendeu, nem mesmo leu as mensagens da velha, nem dela ou de sua irmã. Ela ainda não queria sair de casa, mas precisava de novos materiais de pintura, e de qualquer forma teria de ir a cidade, entregar um quadro. Aproveitou para ir até a casa de Grace, ela havia notado o quão abatido o elfo aparentava hoje de manhã, um tanto pálido demais para ela e para ele, que já é branco como a neve.
A vela logo estaria pronta, não faltava quase nada para ser feita, algumas poucas ervas e a apenas a espera da lua certa, Mabelle ainda teve de deixar um cacho de seu cabelo e algumas gotas a mais de seu sangue. Grace tornou a alertar das consequências, mas para ela, mais nada valia a pena, desde que Thranduil retornasse ao seu lar e que Salém não fosse atingido. Temendo que o pequeno gato ficasse só, caso a consequência a ser paga fosse sua vida pobre e miserenta, pediu a Grace para cuidar do enorme poço de gordura. O felino já tinha mesmo o nome de um companheiro de uma bruxa, seria o companheiro perfeito para a idosa. Mas chorou ao entrar no carro.
O clima ameno que contornava a pequena cidade, não era páreo para a nuvem negra que crescia ao redor da Bernnet, ela ainda teria que encontrar com Anna naquele dia. E tudo piorou ao descer do carro e se deparar com Lorenzo, logo atrás de si.
— Qual o seu problema? — Pergunta com a mão em seu peito ofegante pelo susto, olhando aos arredores, ela não havia notado sua aproximação.
Escondeu suas mãos trêmulas, temendo que o homem alto visse, usando as chaves do para ficar entre seus dedos. Ela tinha visto isso em um vídeo qualquer no seu TikTok, então poderia usar contra ele caso tentasse algo, mesmo que estivesse em pleno dia e no meio da rua. Não seria a primeira vez que ele tentaria machucá-la em meio às pessoas. Lorenzo sabia que nada aconteceria com ele, se ela fosse ferida por suas mãos. Ele sempre vinha com um papo de bom moço preocupado, muitas vezes até ela mesma caía em suas histórias. Mas não mais, não quando seus olhos perderam a manta que os cobria, enfim o enxergando como verdadeiramente era.
